sábado, 23 de agosto de 2025

Netanyahu nega existência de fome em Gaza e acusa ONU de mentir


O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, em Jerusalém

“Uma mentira descarada” foi assim que o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu reagiu ao relatório das Nações Unidas que declara oficialmente fome em Gaza. Netanyahu fala em carências “temporárias” fruto dos “roubos sistemáticos da ajuda” por parte do Hamas.

As Nações Unidas ONU declararam oficialmente, esta sexta-feira, 22 de Agosto, a existência de fome em Gaza. Posição diferente tem o executivo israelita, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cujo Governo ameaça destruir totalmente a cidade de Gaza caso o movimento islamista palestiniano não aceite a paz nos termos israelitas, denuncia uma “mentira descarada” e acrescentou, num comunicado citado pela agência de notícias France-Presse, que “Israel não tem uma política de fome. Israel tem uma política de prevenção da fome”.

Netanyahu atribui, ainda, a responsabilidade pela escassez alimentar ao Hamas, pelos “roubos sistemáticos da ajuda humanitária para financiar a sua máquina de guerra” e ressalvou que "os únicos que estão deliberadamente a passar fome em Gaza são os reféns israelitas” do Hamas, raptados durante o ataque de 07 de Outubro de 2023, no sul de Israel.

O líder do executivo de Telavive disse também que o relatório da ONU “ignora os esforços humanitários de Israel”.

A ONU declarou, esta sexta-feira, a fome em parte da Faixa de Gaza e sublinhou que a situação podia ter sido evitada se não fosse “a obstrução sistemática de Israel”. A declaração de fome na província de Gaza foi emitida pelo do Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC, sigla em inglês), organismo das nações Unidas com sede em Roma.

A fome deverá estender-se às províncias de Deir el-Balah (centro) e Khan Younis (sul) até ao final do mês de Setembro.

A declaração foi feita depois de especialistas terem alertado que 500.000 pessoas se encontravam numa situação catastrófica no território devastado pela ofensiva militar israelita.

Na sequência da declaração, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reafirmou apelos para um cessar-fogo imediato, mas também para a libertação imediata dos reféns e o acesso humanitário sem restrições.

O Hamas apelou a uma “acção imediata da ONU” para travar a guerra e à “abertura sem restrições das passagens fronteiriças” para permitir a “entrada urgente e contínua de alimentos, medicamentos, água e combustível”.

Segundo especialistas da ONU, mais de meio milhão de habitantes de Gaza enfrentam condições “catastróficas”, o nível mais grave de insegurança alimentar definido pelo IPC, caracterizado por fome e morte.

Israel, que controla cerca de 75% do território palestiniano, aprovou esta semana um plano de assalto a Gaza e anunciou o recrutamento de mais 60.000 reservistas.
Mélenchon apoia Macron e acusa Netanyahu de ser “o racista número um”

Entretanto em França, o líder do partido de esquerda radical França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, declarou esta sexta-feira estar “solidário” com o presidente francês Emmanuel Macron, a quem Benjamin Netanyahu acusou de alimentar o anti-semitismo.

Mélenchon não poupou nas palavras e acusou o primeiro-ministro israelita de ser “o racista número um” responsável por “propagar o anti-semitismo”.

Jean-Luc Mélenchon, fervoroso defensor da causa palestiniana e regularmente acusado de ambiguidade relativamente à questão do anti-semitismo, falava nas universidades de verão da LFI.


Estamos solidários com o Presidente da República quando ele diz que não temos de receber lições do senhor Netanyahu em matéria de racismo, porque o racista número um é ele.

Quem propaga o anti-semitismo é o senhor Netanyahu, quando pretende representar todos os judeus.

(...)

Os anti-semitas são aqueles que criaram essa equação abominável de fazer da política do Sr. Netanyahu a política de todos os judeus do mundo.

Numa carta oficial dirigida ao chefe de Estado francês no início da semana, Benjamin Netanyahu escreveu que a intenção de Emmanuel Macron de reconhecer a Palestina na próxima Assembleia Geral da ONU alimenta o “fogo anti-semita”.

Uma acusação “errónea, abjecta”, respondeu a presidência francesa.

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