O governo da Guiné-Bissau anunciou que a decisão de encerrar imediatamente as delegações da imprensa portuguesa no país, nomeadamente a RTP, a RDP e a agência Lusa, é uma decisão interna. Segundo o Executivo.
As informações foram avançadas, hoje (15), pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, após um encontro de trabalho com organismos internacionais, onde foram discutidos os avanços para a realização das eleições previstas para novembro.
Carlos Pinto afirmou ainda ter conhecimento de um comunicado emitido em Portugal, mas disse que esse documento também não apresenta fundamentação clara sobre a decisão tomada pelo governo guineense.
De acordo com informações recolhidas, os representantes dos órgãos portugueses foram notificados a abandonar a Guiné-Bissau até domingo, 19 de agosto.
Questionado sobre o possível impacto da decisão nas relações bilaterais, o chefe da diplomacia guineense declarou esperar que cada assunto seja tratado no fórum próprio.
Entretanto, o primeiro-ministro guineense, Braima Camará, afirmou que o governo continua aberto ao diálogo, mas reforçou que a soberania nacional deve ser respeitada.
Em Lisboa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal reagiu à suspensão das atividades das empresas de comunicação portuguesas na Guiné-Bissau, anunciando que irá solicitar explicações formais ao governo guineense sobre a expulsão da Lusa, RTP e RDP.
LGDH EXIGE A REVOGAÇÃO IMEDIATA DA DECISÃO
Também em reação, a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) condenou veementemente a medida, considerando-a ilegal e atentatória ao Estado de Direito.
Em nota à qual a Rádio Sol Mansi teve acesso, a LGDH afirma que este ato "não é isolado", mas sim "o culminar de um longo processo de ataques hostis contra órgãos de comunicação social com linha editorial independente, tanto portugueses quanto nacionais".
A nota acrescenta que "trata-se não só de uma agressão aberta e sem disfarces à liberdade de imprensa, mas também de um passo sombrio e vergonhoso que rompe com os valores universais dos direitos humanos e ignora flagrantemente as normas internacionais que protegem o direito à informação".
A organização sustenta ainda que "este gesto desnuda uma determinação absoluta em silenciar a imprensa livre e esmagar, com mão pesada, a voz crítica e o olhar vigilante que sustentam uma sociedade democrática".
A LGDH alerta para o caminho “extremamente perigoso” que o regime "autoritário" está a trilhar, arrastando a Guiné-Bissau para um "abismo de consequências imprevisíveis e potencialmente catastróficas", que colocam em risco a democracia, os direitos humanos e a própria sobrevivência do Estado.
A LGDH exige a reposição imediata das condições para o livre exercício da atividade jornalística e insta o regime a abandonar os "passos perigosos" que conduzem à opacidade, ao autoritarismo e à destruição das liberdades civis.
RSM: 15 08 2025

Sem comentários:
Enviar um comentário