O governo da Guiné-Bissau fixou um prazo de oito dias para que os mestres e as escolas corânicas retirem as crianças talibés que praticam a mendicidade nas ruas de Bissau e em algumas cidades regionais do país, caso contrário adotará medidas pertinentes contra a referida prática que considera negativa.
O aviso foi lançado esta segunda-feira, 20 de março de 2023, pela ministra da Mulher, Família e Solidariedade Social, Maria Conceição Évora, após uma reunião entre o governo, mestres corânicos e responsáveis da União Nacional dos Imames da Guiné-Bissau, realizada no ministério do Interior.
A governante exortou os responsáveis das escolas corânicas para colaborarem cumprindo as orientações do executivo no sentido retirar as crianças das ruas, e apelou os pais para não enviarem as suas crianças para os países vizinhos, nomeadamente, o Senegal e a Gâmbia.
“Chegamos à conclusão que a mendicidade praticada pelas crianças nas ruas da capital Bissau e nos países vizinhos, para onde alguns pais enviam as crianças sob pretesto de irem apreender a ler o alcorão, deve parar porque essa prática não consta do preceitos do Islão. Tomando em consideração a preocupação do Presidente da Repúbica sobre este assunto, chegamos a um entendimento que é uma prática negativa para as crianças, porque elas são privadas dos seus direitos. Esperamos que nas próximas horas, as organizações e associações que trabalham nesse domínio emitam um comunicado para suspender a prática de mendicidade no país”, sublinhou.
Évora assegurou que medidas de segurança serão reforçadas nas fronteiras com os países vizinhos no sentido de interditar as crianças que saem do país. Adiantou que a direção geral de migração e fronteiras está na posse da lista das crianças repatriadas para a Guiné-Bissau. Contudo existem trilhos nas fronteiras que até de bicicleta as pessoas conseguem passar.
Por seu lado, o porta-voz da União Nacional dos Imames da Guiné-Bissau, Bacar Candé, informou que após a declaração do Chefe de Estado sobre a situação das crianças que mendigam nas ruas do país, houve várias interpretações sobre o assunto, razão pela qual aquela organização decidiu ter um encontro com as autoridades nacionais no sentido de tranquilizá-las, enquanto parceiro do estado, buscando saídas para acabar com a prática.
Candé disse que as palavras ou o alerta do Presidente da República são um decreto, sendo assim, chegaram à conclusão que é preciso acatar as orientações das autoridades nacionais para bem do país e da comunidade islâmica da Guiné-Bissau que também está preocupada com a situação.
Por: Aguinaldo Ampa
Conosaba/odemocratagb
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