A gestora das obras e responsável do projeto de saneamento do programa das Nações Unidas para o Assentamento Humano (UN-HABITAT), Genoveva Edneusa Mendes Tavares, afirmou que a organização que representa pretende intervir no antigo vazadouro de Antula e de Safim, através do Projeto de equidade sanitária e do saneamento da Guiné-Bissau (GNB-HESP)- vazadouros de Safim e de Antula.
De acordo com Tavares, o projeto de equidade sanitária e saneamento da Guiné-Bissau (GNB-HESP) perspetiva vedar o vazadouro de Safim e criar condições de reciclagem e de escoamento de gases com o efeito de estufa do mesmo vazadouro.
A ideia, segundo Genoveva Edneusa Mendes Tavares, é criar mecanismos de escoamento dessa substância que contamina o lençol freático no antigo vazadouro e proteger o meio ambiente dos impactos que essa substância poderá causar ao ambiente e na vida das pessoas.
“O antigo vazadouro de Antula está cheio de gases com o efeito de estufa. O projeto que pretende intervir no melhoramento do vazadouro contará com o fundo do governo de Japão e os técnicos já estiveram na Guiné -Bissau. Visitamos o espaço com objetivo de estudar o mecanismo de fixar um tubo de ventilação para diminuir aqueles gases e o de Safim esta a piorar também a cada dia, tendo em conta tipos de lixos que tem e que continua a receber”, afirmou.
O projeto, que é assegurado pelo Fundo Global/PNUD, e UN-HABITAT, fará parte através de WACA.
APENAS UM 1% DE RESÍDUOS PRODUZIDO EM BISSAU É RECICLADO- DIZ UM ESTUDO
Segundo um estudo realizado pela UN-Habitat em 2024, em Bissau apenas 1% da quantidade de resíduos produzidos é reciclada e quase 40% dos resíduos não são recolhidos, sendo depositados no meio ambiente ou queimados.
Esta situação coloca a questão de lixo como uma das prioridades urgentes a serem abordadas, especialmente considerando o rápido crescimento da população urbana” na nossa cidade”.
Conforme a gestora, o sistema local de vazadouro constitui “um perigo” para a saúde pública e para o meio ambiente, tendo em conta a desorganização de lixos no espaço que é totalmente aberto e os seus arredores encontram-se preenchidos com muitos resíduos, devido a diferentes tipos de lixos, sobretudo orgânicos que provocam grandes concentrações de moscas, mau cheiro e sem contar com a fumaça e tudo isso causa problemas de saúde, nomeadamente paludismo, tuberculose, diarreias e outras doenças perigosas.
Para o meio ambiente, disse que a grande concentração dos sacos plásticos nas bolanhas impedem o desenvolvimento dos produtos agrícolas, fundamentando que os estrumes que ali se encontram no seu processo de filtração prejudicam o lençol freático e quando isso acontece acabam por afetar a água daquela zona.
No entanto, criticou que as pessoas aproveitam os produtos deitados por estarem fora do prazo de consumo humano para vender no mercado, o que não só constitui uma insegurança alimentar , como também coloca a saúde pública em risco e de uma forma direta ou indireta, os peixes estão a morrer no mar, o ar está poluído devido à fumaça e entre outras práticas nocivas levadas a acabo pelo homem.
“Vamos intervir no vazadouro de Safim e neste período estamos a fazer aquisição de materiais necessários para o trabalho e para tal vamos fazer duas intervenções, colocar tubos de ventilação, para remover gases de efeito de estufa e vedação com possibilidade de reciclagem”, anunciou.
Genoveva Edneusa Mendes Tavares considerou que o quadro geral de saneamento básico na Guiné-Bissau “é precário”, devido à forma como os cidadãos tratam o lixo desde casa, na sua recolha para o fazer chegar ao vazadouro, baseando-se nas dificuldades da Câmara Municipal de Bissau (CMB), no que refere à remoção de lixo na cidade, sobretudo nos bairros.
