sábado, 8 de março de 2025

Retirada: França começa a entregar bases militares às autoridades senegalesas


"O lado francês entregou ao lado senegalês as instalações e moradias nos distritos de Maréchal e Saint-Exupéry na sexta-feira, 7 de março de 2025", disse um comunicado de imprensa da embaixada francesa em Dacar. Outras áreas "serão devolvidas de acordo com o cronograma acordado em conjunto", afirma o texto, sem dar mais detalhes.
Em 12 de fevereiro, Paris anunciou a criação de uma comissão conjunta com Dacar para organizar os preparativos para a saída de elementos franceses do Senegal (EFS) e a restituição das terras até o final de 2025.
Esta comissão se reuniu "pela primeira vez em 28 de fevereiro, sob a presidência do General Abdou Latif Kamara, diretor do Instituto de Defesa Senegalês, na presença da embaixadora francesa no Senegal, Sra. Christine Fages, e do comandante do EFS, General Yves Aunis", acrescenta o comunicado de imprensa da embaixada.
Ele "examinou o cronograma e os termos para devolver ao Senegal os vários direitos de passagem usados ​​pelo EFS. A comissão também iniciou o trabalho de renovação da parceria bilateral de defesa e segurança", segundo a mesma fonte.
Após sua independência em 1960, o Senegal continuou sendo um dos aliados africanos mais confiáveis ​​da França, a antiga potência colonial dominante na África Ocidental. Mas os novos líderes no poder desde 2024 prometeram tratar a França de agora em diante como igual a outros parceiros estrangeiros, em nome da soberania recuperada.
O presidente senegalês Bassirou Diomaye Faye, que chegou ao poder com uma agenda disruptiva, anunciou em novembro passado o fim de toda a presença militar francesa e estrangeira em solo nacional em 2025. Nessa perspectiva, a demissão de todo o pessoal senegalês empregado pela EFS está prevista "para 1º de julho de 2025", de acordo com uma carta do comandante da EFS ao inspetor regional do trabalho no Senegal, publicada na imprensa.
As bases militares francesas em Dacar e áreas vizinhas empregam diretamente 162 pessoas e empregam entre 400 e 500 pessoas no total por meio de subcontratados. Um fórum de carreiras, organizado pelo exército francês, foi realizado na quinta-feira em Dacar para "oferecer oportunidades de recolocação" dentro de empresas locais para esses 162 funcionários.

Por AFP/Africaguinee

A organização política de mulheres do PRS encontra-se hoje reunida, na sede nacional do partido, em Bissau, para celebrar 8 de março - "Dia Internacional da Mulher".




Convidada especial para o evento; A Dra. Fatumata Rachide Nhaga, Vice-Presidente do Partido da Renovação Social (PRS), foi quem encerrou o evento das mulheres do PRS com um belo discurso de união!

A data lembra, este ano, às mulheres do PRS do papel a desempenhar face às barreiras do atual contexto político, social e económico que atravessa o país, que constitui o tema de um "DJUMBAI" de palestra com os membros associados, sob o lema: "NO PENSA MINDJERES"

A Presidente da Organização de Mulheres do PRS, Drª. Elizabete Ialá presidiu a cerimônia de abertura, destacando a importância e o papel de mulheres na estruturação básica da sociedade que nasce da família. "Se a base de procriação social (família) falhar, tendemos a ter uma sociedade mal preparada e falhada para responder aos desafios que lhe impõem", enfatizou.

Elizabete Ialá, que dirigia aos seus pares ativistas da organização política do PRS, num tom emocional, disse sentir-se orgulhosa dessas mulheres que qualificou de "mulheres guerreiras" que lutam, incessantemente, pela promoção do direito das mulheres da Guiné-Bissau e do mundo em geral. Ialá, assinalava assim o papel determinante e resiliente de mulheres do PRS na defesa ideológica de causas e princípios que orientam a atuação política do partido.

