segunda-feira, 14 de maio de 2018

«OPINIÃO» "É POSSÍVEL PENSAR NO “DESENVOLVIMENTO” DA GUINÉ-BISSAU À MÉDIO PRAZO?" - TEDSE SILVA SOARES GAMA

Para quem navega nas epistemologias que tem o sentido da desconstrução, faz-se necessário ter precauções ao debruçar sobre o termo “desenvolvimento”, ainda que se trata de um país africano. Alguns teóricos tentam enquadra-lo nas diferentes perspectivas. De acordo com o José Eli da Veiga, o “desenvolvimento” é tido como o avanço econômico, também pode ser entendida como uma quimera.

Para Maxwell (PUC-RIO), “desenvolvimento é um discurso situado em espaço e tempo específicos, capaz de criar um conjunto de pensamento e ação política”.

Ora, o “desenvolvimento” a qual me refiro não se trata da modernização eurocêntrica. No entanto, enquadro este conceito nas linhas do pensamento do Joseph Ki-Zerbo. Para ele, o desenvolvimento é a superação ou passagem de um estágio para outro em diferentes âmbitos da esfera social, econômico e político. Ainda acrescenta que, é impensável o desenvolvimento de um país, a partir do exterior.

Nesse ensejo, a superação das dificuldades passa necessariamente pela extração dos elementos da sua própria evolução, ou seja, qualquer país pode alcançar a sua prosperidade, a partir do o desenvolvimento endógeno.

Assim sendo, não se pode dizer que a Guiné-Bissau se estagnou desde o período pós-independência (em termos territoriais), em que os guineenses apresentam como protagonistas, a fim executar as ideologias que nortearam pós luta de libertação nacional, (criar a nossa própria economia, auxiliar a massa camponesa nos trabalhos agrícolas, etc). No entanto, os avanços alcançados não correspondem com as demandas da população e ações delineadas pelo PAIGC, que a meu ver configura na lista dos maiores partidos políticos da Guiné-Bissau que fez tudo para o avanço da mesma. (Ironia).

Na Guiné-Bissau se fala constantemente da mudança, mas na realidade vê-se o contrário. Os políticos estão cientes das dificuldades que a população guineense enfrenta,

como senão bastasse, os ditos políticos propagam tais dificuldades pelas redes de interesse pessoal. A ascensão política constitui as suas preocupações. Em Bissau é visível o comportamento que se assemelha com os Condenados da Terra (Frantz Fanon), na ausência do colonizador, a elite autóctone reproduz a mesma ação, pois todos querem ser ricos a todo o custo, nesse sentido, a população se apresenta com a mente europeia, ou seja, a migração pela Europa constitui a prioridade.

É necessário cidadãos comprometidos com a nação guineense, ou seja, interesse nacional em primeiro lugar. O sentido do Estado é servir a população e, não interesses particulares. É preciso entender que, o desenvolvimento de um país não depende de número de doutores, mas também, não faz sentido com políticos sem formação acadêmica e sem compromisso com a população. No entanto, os responsáveis do país devem necessariamente ter nível acadêmico e compromisso com o povo.

Não se pode pensar no desenvolvimento da Guiné-Bissau, a partir da perspectiva acima supracitada por enquanto não suprirmos a seguinte consciência:

PAIGC, como único partido político que pode desenvolver a Guiné-Bissau, pois foram os que desencadearam a tremenda luta armada com intuito de libertar o país face a imposição colonial;

Propagar o obscurantismo intelectual fazendo a população refém do sistema baseado na promoção do clientelismo dos nba luta;

Fazer o Estado propriedade privada;

Política como fonte de riqueza;

A educação em último plano.

Para se pensar no desenvolvimento da Guiné-Bissau, é necessário levar em consideração o seguinte:

Educação, saúde, energia e água como elementos fundamentais para o progresso do país;

A justiça como fator estimulante para eliminação da estratificação social e corrupção em todos o aparelho do Estado;

Ter sentido nacionalista, ensinar o guineense a valorizar o Hino Nacional e Bandeira.

Em suma, para os guineenses na diáspora, gostaria de vos fazer lembra que devemos assumir a nossa responsabilidade, lembrando sempre que, os grandes líderes lutaram para que hoje tornemos “independentes”. Portanto, a nossa contribuição para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, seja de forma direta ou indireta é fundamental. A

nossa missão é lutar para as gerações vindouras. Vale lembrar que, os revolucionários africanos no período colonial lutaram nas condições mais difíceis, assim sendo, é de suma importância extinguir a seguinte frase: ami na riba Guiné-Bissau só ora ki sta diritu. Se pensarmos assim, os nossos filhos nada vão ter.

Permitam-me dizer o seguinte – caminhu tem inda pa enda, no entanto, faz todo sentido pa no riba kasa,

Tedse Silva Soares da Gama

Graduando em de História –UNILAB/Brasil/Ceará

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