CÂMARA MUNICIPAL DE BISSAU NÃO ESTÁ EM CONDIÇÕES DE RESPONDER ÀS DEMANDAS
A gestora de obras e responsável do projeto de saneamento do programa das Nações Unidas para o assentamento humano admitiu que a CMB, sozinha, não está em condições de responder a todas as demandas do país, relativamente ao saneamento básico, devido à falta de equipamentos adequados para a prestação integral deste serviço.
Afirmou que tudo isso reflete no aumento de lixo, resultado do número da população que nos últimos anos tem aumentado no país, numa altura que a Guiné-Bissau não está preparada para enfrentar esse desafio.
“Lidar com o lixo exige uma preparação. Uma preparação a todos níveis. Caso contrário, as necessidades tornam-se sufocadas. No caso de produção de lixo, todos os dias são produzidos em grande quantidade, porque não tem feriado”, indicou.
Perante esta situação , convidou a CMB a trabalhar em parceria com associações juvenis dos bairros, porque “ se a CMB tomasse engajamento na sensibilização sobre o saneamento básico, precisaria elaborar um projeto e teria financiamento dos parceiros para a sua execução”.
Aconselhou, neste particular, as associações juvenis dos bairros a terem um comprometimento sério com os seus bairros, sobretudo no domínio do saneamento básico, mostrando que o lixo mal gerido provoca doenças.
A UN Habitat acabou de executar o projeto SEIA – Resposta à Covid-19 e questões adjacentes aos assentamentos informais na Guiné-Bissau, financiado pelo Fundo Global/PNUD, em parceria com Academia Ubuntu Guiné-Bissau – AUGB e ASPAAB.
Neste projeto, foram desenvolvidos debates, ações de limpeza, djumbai, reforço de capacidade, pintura de mural, reabilitação e construção de fontanários levados a cabo ao longo da execução do projeto, que iniciou desde dezembro de 2022 e terminou no dia 30 de junho deste ano.
O projeto visa minimizar o impacto da pandemia da COVID-19, bem como as questões subjacentes, como malária, tuberculose e HIV, nas comunidades das cinco cidades que são alvo do projeto através de: sensibilizações para temáticas de saúde como Covid-19, tuberculose, malária e outros tópicos relevantes e mobilização da comunidade para a gestão adequada de resíduos sólidos.
Por sua vez, a coordenadora da Academia Ubuntu Guiné-Bissau AUGB, Paula Karina Lopes Camará, prometeu entregar materiais de limpeza para as estruturas regionais que serão colocados à disposição das comunidades e em caso de necessidade podem levantar ou pedir emprestado, através de uma aquisição para depois devolver.
Confiante na dinâmica implementada em cinco cidades, nomeadamente Bafatá, Gabú, Mansoa, Bubaque, incluindo a capital Bissau, disse que essas comunidades estão preparadas para lidar com as questões de saneamento e prevenção de algumas doenças transmissíveis.
Prometeu continuar com as ações nessas zonas, mesmo com o enceramento do projeto AUGB, está e estará sempre disponível para apoiar no que for preciso dentro das suas capacidades.
“O trabalho que acabamos de executar contribuirá para o estancamento desses problemas e isso já está a ser visível, sobretudo com as pessoas que participaram nesse processo. Já estão a demostrar isso nas suas comunidades. Sendo assim, consideramos que o projeto está num bom caminho”, frisou.
Paula Karina Lopes Camará aproveitou a ocasião para apelar à população a cuidar muito bem de lixo. Embora a CMB seja a gestora da cidade, tem dificuldades em termos de dar resposta às problemáticas de lixo no país.
“A Câmara Municipal de Bissau deve redobrar esforços, porque nenhum projeto terá sucesso sem a mudança de mentalidade da população“ , alertou.
Por: Jacimira Segunda Sia
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