O evento teve como oradores: Drª. Josefina Soares Lópes da Gama; Sociólogo, Antropólogo e Investigador Amadu Bouaro; Dr. Júlio Cambanco e a Dra. Fatumata Rachide Nhaga, Vice-Presidente do Partido da Renovação Social (PRS)

FREI VICTOR QUEMATCHA NOMEADO NOVO BISPO DE BAFATÁ


O Papa Francisco nomeou Frei Victor Luís Quematcha como o novo Bispo da Diocese de Bafatá, na Guiné-Bissau. O anúncio oficial foi feito neste sábado, 8 de março, às 12 horas de Roma (11 horas de Bissau), através da Santa Sé no Vaticano.

Frei Victor Quematcha nasceu em 27 de abril de 1967, na localidade de Cumura, Guiné-Bissau. Desde cedo, sentiu o chamado à vida religiosa e ingressou na Ordem dos Frades Menores (OFM). Iniciou o noviciado em 17 de setembro de 1990 e, após um período de formação e discernimento, fez sua profissão solene em 30 de agosto de 1991. Sua ordenação sacerdotal ocorreu em 2 de maio de 1998.

Como membro da Ordem Franciscana, Frei Victor pertence à Província de Santo António dos Frades Menores, na Itália. Seu percurso vocacional e pastoral foi marcado por diversas funções de relevância tanto na Guiné-Bissau como fora do país.

BOAD E PJ ASSINAM ACORDO DE COOPERAÇÃO PARA REDUZIR A MARGEM DE MANOBRA NOS DESVIOS DOS FUNDOS PÚBLICOS


O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) diz, hoje, que o país apresenta um indicador alarmante sobre a corrupção, por isso, declara ter exigido uma ação imediata e concertada, com vista a inverter o cenário.

“Segundo índice de percepção da corrupção da transparência internacional 2023, a Guiné-Bissau ocupa a 162ª posição entre 180 países avaliados, um indicador alarmante que exige ação imediata e concertada”, diz Domingos Correia momentos antes de assinatura de um Protocolo de Cooperação entre a Polícia Judiciária e o Banco Oeste Africana para o Desenvolvimento (BOAD), para a fiscalização dos fundos alocados para o desenvolvimento do país por esta instituição financeira africana, para além disso, diz Domingos Correia, “a Guiné-Bissau é frequentemente referida como um caso clássico, onde a falta de transparência e impunidade têm perpetuado um ciclo vicioso de corrupção, dificultando a implementação de políticas públicas que beneficiam o povo”.

Com tudo, Domingos Correia elogiou a adopção da estratégia nacional de combate a corrupção pelo executivo guineense, cujo plano segundo o director nacional da PJ, vai reforçar a transparência, modernizar a administração pública e responsabilizar os agentes públicos e privados.

“Recentemente o governo da Guiné-Bissau deu um passe crucial à adopção da estratégia nacional de combate a corrupção, um plano abrangente que visa reforçar a transparência, modernizar a administração pública e responsabilizar os agentes públicos e privados. Esta estratégia alinha-se com a missão da polícia judiciária em investigar crimes complexos, incluindo da natureza económica e financeira”.

Em relação ao acordo de cooperação firmado esta manhã entre a PJ e o BOAD, Domingos Correia assegurou que “é um começo, que exige coragem para se denunciar as irregularidades, rigor para aplicar a lei e a integridade para servir o interesse público”.

BOAD ACREDITA QUE O PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO COM A PJ VAI REDUZIR DESVIO DOS FUNDOS PÚBLICOS

O vice-presidente do Banco Oeste Africana para o Desenvolvimento manifestou, a esperança que a implementação do protocolo de cooperação assinado entre a BOAD e a Polícia Judiciária reduza drasticamente, a margem de manobra dos envolvidos nos desvios dos fundos públicos.

