quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Ex-PM guineense considera verdadeiras declarações de líderes timorenses sobre país

O ex-primeiro-ministro guineense Nuno Nabiam disse hoje que as declarações de líderes timorenses sobre a situação da Guiné-Bissau "são verdadeiras" e que os dirigentes do país apenas devem corrigir "o que têm feito de errado".

Nabiam fez esta observação em declarações perante militantes do Fórum da Salvação da Democracia (FSD), uma plataforma criada entre o Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15) e a Aliança Kumba Lanta, integrada pelo Partido da Renovação Social (PRS) e pela Assembleia do Povo Unido -- Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB).

O Madem que faz parte deste fórum é a ala leal ao coordenador do partido, Braima Camará. Existe uma outra ala do mesmo partido, liderada por Satu Camará e que é fiel ao Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, entretanto, incompatibilizado com Braima Camará.

A partir de hoje, Nabiam assume a coordenação do FSD, criado em março passado, para, entre outros, lutar pela "restauração da democracia", que diz estar em perigo a partir do momento em que o Presidente guineense dissolveu o parlamento, em dezembro de 2023.

No seu discurso, o ex-primeiro-ministro voltou a desferir ataques à forma como Sissoco Embaló tem gerido a Guiné-Bissau e questionou a razão deste se enervar com as críticas de dirigentes timorenses sobre a situação no país.

O líder do Governo de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse, recentemente, numa entrevista à Lusa, que a Guiné-Bissau passou de golpes de Estado para golpes presidenciais e o secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri, declarou que a "força da droga é que atua" no país.

"O que disseram Xanana e Alkatiri é a pura realidade do nosso país. Não disseram nada que não esteja a acontecer neste momento na Guiné-Bissau. Não há droga? Não há golpes constitucionais? Quem está a praticar estes golpes?", questionou Nuno Nabiam.

A estas perguntas, os presentes respondiam: "Sissoco Embaló".

O ex-primeiro-ministro guineense e líder da APU-PDGB defendeu que os dirigentes do país "apenas devem corrigir o que está mal" e abster-se de rebater críticas.

"Xanana é do nível de Amílcar Cabral, atacá-lo é uma vergonha para nós", afirmou Nuno Nabiam, em alusão ao fundador das nacionalidades guineense e cabo-verdiana.

Em reação às críticas de Xanana Gusmão e Mari Alkatiri, o Presidente guineense lamentou que tenham ocorrido por se tratar de um país irmão.

Contudo, Sissoco Embaló colocou em causa as capacidades de Xanana Gusmão, dizendo que "toda a gente sabe que se esquece", e de Alkatiri, referindo-se à sua idade.

Conosaba/Lusa

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