O presidente cabo-verdiano afirmou hoje "seguir com muito interesse" a situação política em Portugal, mas notou o pouco impacto que a mudança de Governo terá nas relações bilaterais, enquanto a Guiné-Bissau manifestou tristeza pela instabilidade criada.
A secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Suzy Barbosa, afirmou-se "muito triste com a situação da política em Portugal" porque o "país colonizador" serve muitas vezes de exemplo.
"Sinceramente não esperava um desfecho, assim porque realmente as pessoas foram a votos e esperava que vá (para o Governo) o partido que venceu as eleições. Mas optaram pela solução da coligação e sinceramente acho que depende dos portugueses tomar a decisão", afirmou a governante aos jornalistas, à margem da cimeira euro-africana sobre migrações, em Malta.
Comparando com a situação na Guiné-Bissau, que elegeu recentemente um novo governo, Suzy Barbosa referiu esperar que as "pessoas respeitem a decisão do povo" e que seja aprovado o programa do executivo recém-formado.
O presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, notou a "relação muito especial" que o seu país tem com Portugal.
"São relações boas e que não se alteram muito com as mudanças dos governos. Pelo facto de ser um governo do PSD ou de uma coligação do centro direita ou do Partido Socialista, isso normalmente não tem grande impacto nas relações entre os dois Estados", considerou.
Jorge Carlos Fonseca lembrou tratar-se de um "quadro de cooperação muito previsível, muito seguro" e garantiu que Cabo Verde "respeita as opções eleitorais dos portugueses e as opções dos órgãos de soberania".
O Chefe de Estado cabo-verdiano lembrou ter "muitos amigos em Portugal", recordando nomeadamente que o líder do PS, António Costa, foi seu aluno na Faculdade de Direito de Lisboa.
"Do ponto de vista pessoal, terei sempre amigos qualquer que seja o formato governamental em Portugal", concluiu.
A moção de rejeição do PS ao Programa do XX Governo Constitucional foi aprovada na terça-feira na Assembleia da República com 123 votos favoráveis de socialistas, BE, PCP, PEV e PAN, o que implicou a demissão do executivo PSD/CDS-PP.
A moção de rejeição do PS teve 107 votos contra provenientes da totalidade dos deputados das bancadas do PSD e do CDS-PP.
A rejeição do Programa do Governo exige o voto de uma maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções, ou seja, pelo menos 116 parlamentares e, segundo o artigo 195.º da Constituição, implica a demissão do executivo, que se manterá em gestão até à posse de um novo Governo.
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