domingo, 10 de fevereiro de 2019

«OPINIÃO» TEMA: PEQUENA REFLEXÃO SOBRE GUINÉ-BISSAU: PARA OS NOSSOS GOVERNANTES NO SISTEMA DE ENSINO E CURRÍCULOS



A Guiné-Bissau foi também uma das ex-colônias de Portugal na África. O país faz fronteira ao norte com o Senegal, ao sul com a Guiné Conacri e ao leste com o Oceano Atlântico. Seu território abrange 36.125 km², com uma população estimada em 1,6 milhões de pessoas. O país, que é dividido em oito regiões (Bolama, Bafatá, Biombo, Cacheu, Gabu, Oio, Quínara, Tombali), trinta e seis setores e um setor autônomo, de Bissau, sempre apresentou dados alarmantes no que se refere à educação escolar. Tal situação desde muito cedo chamou atenção de Cabral, o que motivou a instalação das escolas nas zonas libertadas durante a guerra da libertação dos anos 1963-1974. No entanto, infelizmente esse esforço não mudou muito o quadro alarmante do país.  

Após a independência, o país contou com apoio dos países parceiros de cooperação para melhorar a situação da educação no território guineense. Foi nesse quadro que o pedagogo brasileiro Paulo Freire chegou à Guiné, no início de década de 1970, para ajudar na construção de materiais didáticos e na capacitação de jovens, objetivando auxiliar na melhoria do setor educativo do país

A situação do ensino após a administração colonial portuguesa em Guiné Bissau pode ser considerada como catastrófica e ineficaz, o que faz com que Guiné-Bissau se depare com uma série de problemas para reorganizar as escolas. A situação do ensino em Guiné constitui desde muito cedo uma preocupação para Amílcar Cabral, que uma vez afirmou: “gostaria de fazer uma revolução somente com a caneta”. Ou seja, Cabral insinuava que a falta de recursos humanos levou-o a enveredar por via da luta armada para libertação nacional.

O setor educativo de Guiné-Bissau é diagnosticado através do Ministério de Educação desde as escolas públicas até privadas, em todos os níveis do sistema, ao longo dos últimos anos. 

No liceu já havia alunos também que pagavam mensalidades para estudar nesta instituição de ensino. Nota-se que há uma diminuição considerável da taxa de evasão escolar no ano letivo de 1991 a 1995, este problema educativo do ensino secundário é de muitos anos atrás. Desde à abertura política no país. Em decorrência disso, houve uma expansão da rede escolar nos demais cantos do país, em nível secundário de ensino. O objetivo é diminuir o número de evasão escolar de jovens no país.

A elaboração do currículo escolar fica a critério de cada instituição escolar, sendo que é elaborado com base nas necessidades dos seus estudantes e pensado a partir do tipo de sujeito que se quer formar, sem fugir das normas definidas pelas leis do país, principalmente a Lei de Diretrizes e Bases da Guiné-Bissau (LDB, 2014). A elaboração do currículo tem que envolver todas as partes, como direção da escola, professores, estudantes, coordenadores pedagógicos, encarregados da educação dos alunos, quadros do Ministério da Educação, técnicos auxiliares e a comunidade, onde todos devem pensar de forma coletiva. 
A relação de professor na turma, do ensino secundário é de dar mais facilidade para os alunos compreender matéria. Considerando a percentagem de distribuição de professores do ensino secundário no capital de pais, há desequilíbrio entre número de professores/alunos; isto acarreta, de alguma forma, enquadramento de políticas educacional e, consequentemente, resulta na ineficácia do processo de ensino aprendizagem (CÁ, 2005. p. 228).

Essas barreiras seriam a prioridade educacional mais desafiadora que se colocaria diante da sociedade e do poder público na Guiné-Bissau.  O país sempre apresenta alto índice de repetência nos níveis do ensino secundário guineense, o que é considerado como inexplicável do ponto de vista sociológico, inadmissível socialmente e improdutivo economicamente.

