Sua Excelência Senhor Primeiro-Ministro, Braima Camará, recebeu em audiência, no Palácio do Governo, uma delegação do Sindicato de Base do Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM), no quadro das preocupações manifestadas pela organização sindical relativamente às condições de funcionamento do principal hospital público do país e à greve recentemente anunciada.
Durante o encontro, o Chefe do Executivo começou por agradecer o gesto de diálogo do sindicato, sublinhando o espírito de abertura e de busca de soluções que tem pautado a ação do seu Governo.
> “Quero agradecer o vosso gesto. Não estou aqui para fazer justiça, mas para buscar soluções. Interrompi uma missão especial para acompanhar de perto esta situação de greve. Sou um Primeiro-Ministro que veste um fato macaco, disposto a trabalhar ao lado do povo para resolver os problemas reais”, afirmou Braima Camará.
O Primeiro-Ministro manifestou preocupação com a forma como a manifestação foi conduzida, considerando-a “um ato insólito e chocante”, por ter ocorrido dentro das instalações hospitalares.
> “Sempre me mostrei disponível ao diálogo. É conversando que encontramos as melhores vias e soluções. Sou pragmático e realista: não posso resolver tudo, mas farei o possível e o que for concretamente exequível. Apenas não gostei de ver uma manifestação sindical dentro do recinto do Hospital Nacional Simão Mendes”, acrescentou o Chefe do Governo.
O Primeiro-Ministro, Braima Camará recordou que o Governo já deu passos importantes no sentido de resolver as preocupações laborais no setor da saúde, nomeadamente através de reuniões com a Frente Social, onde foram encontradas soluções razoáveis que resultaram no compromisso do Executivo em cumprir parte dos salários e subsídios em atraso.
> “Quero ser alguém que sonha com a resolução dos problemas de índole social. Já iniciámos um caminho de diálogo e responsabilidade”, concluiu o Primeiro-Ministro.
Por sua vez, o Presidente do Sindicato de Base do HNSM, Iburaimi Sambu, explicou que as reivindicações apresentadas não têm caráter político, mas humanitário, uma vez que visam garantir melhores condições para salvar vidas e assegurar o bom funcionamento do hospital.
> “As nossas reivindicações são a favor dos doentes. As reuniões anteriores com representantes do Governo não tiveram seguimento e os pontos acordados não foram cumpridos. O pagamento de salários e subsídios continua em atraso, e, perante o incumprimento reiterado, fomos obrigados a enviar um aviso de greve”, declarou Iburaimi Sambu.
A dirigente sindical Mariama Baldé, Presidente da Equipa Negocial, pediu desculpas pelo facto de a vigília ter decorrido dentro do hospital, justificando tal ato com o receio de uma intervenção policial. Denunciou ainda a existência de casos de corrupção no seio da Administração do HNSM e entre alguns médicos que, segundo afirmou, procedem a cobranças ilegítimas como se exercessem numa clínica privada.
Outra representante sindical, Mariama Baldé, manifestou frustração perante o incumprimento das reivindicações, dizendo que parte do pessoal começa a duvidar da sinceridade do processo negocial.
> “O sentimento geral é de desconfiança, como se estivéssemos a ser traídos ou subornados para facilitar a vida à Direção do Hospital”, lamentou.
O Diretor Clínico do Hospital Nacional "Simão Mendes", Dr. Abel Matar da Silva, denunciou que as verbas mensais de apoio financeiro destinadas ao HNSM e disponibilizadas pelo Ministério das Finanças nem sempre são cumpridas integralmente, havendo meses em que os fundos não chegam ao hospital, o que agrava as dificuldades operacionais.
O Sindicato de Base apresentou ainda uma lista de medidas urgentes a adotar, sobretudo em matéria de materiais hospitalares, equipamentos e obras de reabilitação, indispensáveis para garantir o mínimo de funcionalidade e dignidade no atendimento aos doentes.
Em resposta, o Chefe do Executivo assegurou que o Governo tudo fará para suprir essas necessidades, dentro das possibilidades financeiras do país, e que todos os pontos levantados pelo Sindicato de Base serão analisados com o máximo empenho.
> “O Governo vai tentar responder a essas preocupações de forma responsável e realista. Faremos todos os esforços possíveis, porque os setores da saúde e da educação são áreas prioritárias e nucleares para Sua Excelência o Senhor Presidente da República e Comandante Supremo das Forças de Defesa e Segurança, General Úmaro Sissoco Embaló. O Executivo sob minha responsabilidade tudo fará para garantir que essas superiores orientações, que também partilho, tenham o nosso total e completo apoio”, concluiu o Primeiro-Ministro Braima Camará.
O Ministro da Saúde acrescentou, por fim, que, face às denúncias apresentadas, já foram remetidos relatórios à Polícia Judiciária para averiguações e que o Governo aguarda os resultados das investigações para tomar as medidas adequadas.
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