A reunião dos chefes de Estado-Maior General das Forças Armadas da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), prevista para este sábado, 12 de agosto de 2023, em Acra, no Gana, foi adiada. De acordo com o bloco regional, esta decisão foi tomada devido as “questões técnicas”, mas não deve atrasar a implementação de uma força regional para “restaurar a ordem constitucional” no Níger.
Dois dias depois de terem anunciado o destacamento de uma “força militar” regional “de reserva”, a reunião dos chefes de Estado-Maior das forças armadas dos países da CEDEAO que estava prevista para este sábado, foi adiada, de acordo com a CEDEAO, esta decisão deve-se por “questões técnicas”.
Segundo fontes diplomáticas, certas delegações tiveram dificuldades para chegar à capital ganesa a tempo, na maioria dos casos pelo facto dos voos comerciais propostos nem sempre corresponderem aos trajectos desejados.
Este encontro marcado em cima da hora teria por objectivo “informar aos líderes regionais sobre as melhores opções para a implementação da força regional de reserva no Níger”, por forma a “restaurar a ordem constitucional” naquele país africano conforme a decisão tomada no dia 10 de Agosto em Abuja, na Nigéria. Resolução esta que destaca a determinação da Conferência da CEDEAO em “manter todas as opções em cima da mesa para a resolução pacífica da crise“.
Isto ocorre num momento em que as manifestações em Niamey, capital do Níger, continuam a aumentar em força e questionam cada vez mais a legitimidade do bloco regional para ingerir nos assuntos internos nigerinos, factor este que pode ter contribuído para o adiamento da reunião.
Além da contestação popular, a comunidade da África ocidental também enfrenta problemas financeiros. Fontes diplomáticas do canal de televisão France24 sugerem que a CEDEAO poderia tentar solicitar financiamento da União Europeia para esta missão, devido aos desafios financeiros e logísticos enfrentados pelos países do bloco. Não obstante, o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, afirma que os respectivos países que participarão desta missão estão dispostos a comprometer as suas tropas com recursos próprios, e que “serão tomadas disposições orçamentais para que nada falte” às forças e “oficiais que participam nesta operação de restabelecimento da ordem constitucional no Níger“.
Outra questão que dificulta a acção por parte do bloco regional é a falta de consenso e coordenação entre os líderes, visto que a maioria dos países insiste em encontrar uma resolução pacífica para este impasse diplomático. O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, manifestou-se contrário a intervenção armada no Níger, estimando que pode tornar ainda mais explosiva a situação na região.
“Qualquer intervenção militar neste momento iria agravar a situação e tornar a região num espaço explosivo. Então, não apoio qualquer intervenção militar, não apoio a resolução desse conflito pela força, penso que devemos todos trabalhar para a restauração da ordem constitucional, mas em nenhuma circunstância através da intervenção militar ou do conflito armado neste momento“, reforçou, reiterando que Cabo Verde dificilmente participaria de uma operação militar desta natureza.
Estima-se que o encontro deverá ocorrer no início da próxima semana, e que este atraso não deve impactar o processo de implementação do destacamento militar.
Por: RedaçãoDemocrata/rfi
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