quarta-feira, 17 de abril de 2024

Enviado especial da ONU para a Líbia demite-se

Abdoulaye Bathily, enviado especial da ONU para a Líbia, apresentou a sua demissão a 16 de Abril de 2024. Aqui, na Líbia, em Janeiro de 2023. AP - Yousef Murad

O enviado especial das Nações Unidas para a Líbia demitiu-se, a 16 de Abril, alertando que a ONU não consegue apoiar de forma bem sucedida a transição política no país, e denunciando a atitude dos dirigentes líbios que colocam os "seus interesses pessoais acima das necessidades do país".

O senegalês Abdulaye Bathily, nomeado em 2022 enviado especial das Nações Unidas para a Líbia, apresentou a sua demissão a 16 de Abril, lamentando que a "ONU não tenha nenhuma forma de actuar com sucesso", face à "determinação egoísta dos dirigentes [líbios] actuais".

O diplomata senegalês acusou os governantes líbios de quererem manter o "status quo" e de estarem "confortáveis" na posição que adquiriram nesta década de transição, desde o derrube do ditador Muammar Kadafi, em 2011.

Oitavo emissário das Nações Unidas para a Líbia, Abdulaye Bathily é o terceiro diplomata consecutivo a se demitir do cargo, depois de Jan Kubis em 2021 e Ghassan Salamé em 2020.

"Lamento muito, porque o povo líbio merece uma liderança melhor", avançou, afirmando que neste cenário, não se avista qualquer "solução política". O diplomata denunciou o facto de as suas tentativas de responder às preocupações das diversas partes em conflito terem sido acolhidas com "uma resistência obstinada, e uma indiferença face aos interesses da população".

"Os líbios estão mais pobres" e enfrentam cada vez mais insegurança, denunciou Abdulaye Bathily, apesar de o país ser um dos mais ricos da região.

O historiador e político senegalês tomou posse após a demissão do seu antecessor em 2022, e levou a cabo várias iniciativas para conduzir o país rumo às eleições que deveriam tirar a Líbia do período de transição e da guerra civil que se arrasta desde 2011.

A Líbia está mergulhada no caos político desde a queda do regime de Muammar Kadafi em 2011, na sequência de uma revolta popular apoiada pela NATO.

Dois governos rivais estão à frente do país, um deles na capital Trípoli, dirigido pelo primeiro-ministro Abdelhamid Dbeibah e reconhecido pela ONU, o outro no Leste da Líbia, afiliado ao campo do marechal Khalifa Haftar.

Conosaba/rfi.fr/pt

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