quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Problema da falta de energia resolvido “temporariamente” em Bissau – Governo

O fornecimento de energia à Guiné-Bissau foi retomado, na quarta-feira, mas o problema está resolvido apenas "temporariamente", disse hoje à Lusa o ministro da Energia, Issuf Baldé.

A capital do país e arredores estiveram dois dias sem eletricidade porque a empresa turca Karpower, proprietária do barco que produz e distribui a energia cortou, à meia-noite de terça-feira, o fornecimento, reclamando pagamento de uma dívida de 15 milhões de euros.

Depois de duas noites às escuras, a população voltou a ter luz no final da tarde de quarta-feira, mas o ministro da tutela diz que o problema está apenas resolvido "temporariamente".

O que está em causa é o contrato entre o Estado da Guiné-Bissau e a empresa turca, como explicou à Lusa, à entrada para o Conselho de Ministros de hoje, frisando que "é muito difícil de cumprir".

"Tem custos elevadíssimos", vincou e, por isso, o governante diz que não pode garantir que o problema está resolvido.

"Vou dizer 'temporariamente' porque o contrato que se fez é um contrato muito difícil de cumprir", declarou.

O país. que tinha eletricidade através de geradores, celebrou, em 2018, com a empresa turca Karpower um contrato para fornecimento de energia a partir de uma plataforma (um barco) que se encontra ao largo de Bissau.

O barco passou a ser a única fonte de energia e segundo o ministro, o contrato feito naquela ocasião "era exequível", contudo foram feitas adendas que o tornaram demasiado oneroso, com um custo de três milhões de dólares por mês para a empresa pública guineense Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau (EAGB).

"A empresa não consegue pagar três milhões de dólares por mês e estamos a tentar com a Karpower (a dona do barco) a ver se conseguimos renegociar esse contrato e ver se é possível reduzir os custos", explicou o governante.

O contrato inicial previa o fornecimento de 17 megawatts à Guiné-Bissau, mas com as novas adendas o país passou a pagar 30 megawatts que não tem capacidade nem infraestruturas para consumir, segundo o atual Governo em funções desde agosto.

Issuf Baldé disse hoje à Lusa que herdou uma dívida de 15 milhões de dólares e que a Karpower começou por pedir para que o Governo fizesse um plano de pagamento.

"Mais tarde disse que não, que não queria o plano, queria o pagamento do valor em dívida, os dez milhões", indicou.

O Governo guineense conseguiu pagar 6,6 milhões de dólares e a parte restante dos dez milhões, ficou assegurada por "uma garantia bancária", o que permitiu resolver o problema temporariamente e retomar o fornecimento de energia.

"A parte restante dos dez milhões tem que ser em 15 dias", foi o acordado, mas o ministro diz que vão "negociar porque não é fácil".

"O país é pequeno, é pobre para pagar tanto em poucos dias, vamos ter que negociar", afirmou.

O ministro da Energia disse ainda que "há uma semana" recebeu uma carta a dizer que o preço do contrato vai aumentar, com a subida da energia fornecida de 30 megawatts para 40.

"Torna mais complicado ainda. Nós não precisamos de tanta energia, nem temos dinheiro para comprar, nem as infraestruturas estão adequadas para receber tanta energia, nem o próprio barco tem essa capacidade instalada.

"Temos que negociar", reiterou o ministro, frisando que o problema reside precisamente nas disparidades do contrato de fornecimento de energia.

Conosaba/Lusa

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