Dado a isso, queremos destacar que o ensino secundário serve como preparação para os alunos que pretendem ingressar no ensino superior em diferentes áreas, por exemplo, professores ou educadores, profissão esta que pode ser concebida como componente da política educacional e da estratégia de desenvolvimento do país. Além disso, pode contribuir significativamente para valorizar e potencializar as competências nacionais dos jovens, no diálogo com as competências internacionais, “promovendo a qualidade social da educação ao pretender alcançar o sucesso educacional de todos os estudantes e a certificação de todos os educadores do país” (UNICEF, 2007, p.4).

No entanto, pretendo apontar alguns pontos que considero pertinentes para as escolas, os quais acredito que podem contribuir no melhoramento de seu funcionamento. Dentre eles, destaco possíveis modificações nos currículos e projetos políticos pedagógicos (PPP) e a melhoria da condição salarial dos docentes, assim como a disponibilização de matérias de trabalho. 

Como salienta Bourdieu a escola tem um papel ativo dentro da sociedade, uma vez que ao definir o currículo como um instrumento pedagógico, seus métodos de ensino e suas formas de avaliação são considerados no processo social como mecanismos para reduzir a reprodução das desigualdades sociais.

Portanto a proposta de inserção escolar em Guiné-Bissau gira em torno da ideia de possibilitar a inclusão de jovens “alunos”, sem fazer distinções entre eles/as, já que se trata de uma forma de inclusão social. A inserção consiste em um ato de inserir ou incluir uma coisa em outra. Consideramos que seria possível inserir alunos que abandonam a escola se houvesse políticas de inclusão por parte dos governantes. Assim, talvez não teríamos um número tão expressivo de jovens fora das escolas.

No âmbito do programa, a escola que se deseja construir consiste em uma escola ativa, dinâmica, atual, com professores qualificados e alunos qualificados com visão inovadora, construtiva, que promova a interação entre os seres humanos nas diferentes culturas, a partir da ideia de pluralidade de conhecimentos e saberes. Com a experiência acumulada de professores no apoio aos programas de educação e preparação de jovens no ensino secundário; a formação de professores, espera-se fortalecer e potencializar novas estratégias de intervenção que visem à execução de projetos que resultem na melhoria da qualidade do ensino na Guiné-Bissau, promovendo e contribuindo para a participação no ensino primário e secundário.

Na atualidade, o sistema educacional da Guiné-Bissau está muito fraco, devido à vários conflitos internos, desde o processo democrático, o Estado e os partidos políticos. Porque desde os anos 1990 com a implementação do regime democrático na Guiné-Bissau, e as primeiras eleições gerais que foram organizadas nos anos de 1994, até data atual, a política educacional dos povos guineenses nunca atingiu cousas almejáveis para os seus povos.

ANDRADE, Mario Pinto. A arma da teoria: Unidade e Luta. Lisboa: Ed. Sarl, 1978. p.117-157.

CÁ, Lourenço Ocuni. Perspectiva histórica da organização do sistema educacional da GuinéBissau. 2005. Tese (Doutorado em Educação), Universidade Estadual de Campinas
LOPES, Luísa da Silva. A lei de bases do sistema educativo da Guiné-Bissau: uma análise do processo de construção política. Universidade de Aveiro, 2014.

UNICEF. Documento de base do programa de formação dos educadores do ensino básico da Guiné Bissau. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), 2007.

Tugna Imbana Branco

Possui graduação em Humanidades pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (2017). Membro e ex-coordenador do meio ambiente do Centro Acadêmico do Curso de Bacharelado em Humanidades (UNILAB) de 16 de abril de 2016 à 16 de abril 2017. Atualmente licenciando em Sociologia pela mesma universidade e Coordenador de Assuntos Estudantis do Centro Acadêmico do Curso de Licenciatura em Sociologia (CA) da mesma universidade. De 16 de junho de 2016 à 28 de junho de 2018 participou como Vice-Coordenador do Departamento de Cultura da Associação dos Estudantes Guineenses (AEGU) na UNILAB. Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia.

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