Por: Mussá Baldé
Bissau,
09 dez (Lusa) - Os jovens desesperam com o "andamento lento" do
recenseamento eleitoral na Guiné-Bissau, que após nove dias atingiu pouco mais
que dez mil pessoas num universo potencial de 800 mil, disse à Lusa fonte
ligada ao processo.
A
agência Lusa percorreu hoje os bairros de Pluba, Djogoró, Antula e São Paulo,
nos arredores de Bissau e em mais de duas horas apenas encontrou uma mesa de
recenseamento, no bairro de Ajuda.
Debaixo
de uma árvore e na varanda de uma casa, a Lusa assistiu ao recenseamento de
eleitores do distrito 49, circulo eleitoral 27.
No
local, com sinais de cansaço, um grupo de mulheres idosas estava sentado ao
lado dos agentes de recenseamento e de pé, em fila indiana, estavam cerca de 10
jovens que aguardavam a vez para serem chamados.
Com
idades compreendidas entre os 18 e 20 anos, os jovens dizem que estão
determinados em se inscreverem pela primeira vez para que possam votar nas
eleições de 16 de março.
De
bilhete de identidade na mão e em fila indiana, os jovens acusam os agentes de
recenseamento de serem lentos.
Em
jeito de brincadeira, alguns têm recorrido às redes sociais na Internet para aí
colocarem "anúncios" a perguntarem pelo paradeiro dos agentes do
recenseamento.
A
jovem Djenabu Baldé anunciou no Facebook que "oferece recompensa" a
quem a consegue indicar onde estará uma mesa de recenseamento em qualquer
bairro de Bissau.
No
bairro de Ajuda, o jovem Daniel Emanuel Gomes, de 20 anos, diz que está na fila
desde às 07:00, mas há quatro dias que procura por uma mesa do recenseamento.
Tal
como os restantes no grupo de amigos, é a primeira vez que vai votar, daí a
determinação em se recensear.
"Há
quatro dias que estou atrás deles [dos agentes do recenseamento], mas não
consigo ser recenseado", afirmou o jovem Emanuel Gomes, que não aceita a
argumentação de que os jovens devem dar primazia aos idosos na fila para o
recenseamento.
Os
jovens não querem deixar passar os idosos porque, dizem, os agentes de
recenseamento "estão a meter pessoas amigas" à frente, na fila.
Acusam
ainda os mesmos agentes de estarem a "privilegiar também" os
residentes de casas onde estão instaladas as mesas.
Por
este facto, houve confusão no domingo no bairro de Ajuda ao ponto de o
recenseamento ser interrompido com intervenção de autoridades.
Hoje,
para evitar que haja desentendimentos, o jovem Deu Gomes levantou-se cedo e
antes da chegada dos agentes e dos eleitores, começou a registar numa folha de
papel os nomes das pessoas conforme a chegada.
"Registei
267 pessoas. Assim não haverá confusão, conforme a chegada, as pessoas são
inscritas e chamadas para serem recenseadas", disse Deu Gomes, assinalando
que das 09:00 às 14:30 horas foram recenseadas 20 pessoas.
Deu
Gomes diz que não tem havido confusão mas que há "uma certa lentidão"
porque em vez dos anunciados três minutos cada eleitor só é recenseado passados
12 ou 14 minutos.
Por
este andar, diz Alberto Nambeia, presidente do Partido da Renovação Social
(PRS), principal partido da oposição, "talvez só daqui há quatro
meses" é que estarão recenseados os 800 mil potenciais eleitores.
Nambeia
falava durante uma ação realizada no sábado, no sul do país.
O
líder do PRS já disse não admitir o adiamento das eleições gerais marcadas para
16 de março.
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