“Manifesto a esperança de que a implementação do protocolo hoje assinado, reduza drasticamente, a margem de manobra dos envolvidos nestes crimes e que os recursos recuperados sejam utilizados para construir uma sociedade mais próspera e equitativo”, manifestou Braima Luís Soares Cassamá, antes de assinatura do protocolo de cooperação com a PJ.

Braima Cassamá afirma na ocasião, que “a Polícia Judiciária da Guiné-Bissau se tornou a sexta instituição da sub-região, com a qual o BOAD assina um acordo deste tipo”.

O vice-responsável do BOAD diz que a sua instituição “está convencida que o governo, em particular o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, continuará a envidar esforços para consolidar os avanços da PJ que é uma instituição estratégica no combate à fraude e à corrupção”.

O protocolo de acordo firmado esta manhã entre o BOAD e a Polícia Judiciária prevê-se, a criação das condições para prevenir, detectar, investigar e combater eficazmente, a corrupção e crimes similares nas suas manifestações transfronteiriças.

Na África Ocidental, estudos estimam que “30% dos fundos públicos sejam desviados” e, estes recursos segundo o diretor nacional da Polícia Judiciária poderiam contribuir para “erradicar a fome, construir hospitais ou educar uma geração”.

Por: Braima Sigá/radiosolmansi com Conosaba do Porto

«Womo nfé Nhaw!?» Eleições antecipadas? Montenegro diz que "parece que não há alternativa"


O presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse hoje que lhe parece não haver alternativa a eleições antecipadas, garantindo que é sua responsabilidade "evitar que Portugal seja um país envolto em lama".

"Aminha responsabilidade, [e] parece que não há alternativa a isso, é devolver aos portugueses a capacidade que só eles têm de escolher o que querem para Portugal", disse hoje Luís Montenegro num almoço do PSD no âmbito do Dia da Mulher, na Maia (distrito do Porto).

Abordando os "complexos" últimos dias, na sequência do caso envolvendo a empresa da sua família, e que recentemente foi passada aos filhos, o líder social-democrata disse que a sua responsabilidade era "evitar que Portugal seja um país envolto em lama", "que as instituições portuguesas sejam corroídas pela irresponsabilidade de quem quer manter o espaço público permanentemente enlameado".

"Nunca foi o meu desejo, nunca foi e tenho a noção que os portugueses nem sequer percebem porque é que isso vai acontecer, mas eu tenho a obrigação, pela responsabilidade que me está confiada, de saber antecipar os problemas", afirmou.

O líder do PSD e chefe do Governo rejeitou deixar o país a viver "um ano ou um ano e meio de instabilidade quando pode resolver essa instabilidade em dois meses".

Conosaba/noticiasaominuto

"Faço um apelo a Montenegro: Que não avance com a moção de confiança"


O Partido Socialista defende que está nas mãos do Governo 'piorar' esta crise política e que, para o evitar, basta que a moção de confiança anunciada seja retirada. O líder socialista, Pedro Nuno Santos, considera, no entanto, que se o chefe de Governo quiser evitar uma Comissão Parlamentar de Inquérito, esse é um problema - e que aí há "mesmo de mudar de primeiro-ministro."

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, apelou ao Governo que não avance com a moção de confiança anunciada, apontando que a responsabilidade desta crise é do primeiro-ministro, Luís Montenegro.

"É o primeiro-ministro quem decide apresentar uma moção de confiança já sabendo de antemão qual é a intenção de voto de todos os partidos na moção de confiança. Quando Luís Montenegro decide apresentar moção de confiança, na realidade, ele decidiu ir para eleições", afirmou, em declarações aos jornalistas em Vizela.

Sublinhando que "não é justo estar a responsabilizar o PS", Pedro Nuno Santos recusou deixar cair a Comissão Parlamentar de Inquérito associada ao caso. "A Comissão Parlamentar de Inquérito é essencial para apurarmos a verdade. Apurarmos o que verdadeiramente aconteceu", defendeu.

