O encontro entre o presidente de Moçambique e Venâncio Mondlane, que ficou em segundo lugar nas eleições de outubro e não reconhece os resultados, acontece depois de meses de contestação nas ruas.
O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane justificou esta segunda-feira a reunião de domingo com o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, para procurar uma "solução nacional" face às necessidades do país.
"Em busca de uma solução nacional para o grito de socorro da população em relação à situação de insegurança extrema em que o país se encontrava, mantivemos um encontro com o chefe do Governo, Daniel Francisco Chapo (...) para iniciar um processo mútuo para responder aos apelos e anseios do povo Moçambicano", escreveu Venâncio Mondlane, na sua página oficial na rede social Facebook.
O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, reuniu-se este domingo com o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane para "discutir soluções face aos desafios que o país enfrenta", anunciou durante a madrugada a Presidência da República.
Em comunicado, a Presidência explica que o encontro, o primeiro entre os dois, divulgado publicamente depois do início da contestação nas ruas que se seguiu às eleições gerais de 09 de outubro, aconteceu em Maputo e inseriu-se "no esforço contínuo de promover a estabilidade nacional e reforçar o compromisso com a reconciliação e a unidade dos moçambicanos".
"A resolução da crise pós-eleitoral e o fortalecimento do Estado democrático são metas prioritárias para garantir um país mais justo e inclusivo. O gesto do Presidente da República de dialogar com Venâncio Mondlane simboliza a vontade de construir pontes e promover um diálogo aberto e construtivo. A disponibilidade para discutir soluções comuns representa ainda um avanço significativo na busca por um Moçambique pacificado, unido e comprometido com o progresso coletivo", acrescenta o comunicado.
Igualmente durante a madrugada desta segunda-feira, o chefe de Estado publicou na sua conta oficial na rede social Facebook uma fotografia do encontro com Venâncio Mondlane, escrevendo: "Diálogo, diálogo, diálogo. Nossa missão, nossa prioridade".
De acordo com o comunicado da Presidência da República, este encontro "reforça a necessidade de aprofundar a reconciliação e consolidar um ambiente político estável, essencial para o desenvolvimento socioeconómico do país".
"O diálogo entre as diversas forças políticas e sociais é um passo determinante para restaurar a confiança nas instituições e garantir um futuro harmonioso para todos os moçambicanos. Guiado pelos princípios do Estado de Direito, do respeito pelos Direitos Humanos e dos interesses superiores do povo moçambicano, o Governo continua a promover esforços para consolidar a paz e a estabilidade", refere ainda.
O encontro entre Daniel Chapo, eleito Presidente da República, e Venâncio Mondlane, que ficou em segundo lugar embora não reconheça os resultados oficiais das eleições gerais de 09 de outubro, aconteceu poucas semanas depois da assinatura, em Maputo, no dia 05 de março, do Compromisso Político para um Diálogo Nacional Inclusivo entre o Presidente da República e nove formações políticas que "participaram nas sessões de diálogo político até então realizadas", recorda a Presidência.
"Este compromisso visa estabelecer princípios e diretrizes para um diálogo nacional inclusivo, abordando questões essenciais como a revisão constitucional e a governação", explica ainda, sublinhando que se aguarda a aprovação do documento pela Assembleia da República.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique aplicou em 11 de março a medida de termo de identidade e residência a Venâncio Mondlane, num processo em que o Ministério Público acusa o político de incitação à violência nas manifestações pós-eleitorais, em que já morreram, desde 21 de outubro, cerca de 360 pessoas.
Conosaba/Lusa