Quintino Gomes, especialista em agronomia, defendeu que é fundamental os agricultores usarem sempre medidas preventivas, utilizando pulverizadores para combater insetos sugadores de flores, segundo a sua explicação, a pulverização “é um dos cuidados culturais que se devem ter em consideração” neste período que as plantações de cajú florescem.
“Podar plantas é uma das medidas preventivas também. A bombagem das plantas deve ser antes da floração ou depois da colheita, porque fazê-lo no período da floração pode secar as flores. A poda de rejuvenescimento é fundamental quando a planta atinge uma altura de dois metros. É importante eliminar as primeiras folhas e ramos velhos para que possa desenvolver e dar frutos bons. O cajueiro é uma planta de ciclo curto e começa a dar frutos em três anos e a cada ano produz uma quantidade diferente da anterior com o gráfico sempre a subir, apenas aos dezessete anos começa a cair de produção. A podagem tem de ser um processo estratégico, organizado e seletivo, para permitir fazer boas colheitas”, aconselhou o especialista, na entrevista ao Jornal O Democrata para falar dos cuidados necessários nesta altura que os cajueiros estão a tirar flores, bem como da poeira que se regista neste momento e que constitui uma enorme preocupação para os agricultores, dado que seca as flores.
“LIMPAR OS POMARES DE CAJÚ NESTES PERÍODOS É PROTEGÊ-LOS DE MUITOS FENÓMENOS E DA QUEIMADA”
Instado a pronunciar-se sobre efeitos da poeira e ventos que se registam neste momento um pouco por todo o país, Quintino Gomes admitiu que se trata de fenómenos naturais, com a origem no Sahara Ocidental que aparece no período da floração de pomares de cajú e mangas, mas defendeu que é importante fazer plantações de para-ventos nos pomares de cajú e nas outras plantações.
“Se a poeira invadir as plantações, secam as flores. A título de exemplo, no interior do país, é frequente encontrar as flores das plantações que ficam na berma das estradas de terraplenagem secas, devido ao efeito da poeira e é a mesmíssima coisa que acontece com a poeira que vem do Shara Ocidental. É um fenómeno natural que o homem não pode controlar ou barrar, apenas medidas preventivas podem ajudar a salvar os pomares e outras plantações”, afirmou.
“A poeira e evento são dois fenómenos que nenhum homem pode travar”, frisou e recomendou aos agricultores a adotarem, por isso, novas práticas de plantação de árvores de grande porte à volta dos pomares de cajú, pelo menos, de 10 a 20 metros, para proteger as suas plantações da poeira e de outros fenómenos naturais.
Em entrevista à Rádio Popular para falar dos métodos, cuidados culturais e medidas preventivas que os agricultores devem ter antes, no período da campanha e depois da colheita, períodos críticos em que as plantações são vulneráveis aos fenómenos naturais, Quintino Gomes recomendou que se faça plantações em áreas de plantas de 15 metros de altura à volta da linha dos pomares para servir de pára-vento.
Recomendou, neste particular, a escolha de plantas que tenham “copa grande”, porque “um agricultor nunca deve ignorar essa técnica”.
Quintino Gomes aconselhou os agricultores a adotarem também medidas preventivas, como a limpeza dos pomares de cajú nos períodos críticos e de ventos e da poeira.
O especialista em agricultura realçou a importância económica da castanha de cajú na economia do país, que não beneficia apenas os agricultores, mas todos os cidadãos, incluindo os operadores económicos e intermediários, razão pela qual defendeu que deve ser tratada adequadamente do início ao fim.
“A plantação da castanha de cajú não se faz de forma aleatória. Requer não só uma escolha acertada de boas sementes das castanhas germináveis, mas também boas variedades, castanhas grandes”, disse, alertando que há duas possibilidades de fazer a plantação da castanha, direta ou através de viveiros, mas não aconselha que os agricultores continuem a fazer plantações diretas, por serem mais económicas ou fáceis.
“O viveiro é o método mais eficaz. Colocar uma semente direto ao solo é vulnerável, pode ser estragada por esquilos ou outros animais, logo que germinar. Isto pode custar muito trabalho, plantar duas ou mais vezes as sementes num só lugar. Por isso aconselho que os agricultores adotem essa prática de viveiros, usando sacos plásticos ou caixas vazias de vinhos. Se a planta germinar e tiver duas ou três folhas e quarenta centímetros, poderá ser plantada em segurança sem riscos de enfrentar ataques dos esquilos ou outros animais”, afirmou.
Quintino Gomes alertou que todo esse processo requer uma piquetagem, um processo de medir, alinhamento de terreno, que permita localizar terrenos ou lugares onde se pretende colocar uma planta, pois ajuda a fazer o amarramento do terreno ao levantamento topográfico em locais onde não haja uma rede de referência cadastral.
“Não podemos continuar a fazer plantações de pomares de cajú de forma empírica ou como se estivéssemos a plantar o arroz na bolanha. Temos que apostar nas técnicas modernas, alinhar o terreno, marcar uma distância, um compasso. Temos duas opções, uma distância entre plantas e entre as linhas. Entre as plantas, recomenda-se, atualmente, que seja uma distância de oito metros e entre linha sete metros ou oito por oito, constituindo um talhão, mas terá que ser de forma retangular”, detalhou.
O engenheiro agrónomo afirmou que esta técnica permite cultivar no meio de pomares de cajú outras plantações como: mancarra, feijão, abóbora, mandioca, batata, etc e o passo a seguir será o tratamento da planta, através de um processo chamado cuidado cultural, pois os pomares de cajú não precisam de muita água no seu processo de desenvolvimento, apenas da vegetação cultural, limpeza recorrente dos pomares nos meados de novembro e dezembro de cada ano, não no mês de abril como muitos fazem e continuam a fazer.
“Se limparmos os pomares de cajú nestes períodos, estaremos a proteger os pomares de muitos fenómenos, mesmo se houver queimadas, a combustão será lenta e pode não atingir nenhuma plantação, sobretudo se os pomares forem grandes. Às vezes regista-se muitas queimadas nas plantações por negligência dos próprios agricultores, porque a limpeza tem de ser consistente e que garanta a segurança às plantações. Os agricultores têm que orientar a sua atuação com base nas orientações dos técnicos da área ou pedir recomendações, se tiverem dificuldades ou falta de informações. Para-fogos de dois metros são uma brincadeira”, criticou, para de seguida informar que o ideal seriam 10 metros rente ao chão, limpo, a volta de todo o pomar.
O agrónomo defendeu que é fundamental os agricultores usarem sempre medidas preventivas, utilizando pulverizadores para combater os insetos sugadores de flores.
“É um dos cuidados culturais que se deve ter em consideração”.
“Podar as plantas é uma das medidas preventivas também. A bombagem das plantas deve ser antes da floração ou depois da colheita, porque fazê-lo no período da floração pode secar as flores. A poda de rejuvenescimento é fundamental quando a planta atinge uma altura de dois metros. É importante eliminar as primeiras folhas e ramos velhos para que possa desenvolver e dar frutos bons. O cajueiro é uma planta de ciclo curto e começa a dar frutos em três anos e a cada ano produz uma quantidade diferente do anterior com o gráfico sempre a subir. Apenas aos dezessete anos começa a cair de produção. A podagem tem de ser um processo estratégico, organizado e seletivo, não de vez enquando para permitir fazer boas colheitas”, indicou.
Por: Filomeno Sambú
Conosaba/odemocratagb
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