quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Moçambique - Emoção e gritos de “justiça” na despedida do “advogado do povo”


Maputo, 23 out 2024 (Lusa) - No cemitério de Michafutene, arredores de Maputo, gritou-se toda a tarde a uma só voz “justiça” e “advogado do povo”, na despedida emocionada de Elvino Dias, 45 anos, assessor jurídico do candidato presidencial Venâncio Mondlane.

Vasco Sumboleite fez questão de se despedir do “doutor Elvino”, um dos dois apoiantes de Venâncio Mondlane assassinados a tiro na sexta-feira em Maputo, numa emboscada: “Muito mais do que ser advogado das demais pessoas, dos singulares, foi advogado do povo. Nos últimos tempos ele dedicou-se a defender aquilo que eram os direitos do povo, razão pela qual o povo reconheceu isto. Razão pela qual o povo irá exigir justiça”.

Empunhando dois livros da mão, sobre os desafios e problemas de Moçambique, Nasmodino Omar protestava junto aos portões do cemitério, pequeno para a imensa moldura humana que acompanhou o funeral, falando num “ato macabro”

“Queremos justiça para o nosso advogado”, atirava, para logo depois admitir: “O nosso país não tem justiça, por isso não se vai fazer. Mas o povo vai fazer justiça, custe o que custar".

Em lágrimas, Frida Liberdade despedia-se ali ao lado: “Nosso pai, defensor da nação”.

“Ele defendeu o seu país e não se importava com a morte. Ele fez tudo sabendo que um dia qualquer ia ser morto, mas mesmo assim ele foi em frente até ao seu último dia. Ele inspirou-nos muito, deixou um legado e nós não vamos desistir”, afirmou.

Mesmo no momento da despedida, Frida confessava um “sentimento de tristeza e de alegria” pelo advogado, conhecido pela intervenção em defesa de causas de direitos humanos e mais recentemente na política.

Conosaba/Lusa

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