Uma unidade internacional de investigação ao crime de "agressão" contra a Ucrânia acaba de abrir nesta segunda-feira em Haia, o que, segundo Kiev, é um primeiro passo "histórico" para a criação de um tribunal especial para traduzir os líderes russos perante a justiça.
Esta entidade que vai ter a missão de investigar e recolher provas, com o objectivo de lançar acções contra os responsáveis civis e militares russos envolvidos na invasão da Ucrânia, reúne procuradores de Kiev, da União Europeia, do Tribunal Penal Internacional e dos Estados Unidos que, apesar de não reconhecerem o TPI, usaram todo o seu peso para a criação deste gabinete.
No terreno militar, Kiev reivindicou ontem ter retomado o controlo de 37 km2 no leste e no sul do país no espaço de uma semana de combates "difíceis", no âmbito da contra-ofensiva que encetou há um mês. A Ucrânia admitiu, por outro lado, que as tropas russas têm estado a progredir noutras frentes no leste.
A poucos dias da cimeira da NATO, nos dias 11 e 12 de Julho, em que os países da Aliança Atlântica devem decidir o seu grau de envolvimento no conflito da Ucrânia, a lenta progressão das tropas ucranianas gerou crispações entre alguns países ocidentais e a Ucrânia.
Questionado na sexta-feira pelo ‘Washington Post’ sobre o assunto, o comandante do exército ucraniano Valery Zaloujny, não escondeu a sua irritação. No mesmo sentido, no sábado, o Presidente Zelensky acusou os seus parceiros de má vontade na concretização das formações prometidas para os seus aviadores.
Já hoje Rob Bauer, alto responsável da NATO, considerou que «não é surpreendente» que as tropas ucranianas avancem lentamente. "Uma contra-ofensiva é algo difícil. Não se pode pensar que se trata de uma operação fácil" referiu este alto responsável argumentando que "há enormes obstáculos defensivos".
Paralelamente, os serviços de segurança russos referiram ter impedido um atentado à bomba, preparado segundo eles por Kiev, no intuito de assassinar Serguei Aksionov, dirigente instalado por Moscovo na Crimeia anexada.
Também em declarações à imprensa esta segunda-feira, o ministro russo da Defesa, Sergueï Choïgou garantiu que Kiev "não tinha atingido nenhum dos seus objectivos em eixo algum" desde o início da sua contra-ofensiva no começo do passado mês de Junho.
Nesta que foi a sua primeira reacção à rebelião há um pouco mais de uma semana do grupo paramilitar Wagner, o governante disse que o "motim não afectou as operações das suas tropas na Ucrânia" e saudou a "lealdade" de quem fez fracassar a tentativa de desestabilização.
Entretanto, a Rússia tornou hoje a afastar qualquer nova mobilização de homens nas frentes de combate, depois da retirada dos membros do grupo paramilitar Wagner. "O Presidente da Federação Russa (Putin), disse claramente, de modo compreensível e específico, que não haveria nova mobilização", declarou Andreï Kartapolov, chefe do Comité de Defesa no seio da Duma, a câmara baixa do parlamento russo.
Noutra frente, relativamente ao acordo sobre os cereais ucranianos que vigora até ao dia 18 de Julho, o Kremlin deu conta do seu "pessimismo" quanto à recondução deste compromisso, dado que não houve nenhum progresso quanto às suas exigências, nomeadamente a reintegração do Banco Agrícola Russo no sistema de pagamento internacional SWIFT.
Segundo o jornal ‘Financial Times’, a União Europeia estaria a encarar a possibilidade de propor a esse banco a criação de um filial de modo a ter novamente acesso ao sistema SWIFT. Contudo, nem a UE, nem a Rússia teceram qualquer comentário sobre esta hipótese.
Conosaba/.rfi.fr/pt
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