"Não é aceitável que tenhamos tido um primeiro-ministro avençado enquanto era primeiro-ministro", afirmou.

O líder socialista disse também que não era o PS que "sustentaria" o Governo, acrescentando: "Dissemos ao primeiro-ministro: 'Chumbamos as moções de censura, mas não traga nenhuma moção de confiança'", disse ainda.

"Governo está desorientado. Em vez de estar a atirar o país para eleições, o que devia fazer era dar explicações ao povo português [...]. Há margem para não haver eleições. Faço esse apelo ao primeiro-ministro: se está preocupado com a estabilidade política no país, não avance com a moção de confiança", atirou, reforçando que o PS garantia que não iria aprovar moções de censura.

Pedro Nuno Santos disse ainda que se Montenegro estiver mais preocupado em evitar uma Comissão Parlamentar de Inquérito, esse seria mesmo um problema. "E [nesse caso] temos mesmo de mudar de primeiro-ministro", considerou.

Ainda quanto à moção de confiança, Pedro Nuno Santos esclareceu, que mesmo antes desta crise, o PS não teria aprovado nenhuma. "Esta crise vem somar razões. É evidente que o Partido Socialista não pode viabilizar uma moção de confiança, como disse sempre", explicou.

Pedro Nuno Santos disse ainda: "Se nós, no final destas duas semanas, nos virarmos para o PS a pedir que se preocupe com a instabilidade do país, é o mundo ao contrário."

Na quarta-feira, recorde-se, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu eleições antecipadas em maio, no final de um dia em que o primeiro-ministro anunciou uma moção de confiança que tem chumbo prometido dos dois maiores partidos da oposição, PS e Chega, e que deverá ditar a queda do Governo na próxima semana.

Conosaba/noticiasaominuto

Irão rejeita exigências de Trump para negociações: "Impor o seu domínio"

O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, disse hoje não aceitar as exigências dos países que insistem em negociar, um dia depois de o Presidente dos Estados Unidos ter anunciado que lhe tinha enviado uma carta a pedir diálogo.

"A insistência de alguns governos abusivos em encetar negociações não tem como objetivo resolver problemas, mas sim impor o seu domínio e impor as suas exigências", disse Khamenei, no que foi entendido como uma resposta aos apelos de Donald Trump para negociações.

"A República Islâmica do Irão não aceitará as suas exigências", acrescentou a principal autoridade política e religiosa do Irão, numa reunião em Teerão com altos funcionários do Governo iraniano.

Khamenei criticou também o que apelidou de "duplicidade de critérios" do Ocidente e afirmou que os princípios ocidentais são contrários aos princípios islâmicos.

"Não podemos seguir os princípios da civilização ocidental em matéria política e económica", afirmou.

Os comentários de Khamenei surgem um dia depois de Trump ter anunciado que enviou uma carta ao Irão a pedir negociações sobre um acordo nuclear.

"Temos uma situação com o Irão e algo vai acontecer muito em breve, muito, muito em breve", disse Trump aos jornalistas na Sala Oval, na sexta-feira, acrescentando que faltam apenas "os últimos retoques" para chegar a um acordo e que "vão ser dias interessantes".

O Presidente norte-americano insistiu que prefere "um acordo de paz à outra (opção militar)", algo que já tinha afirmado anteriormente, e garantiu que Washington não pode "permitir que eles tenham uma arma nuclear", referindo-se ao Irão.

Após o seu regresso ao poder, Trump voltou a impôr a chamada política de "pressão máxima" contra o Irão e aprovou novas sanções para cortar a venda de petróleo iraniano.

Khamenei, por seu turno, já tinha rejeitado a possibilidade de negociar, considerando que falar com Washington "não é sensato, não é inteligente e não é honroso".

A mais alta autoridade religiosa recordou que, em 2018, Trump abandonou o pacto nuclear de 2015, assinado entre o Irão e seis potências, que limitava o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções.

