Tudo começou na década de cinquenta do século XX, quando o ambiente de descontentamento geral que se expandia por toda a África fez vibrar também nas colônias portuguesas um profundo anseio pela liberdade. Foi assim então que Amílcar Cabral, o teórico revolucionário, chefe militar e grande estadista, juntamente com cinco patriotas da Guiné-Bissau e Cabo-verde, em 19 de setembro de 1956, criaram na cidade de Bissau o Partido Africano Pela Independência de Guiné e Cabo-verde, o PAIGC, cujo o objetivo principal era “a conquista imediata da independência e a construção da paz, do bem-estar e do progresso para o povo da Guiné e Cabo Verde”.
Independência que se tornou realidade apenas dezessete anos depois da criação do partido libertador, após intensas lutas. Foi em 24 de setembro de 1973 que se deu a proclamação unilateral da independência de Guiné-Bissau, reconhecida por Portugal apenas depois da queda do regime ditatorial, em 10 de setembro de 1974.
Hoje, 42 anos depois da nossa independência, o povo guineense ainda continua refém dos seus próprios governantes. A instabilidade sócio-político, a crise econômica e a falta do espírito patriótico, faz com que a Guiné-Bissau se encaminhe cada vez rumo ao abismo provocado pelos representantes máximos da nação. Uma data que deveria ser comemorada com muita festa e alegria por todos, passa a ser comemorada com muita mágoa e arrependimento.
Será que esse era o desejo de Cabral e das pessoas que deram suas vidas em prol da libertação da Nação guineense?
Será que valeu a pena?
Meus irmãos, nunca é tarde! Ainda há tempo de sentarmos para uma profunda reflexão sobre o nosso país. Essa data deve sim, servir para isso também! A Guiné-Bissau está vivendo momentos difíceis em sua democracia, mas qualquer país que procura consolidar a sua democracia passa por momentos como esses, pode não ser da mesma forma, mas isso acontece. Assim sendo, independentemente de ser político ou homem de Estado, precisamos todos ter a capacidade de pensar em um Guiné-Bissau próspero. Por isso, eu ainda tenho a esperança de que a reflexão sempre pode dar força às pessoas para evitar a catástrofe, nos raros momentos da vida e na hora da verdade, assim sendo, como ser humano e cidadão guineense que sou, peço aos nossos representantes máximos da nação que consigam ter paciência e vontade de pensar no bem-estar do seu povo. Pensem e pensem mais vezes, e procurem uma saída rumo ao desenvolvimento.
As divergências podem existir claro, mas da mesma forma também deve existir a capacidade de dialogarmos, pois na verdade, não existe mal, não existe divergência e não há conflito no mundo que um bom diálogo não resolve, ainda mais se for entre irmãos da mesma pátria. A Guiné-Bissau é nossa! Só nós podemos resolver os nossos problemas, o nosso povo já sofreu muito, e tudo porque os homens não querem dialogar. Há momentos em que é necessário deixarmos o nosso orgulho de lado em detrimento do bem maior! Não custa nada! Agora é a hora, é a hora certa de sentarmos na mesma mesa para conversarmos... Esqueçam por um minuto, se possível, que um é presidente da república e que outro é primeiro ministro, mas, não se esqueçam que vocês são guineenses, e o mais essencial é que vocês são seres humanos. Não esqueçam que tudo nessa vida é passageiro, nada é eterno. Por isso tenham piedade do povo guineense, sejam homens verdadeiros, homens capazes de pensar no bem coletivo. Portanto assumam as vossas responsabilidades!
Viva a paz, viva a democracia e viva ao povo da GUINÉ-BISSAU.
QUE DEUS ABENÇOE O NOSSO PAÍS.
Suleimane Alfa Bá estudante de Ciências Humanas em UNILAB
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