Alguém
disse que o problema da Guiné é complexa! Que as eleições gerais
agendadas para dia 16 de Março não vão resolver nada! Até posso
concordar...haver vamos!
Com
tudo o que DOKA publicou no seu blogue, então as coisas são mais
sérias do que se pensa.
Só
discordo da opinião de que o povo está a ser enganado. Eu acho que
o povo da Guiné perdeu a noção da realidade há muito tempo,
devidos as privações, as dificuldades, as torturas, a fome e o
medo. Por isso, deixou de importar do que se passa ao seu redor.
Aquele
povo que dantes era solidário, agora é: NHA BOCA CASTA LA, NÃO
QUERO SABER, NÃO ME IMPORTO, I DON`T CARE, CELA NE ME REGARDE PAS,
etc. etc.
Reparem
nestes pormenores:
A
Guiné tornou-se num país onde tudo acontece. Arbitrariedade,
barbaridade, ambição, escravatura, tráfico, etc. etc. Entre o
povo, os que não têm um membro de família no sistema, não singra
na vida. O vizinho é inimigo do seu vizinho.
As
meninas jovens saem de casa a noite e chegam de manhã com muito
dinheiro. A única coisa que os pais querem saber, é que aquele
dinheiro os mata a fome na família.
Se
ela se engravidar, mesmo sendo adolescente, a única certeza que têm
é saber que aquele homem que engravidou a filha vai lhes garantir o
sustento. Não importa se é um comerciante velho, ou se está no
sistema dos que escravizam o país. O que lhes interessa é ter
comodidade, casa, comida, e o pai vai poder ser respeitado no grupo
dos amigos. Mas é respeito ou os amigos têm medo de falar na frente
dele para depois não sofrerem as consequências? A única
preocupação é saber que faz parte do sistema no poder. Se tiver um
cargo daqueles…ainda melhor.
Poder
mostrar no bairro que tem um Genro com a viatura caríssima, e a
filha tem roupas caras e ouro por todo o corpo, ainda melhor. Ir para
Dakar ou Lisboa dar a luz, será o avô do ano. Fará uma festa do
ano.
Mesmo
sabendo que os vizinhos trabalham na função pública e não viram a
cor do ordenado há vários meses, e os filhos estão a morrer de
fome. A consciência patriótica, já vendeu pela comodidade.
Os
irmãos que outrora eram guardiões da honra e da inocência das suas
irmãs, hoje são os próprios que as vendem nas mãos dos que estão
no sistema. Infelizmente têm de fazer isso para poderem sobreviver.
O
vizinho vigia o seu vizinho que considera um irmão, só para ganhar
alguma coisa para sua sobrevivência. A liberdade de expressão,
desapareceu.
A
fome, o espancamento e morte, tomaram conta do espírito dos
Guineenses.
O
povo deixou de importar com o que se passa no País desde que, ganhe
um pouco para manter a vida de MARRASMO.
Como
foi que chegamos a tal ponto? Cada um vive como pode. Aliás, não se
vive. Se sobrevive. Não existe união e nem a solidariedade e nem a
fraternidade. A consciência não pesa os vendidos porque, a fome e o
medo, falam mais alto.
O
povo deixou-se enganar, espancar, escravizar, por bandos de
malfeitores por causa da cobardia e fome. Como é possível, um povo
que outrora era corajoso, unido, valente, solidário e patriótico,
chegar a este ponto?
Hoje
cada um sabe só de si. Os outros que se danem. “NHA BOCA CASTA
LA”.
O
mais triste e um fato constatado é virem um inimigo potencial nos
irmãos que estão a viver no estrangeiro. Quando formos ao País,
somos bem recebidos logo a chegada porque ainda temos os bolsos
cheios. Convidam-nos para os almoços e jantares porque somos nós a
pagar. Na medida que o tempo passa e o dinheiro escasseia,
desaparecem os afectos, a generosidade e o calor humano. Começam os
interrogatórios: quando é que voltas? Lamentável. Ainda acham que
fomos lá para os atrapalhar nos seus esquemas. Enquanto não existir
harmonia, solidariedade e patriotismo, não servirá de nada fazer a
Eleição.
Um
País com cerca de um milhão de habitantes e tem cerca de 40
candidatos a Eleição?
Alguma
coisa está errada. Cada um encontra uma forma de receber um quinhão
nesse dinheiro da eleição. Não importa o resultado. Mas o povo já
perguntou porquê?
Porque
estar no partido ou no sistema, tornou-se numa forma de sobrevivência
na Guiné. De resto, NHA BOCA CASTA LA..
Será
que para se candidatar para um cargo político num País, não existe
um certo requisito? Por exemplo: ter habilitações, saber expressar
bem, ser dinâmico, educado, boa apresentação e certo número de
candidatos por certo número de habitantes? Devia existir.
Qual
foi um País na África, ou na Ásia, ou na Europa, ou então na
América do norte, do sul ou central, que já apresentou 40
candidatos para a Eleição? Ainda por cima, dependendo dos outros
para sobreviver. Deviam pensar nisso. A corrupção começa mesmo na
candidatura.
A
maternidade, a pediatria, e o centro de diagnóstico e despiste das
doenças, precisam desse dinheiro. A educação e a função pública
em geral, precisam desse dinheiro.
O
povo deixa-se enganar, por puro comodismo.
Se
realmente o Doka tem provas que documentam as atrocidades feitas na
Guiné, está na hora de pedir ajuda a comunidade internacional para
que seja feita justiça e reposta a lei e dignidade a esse povo
modesto, já que não existe nem lei e nem justiça no País.
Isto
é um caso de corrupção e genocídio.
Como
nação, o povo da Guiné tem direito de ser apoiado pela justiça e
pelo tribunal internacional ou não? Esta é a pergunta que todos
querem fazer.
Senão,
será sempre: NHA BOCA CASTA LA.
Rosa Maria Martins Gomes.
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