A Guiné-Bissau deve investir na educação, reforçar a governação e melhorar o clima empresarial, recomenda o Banco Mundial em dois relatórios que vão ser apresentados na sexta-feira, em Bissau.
"Com um historial de instabilidade política, a Guiné-Bissau é caraterizada por fragilidade institucional, por uma fraca base de capital humano, por um setor privado ausente, e por uma economia pouco diversificada, altamente vulnerável a choques e dependente de uma única cultura de caju", refere o Banco Mundial, em comunicado hoje divulgado à imprensa.
A instituição de Bretton Woods apresenta na sexta-feira, numa unidade hoteleira em Bissau, o "Economic Update" e o "Country Economic Memorandum", que fazem uma "visão abrangente" do setor económico da Guiné-Bissau e dão recomendações para "estimular uma rápida recuperar e apoiar um crescimento sustentável inclusivo".
"Apesar de ter a maior proporção de riqueza natural 'per capita' da África Ocidental, a pobreza e a desigualdade permanecem elevadas na Guiné-Bissau. Após o desaceleramento económico do país em 2022, dois terços da população vivem abaixo do limiar internacional da pobreza de 1,90 dólares por dia, e um terço vive em extrema pobreza, com 1,25 dólares ou menos por dia", salienta-se no comunicado.
Citada no documento, a representante do Banco Mundial em Bissau, Anne-Lucie Lefebvre, refere que a pandemia da covid-19 e o impacto da guerra entre a Rússia e Ucrânia "revelaram as vulnerabilidades da economia do país a choques externos".
"É importante que a Guiné-Bissau implemente reformas estruturais a médio prazo para apoiar a recuperação económica e melhorar o capital humano e os indicadores de igualdade de género, reforçando a resiliência do país", sublinha Anne-Lucie Lefebvre.
Segundo o Banco Mundial, a inflação no país "mais do que duplicou" em 2022, devido aos "elevados custos das importações de alimentos e energia, que limitaram o consumo privado e contribuíram para um crescimento económico mais lento".
"O fraco desempenho das exportações de caju tem limitado as receitas fiscais e as despesas correntes mais elevadas do que o esperado, especialmente nas contas salariais, levaram a um elevado défice fiscal e a um aumento da dívida", refere o Banco Mundial.
A organização salienta que as "autoridades estão empenhadas na consolidação fiscal" e que apesar da fraca campanha de comercialização do caju em 2022 esperam que este ano a "campanha seja forte e apoie um crescimento económico real de 4,5%".
"Os dividendos do capital humano para a Guiné-Bissau incluem uma melhor governação e prestação de serviços públicos, novas fontes de geração de rendimentos, criação de emprego e diversificação económica, bem como o desenvolvimento de uma mão-de-obra competitiva e melhores oportunidades para meninas e mulheres", disse Patrick McCartney, economista do Banco Mundial e principal autor do "Economic Update".
Theo Thomas, gestor do Banco Mundial para a Macroeconomia, Comércio e Investimento na África Ocidental e Central, defendeu a necessidade de uma consolidação fiscal gradual.
"A consolidação fiscal deve concentrar-se na racionalização da despesa, especialmente na massa salarial, na melhoria das receitas e na gestão da dívida, e em reformas estruturais fundamentais, particularmente no setor das empresas estatais, para expandir a prestação de serviços e atuar como uma força motriz importante da diversificação económica", disse.
Conosaba/Lusa
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