QUEM AMA TEM QUE DIZER
o contrário é falso, sabe-o quem ama
o próximo, semeando afectos, colhendo
frutos variados, no ideal d’Amor surdo,
mudo e cego, sem saber porquê
leva e traz nas entre curvas do corpo aberto,
penetrando no coração desejado, pura telepatia
erótica, com raízes profundas nas palavras
passeando juntos na tua cabeça, neste pacto
tenho-te como um brilho de paixão, a tua voz
sussurrada, soletrando léxico submerso em lágrimas,
choro de felicidade, há silêncio, nada resiste, a paixão
que empurra como na gravidez, anunciando amor
sem receios e, colados num só segredo
encaixa como gémeos, entre o céu e o chão da casa
são anjos sem asas, perguntam o que o corpo tem para dar,
se há lugar à paixão, onde o Amor não evapora
deixando semente na terra, fingindo amar amargo de fel,
violando o segredo se quando se ama tem que se dizer!?
E se o Amor morre, morre calado com tudo frio
há nada, e não estamos mais aqui, em silêncio
só corpos deambulando, vazios, pela fuga de almas
lá longe, perto do infinito lembrando desamor,
lágrimas de separação, solidão, onde paira o medo
de arriscar, no risco que separa amor e desejos da carne
à entrega do corpo em segredo dos anjos , tocados
como nós, coisas que só o coração sabe, inexplicável
quando acontece este flash, dispara e faz tremer
o chão debaixo dos pés, soltam-se vozes quentes
do imaginário erótico, se se ama tem que se dizer
quase tudo, o que aquece, arrefece mais tarde
já o mercúrio é outro, sem darmos conta
a vida acontece, nua e crua…
Filomeno Pina.
Sem comentários:
Enviar um comentário