Camaradas,
Há dias no uso da minha liberdade enquanto cidadão e dirigente do PAIGC, e preocupado com os contornos que a situação política actual poderá tomar, trouxe a público um debate que a meu ver não se deve circunscrever apenas dentro do Salão Nobre Amílcar Cabral, sede do Partido, porque como disse e bem, o PAIGC é um partido do povo, para o povo e com o povo.
Numa das passagens da minha intervenção, pedi e reitero aqui, a demissão do líder, Eng. Domingos Simões Pereira, não por ter algo pessoal contra ele, mas por sermos todos do partido representante dos anseios e aspirações deste martirizado povo.
Pessoalmente, tenho o maior respeito e consideração pelo Eng. Domingos Simões, líder do nosso grande partido, aliás fizemos uma trajetória política juntos. Vejo e revejo nele muitas qualidades políticas nomeadamente a sua convicção, determinação e coragem. Contudo temos que admitir, que estamos perante mais uma estratégia falhada ao procurar alianças externas em detrimento de largos consensos internos, dentro partido, pondo em causa mais uma vez as conquistas do partido.
Por iniciativa própria e do seu interesse pessoal criou uma aliança desnecessária com o PRS e o PTG, sem discussão e aprovação nos órgãos do partido, com o único propósito de granjear o eventual apoio destes partidos na sua candidatura para as próximas eleições presidenciais.
O argumento utilizado para justificar esta aliança é de que com estes partidos a coligação teria maior possibilidade de viabilizar os projetos ou propostas de carácter legislativo na Assembleia Nacional Popular. O que a meu ver não é um argumento totalmente verdadeiro porquanto a Coligação PAI TERRA RANKA dispõe de maioria absoluta confortável para viabilizar qualquer que seja projeto ou proposta de qualquer que seja lei, salvo a Constituição da República ou algumas leis de carácter reforçada que exigem uma maioria de dois terços.
O momento mostra-nos que a aliança que nos foi imposta está a ser um total fiasco, porque um dos dois partidos da aliança já mudou de carruagem o outro ainda não se pronunciou oficialmente.
Infelizmente, há quem entenda que a culpa mais uma vez tem que morrer solteira e ninguém terá que ser responsabilizado. Na minha visão política, qualquer ato político merece um escrutínio e devem ser assacadas eventuais consequências políticas considerando os prejuízos incalculáveis para o partido e para milhares e milhares de militantes e simpatizantes.
Não podemos continuar a pontar o dedo para fora sobre o nosso falhanço interno. E o dilema que obrigatoriamente teremos que ter a coragem de enfrentar e responder é a de: Salvar o Partido ou Salvar o Presidente do partido?
Saudações Revolucionárias
João Bernardo Vieira
Membro do Bureau Político do PAIGC
Bissau, 16 de Dezembro de 2023
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