segunda-feira, 5 de outubro de 2015

«OPINIÃO» "GRITO DO MEU SILÊNCIO!" - POETA GUINEENSE, EMÍLIO LIMA


Já está mais que na hora de colocarmos a Guiné-Bissau e o seu POVO no “panteão” dourado dos supremos interesses da nação! 

Porque tinha dado uma trégua nessa batalha!? Perguntam-me vocês que eu respondo - porque sei que a violência gera violência! Vejam comigo.

Com o ecoar do martelo da Justiça achei prudente voltar à trincheira dos versos, numa trégua - vigilante, criando um ambiente favorável à reflexão profunda entre as partes, para que a saída da crise seja o mais desejado. Em 5 pontos resumo os meus motivos:

1 - Após o acórdão do Supremo Tribunal da Justiça ter dito ao presidente da república literalmente isto: "o que o senhor fez está redondamente errado (na forma e na matéria) ";

2 - Durante esta crise estive sempre em "contacto/conversações ou seja uma negociação subtil" com pessoas amigas próximas ao Presidente da República, com a única finalidade de tentar estancar um hipotético extremar de posições;

3 – Durante tais contactos que vinha mantendo com a presidência, tive garantias da pessoa muito próxima ao JOMAV, em como iriam fazer de tudo para que esta crise não descambasse para um conflito, inclusive disse ao meu interlocutor que por esse andar estaríamos a trilhar o mesmo caminho que outrora conduziu o país ao período mais trágico da nossa história, guerra de 7 de Junho! O que considero como consequência da falta de diálogo franco, tentativa de humilhar o outro e o uso abusivo do estatuto/poder/força, como queremos chamar…abriu-se assim precedentes para aquela que é, para mim, a maior escalada de violência que a Guiné-Bissau conheceu após à sua independência.

4 - Condenei e ainda condeno, com veemência, as decisões do JOMAV, pela falta de coerência entre o que tem dito e o que tem feito, p.e: ele disse, solenemente, que nunca lhe passou pela cabeça derrubar o Governo, fê-lo dias depois. 

Há quem diga que o discurso que DSP fez antes do derrube do governo, fora excessivo, ainda assim, a meu ver, Jomav deveria colocar a estabilidade governativa e nacional acima do seu ego tocado e poupar o povo e o país, pena que isso não aconteceu! Contudo, quis acreditar que ele, Presidente da República, seria capaz de recuar e tentar ser mais assertivo nas suas decisões, respeitando a vontade da maior parte da população e da comunidade internacional, quem tem arcado com os custos das petulâncias da nossa classe política, durante anos. Achei que uma eventual queda do Jomav não traria grandes ganhos para o país, antes pelo contrário, agravaria a crise, levaria o país a novas eleições, portanto, como não podemos dar propriamente a esse luxo (de organizar eleições a cada amanhecer), até porque há problemas gravíssimos em muitos países do mundo...por tudo isso, não comunguei da ideia da sua destituição a qualquer preço, pelo menos por enquanto, só por isso, não porque confio nele, aliás, JOMAV já provou por A + B que não é merecedor da minha confiança.

5 - Volto a sublinhar que as alegações do Jomav para derrubar o Governo do DSP nunca me convenceu. E digo mais, mesmo que houvesse provas da alegada corrupção, ele tinha que entregar o caso ao Ministério Público. Outra coisa que deixou-me muito triste no respetivo discurso do PR foi a tentativa de descredibilizar tudo e todos, particularmente uma das figuras de destaque e referência positiva do governo deposto, Geraldo Martins! Jomav revelou o lado mau das pessoas especialistas “na sussa tudu guinti ku lama”, como se o universo guineense não tivesse ninguém que prestasse, como se tudo fosse podre no nosso pomar. Não, não meus caros, ainda temos pessoas de referências exemplos a serem seguidos e reserva moral, sim, temos muitas pessoas excelentes e o Geraldo Martins é uma delas.

Em relação ao Eng. Domingos Simões Pereira, particularmente, gostava que a sua reação fosse mais célere, no que toca as acusações que pendiam nos ombros do Secretário de Estado das Comunidades, sobre venda dos Passaportes, infelizmente reagiu muito tarde o que deu espaço a especulações. Mas, como o caso já estava entregue a Justiça e - eu espero uma punição proporcional a gravidade do escândalo - para desencorajar a corrupção na gestão da coisa pública. Portanto, mesmo que DSP quisesse ajudar Idelfrides não teria como fazê-lo perante a solenidade e a proliferação do escândalo a escala internacional. Logo, não tenho dúvida que DSP não ia atirar para os mares o seu brilhante percurso e próspera carreira política só para proteger um membro do seu governo/partido. Se bem que durante esse escândalo o elemento facilitador podia ter sido o acusado a colocar o seu lugar a disposição, facilitaria e de que maneira a tarefa do então primeiro-ministro, é minha opinião. Com base nesses pressupostos, o sacrificado não podia ser o governo muito menos o DSP, porque o país saiu a perder e as contas virão e serão partilhadas por todos e a cada um de nós, quer estejamos a viver na guiné ou na diáspora! Por tudo isso, continuo a dar nota negativa a decisão do Jomav e grito com toda a minha força B A S T A! Já está mas que na hora de colocar a Guiné-Bissau e o seu POVO no “panteão” dourado dos supremos interesses da nação! 

Matenhas,

Emílio Tavares Lima

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