domingo, 12 de novembro de 2023

Empresários guineenses reconhecem ser difícil fazer negócios no país

Os operadores económicos guineenses consideram ser difícil trabalhar no país onde o líder dos empresários Importadores e Exportadores disse ser ainda uma miragem a criação da "República económica", 50 anos após a independência política.

Em declarações à Lusa para assinalar o 50.º aniversário da Guiné-Bissau que este ano é celebrado em 16 de novembro, Mamadu Djamanca disse ser "complicadíssimo" fazer negócio num país que considera "um verdadeiro paraíso", caso não existisse o que afirma ser "confusão generalizada" entre a política e a economia.

"A confusão dá-se porque ou são os políticos de ontem que estão nos negócios de hoje ou são os empresários de ontem que estão hoje na política", referiu o líder dos empresários que atuam na importação e exportação de produtos na Guiné-Bissau.

ambém em declarações à Lusa, Ezequiel Domingos Agibane, presidente da Associação de Transportadores de Mercadorias, apontou para as estradas do país, praticamente todas intransitáveis, segundo afirmou, para exemplificar as dificuldades que os seus associados enfrentam.

Dados do Governo guineense indicam que dos 36.125 quilómetros quadrados que o país tem, apenas menos de cinco quilómetros de estradas são asfaltadas, embora atualmente muitas dessas vias se encontrem em avançado estado de degradação.

Domingos Agibane disse à Lusa que os Transportadores de Mercadorias até já sugeriram ao Governo que suspendesse o pagamento do Fundo Rodoviário, um imposto cobrado pelo Estado para a manutenção das estradas públicas.

O líder dos importadores e exportadores não vê nada disso acontecer na Guiné-Bissau tão cedo, a partir da confusão que disse existir entre a política e o negócio.

"Uma pessoa sai do mundo empresarial e entra na política, simplesmente leva consigo a sua empresa, as suas gentes, para a política. Estas situações estranhas estão a comprometer a República económica que queremos construir neste país", observou Mamadu Djamanca.

O empresário que atua no ramo da castanha do caju, principal produto agrícola e de exportação do país e também na produção de um sabão local, garante que quem consegue realizar negócio na Guiné-Bissau por cinco anos "é capaz de fazer negócio em qualquer parte do mundo".

"Aqui as coisas acontecem de uma forma circunstancial e que exige de nós, operadores económicos, uma grande capacidade de imaginação e de criatividade pontuais" notou Mamadu Djamanca.

No rol das dificuldades, os Transportadores de Mercadorias lamentam-se não só pelo estado das estradas, mas também de condutores de outros países que "têm invadido" o mercado guineense sem que o Estado faça algo para ajudar os nacionais.

Domingos Abigane, o presidente da associação da classe, afirmou que, no cômputo geral, a economia da Guiné-Bissau se ressente do facto de o país, 50 anos após a independência, ainda não possuir um sistema próprio de escoamento dos seus produtos agrícolas do interior do país para o mercado estrangeiro.

É por estas e por outras dificuldades, que o presidente da Associação dos Empresários de Importação e Exportação da Guiné-Bissau, Mamadu Djamanca diz que muitos empresários estrangeiros acabam por abandonar o país.

"Quem não tiver o espírito de improviso, de arranjar soluções, simplesmente faz as malas e desiste", concluiu Djamanca.

A Guiné-Bissau autoproclamou a sua independência de Portugal em 24 de setembro de 1973, mas as comemorações oficiais estão marcadas para 16 de novembro, dia das Forças Armadas.

Entre os líderes convidados para as cerimónias oficiais estão o Presidente e primeiro-ministro portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, mas o programa oficial ainda não foi divulgado.

Conosaba/Lusa

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