sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

OPINIÃO: “NHA BOCA CASTA LA” ROSA MARIA MARTINS GOMES!

 Alguém disse que o problema da Guiné é complexa! Que as eleições gerais agendadas para dia 16 de Março não vão resolver nada! Até posso concordar...haver vamos!
Com tudo o que DOKA publicou no seu blogue, então as coisas são mais sérias do que se pensa.
Só discordo da opinião de que o povo está a ser enganado. Eu acho que o povo da Guiné perdeu a noção da realidade há muito tempo, devidos as privações, as dificuldades, as torturas, a fome e o medo. Por isso, deixou de importar do que se passa ao seu redor.
Aquele povo que dantes era solidário, agora é: NHA BOCA CASTA LA, NÃO QUERO SABER, NÃO ME IMPORTO, I DON`T CARE, CELA NE ME REGARDE PAS, etc. etc.
Reparem nestes pormenores:
A Guiné tornou-se num país onde tudo acontece. Arbitrariedade, barbaridade, ambição, escravatura, tráfico, etc. etc. Entre o povo, os que não têm um membro de família no sistema, não singra na vida. O vizinho é inimigo do seu vizinho.
As meninas jovens saem de casa a noite e chegam de manhã com muito dinheiro. A única coisa que os pais querem saber, é que aquele dinheiro os mata a fome na família.
Se ela se engravidar, mesmo sendo adolescente, a única certeza que têm é saber que aquele homem que engravidou a filha vai lhes garantir o sustento. Não importa se é um comerciante velho, ou se está no sistema dos que escravizam o país. O que lhes interessa é ter comodidade, casa, comida, e o pai vai poder ser respeitado no grupo dos amigos. Mas é respeito ou os amigos têm medo de falar na frente dele para depois não sofrerem as consequências? A única preocupação é saber que faz parte do sistema no poder. Se tiver um cargo daqueles…ainda melhor.
Poder mostrar no bairro que tem um Genro com a viatura caríssima, e a filha tem roupas caras e ouro por todo o corpo, ainda melhor. Ir para Dakar ou Lisboa dar a luz, será o avô do ano. Fará uma festa do ano.
Mesmo sabendo que os vizinhos trabalham na função pública e não viram a cor do ordenado há vários meses, e os filhos estão a morrer de fome. A consciência patriótica, já vendeu pela comodidade.
Os irmãos que outrora eram guardiões da honra e da inocência das suas irmãs, hoje são os próprios que as vendem nas mãos dos que estão no sistema. Infelizmente têm de fazer isso para poderem sobreviver.
O vizinho vigia o seu vizinho que considera um irmão, só para ganhar alguma coisa para sua sobrevivência. A liberdade de expressão, desapareceu.
A fome, o espancamento e morte, tomaram conta do espírito dos Guineenses.
O povo deixou de importar com o que se passa no País desde que, ganhe um pouco para manter a vida de MARRASMO.
Como foi que chegamos a tal ponto? Cada um vive como pode. Aliás, não se vive. Se sobrevive. Não existe união e nem a solidariedade e nem a fraternidade. A consciência não pesa os vendidos porque, a fome e o medo, falam mais alto.
O povo deixou-se enganar, espancar, escravizar, por bandos de malfeitores por causa da cobardia e fome. Como é possível, um povo que outrora era corajoso, unido, valente, solidário e patriótico, chegar a este ponto?
Hoje cada um sabe só de si. Os outros que se danem. “NHA BOCA CASTA LA”.
O mais triste e um fato constatado é virem um inimigo potencial nos irmãos que estão a viver no estrangeiro. Quando formos ao País, somos bem recebidos logo a chegada porque ainda temos os bolsos cheios. Convidam-nos para os almoços e jantares porque somos nós a pagar. Na medida que o tempo passa e o dinheiro escasseia, desaparecem os afectos, a generosidade e o calor humano. Começam os interrogatórios: quando é que voltas? Lamentável. Ainda acham que fomos lá para os atrapalhar nos seus esquemas. Enquanto não existir harmonia, solidariedade e patriotismo, não servirá de nada fazer a Eleição.
Um País com cerca de um milhão de habitantes e tem cerca de 40 candidatos a Eleição?
Alguma coisa está errada. Cada um encontra uma forma de receber um quinhão nesse dinheiro da eleição. Não importa o resultado. Mas o povo já perguntou porquê?
Porque estar no partido ou no sistema, tornou-se numa forma de sobrevivência na Guiné. De resto, NHA BOCA CASTA LA..
Será que para se candidatar para um cargo político num País, não existe um certo requisito? Por exemplo: ter habilitações, saber expressar bem, ser dinâmico, educado, boa apresentação e certo número de candidatos por certo número de habitantes? Devia existir.
Qual foi um País na África, ou na Ásia, ou na Europa, ou então na América do norte, do sul ou central, que já apresentou 40 candidatos para a Eleição? Ainda por cima, dependendo dos outros para sobreviver. Deviam pensar nisso. A corrupção começa mesmo na candidatura.
A maternidade, a pediatria, e o centro de diagnóstico e despiste das doenças, precisam desse dinheiro. A educação e a função pública em geral, precisam desse dinheiro.
O povo deixa-se enganar, por puro comodismo.
Se realmente o Doka tem provas que documentam as atrocidades feitas na Guiné, está na hora de pedir ajuda a comunidade internacional para que seja feita justiça e reposta a lei e dignidade a esse povo modesto, já que não existe nem lei e nem justiça no País.
Isto é um caso de corrupção e genocídio.
Como nação, o povo da Guiné tem direito de ser apoiado pela justiça e pelo tribunal internacional ou não? Esta é a pergunta que todos querem fazer.
Senão, será sempre: NHA BOCA CASTA LA.



Rosa Maria Martins Gomes.

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