Após a saída dos Estados Unidos da América do acordo nuclear, o Irão está a enriquecer urânio muito acima do nível permitido e já tem 274 quilogramas enriquecidos a 60% de pureza, perto de 90% para uso militar, segundo a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

Conosaba/noticiasaominuto

Guiné-Bissau: oposição considera nulo decreto presidencial que marca eleições


Umaro Sissoco Embaló reuniu-se com partidos políticos para definir a data das eleições, com a ausência da coligação PAI TERRA RANKA e do partido APU-PDGB, que recusaram participar no encontro por considerar que o mandato de Sissoco Embaló terminou a 27 de Fevereiro. © Facebook Presidência da República da Guiné-Bissau


A oposição ao Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, considera nulo o decreto presidencial a marcar as eleições simultâneas para 23 de Novembro, refere-se num comunicado assinado pelas coligações API e PAI-Terra Ranka.

No documento, a Aliança Patriótica Inclusiva (API) e a Plataforma Aliança Inclusiva (PAI- Terra Ranka) consideram “nulo e inexistente” o decreto de sexta-feira e “reiteram a determinação em defender e respeitar a Constituição, a legalidade e os princípios democráticos”.

As duas coligações não compareceram na sexta-feira às audiências convocadas por Sissoco Embaló, por entenderem que o seu mandato de cinco anos terminou a 27 de Fevereiro.

Embaló acabou por se reunir com outras forças políticas do país e no final publicou um decreto a fixar a data das eleições gerais, legislativas e presidenciais para 23 de Novembro.

As duas coligações exortam ainda a Comissão Permanente do parlamento no sentido de “tomar medidas urgentes” para garantir o respeito da Constituição do país e ao Estado de direito democrático.

A API e a PAI-Terra Ranka afirmam ainda que responsabilizam o “ex-Presidente da República Umaro Sissoco Embaló pelas imprevisíveis consequências que possam advir desse seu acto absolutamente descabido”.

As duas coligações reafirmam que apenas se vão envolver em processos de diálogo promovido por Umaro Sissoco Embaló no quadro da mediação da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO).

A CEDEAO enviou uma missão de “alto nível político” a Bissau em Fevereiro para ajudar a classe política a encontrar consenso sobre o calendário eleitoral.

O Presidente guineense expulsou a missão por considerar que extravasou as suas competências ao se encontrar com elementos que não estavam no roteiro acordado com as autoridades do país.

As duas plataformas têm criticado Umaro Sissoco Embaló por não ter realizado eleições presidenciais ainda em 2024 e também por não ter realizado as legislativas 90 dias após ter dissolvido o Parlamento em Dezembro de 2023.

Conosaba/.rfi.fr/pt

Governo guineense aumenta preço base de venda por quilograma da castanha de caju



O primeiro-ministro guineense anunciou hoje que o preço base de venda da castanha de caju foi fixado em 410 francos CFA (0,63 euros) por quilograma, produto agrícola que representa 90% das exportações nacionais.

Rui de Barros falava no ato do lançamento oficial da campanha de 2025 de comercialização da castanha de caju que espera que seja "muito boa" ou "melhor da do ano passado", em que o preço base foi fixado em 350 francos CFA por quilograma e acabou por atingir 700 francos CFA devido à procura, disse.

"A castanha de caju é muito mais que um produto agrícola, ela é um símbolo da nossa cultura, da nossa identidade, da nossa capacidade de transformar desafios em oportunidades", declarou o primeiro-ministro guineense.

Rui de Barros enalteceu o facto de que o preço base fixado para a compra do produto no agricultor ter sido feito a partir de um "trabalho cuidadosamente definido" entre o Governo e os operadores do setor de forma a tornar o "produto acessível aos consumidores e sustentável aos produtores".

O ministro do Comércio, Indústria e Artesanato, Orlando Mendes Viegas, salientou as melhorias introduzidas pelo Governo na campanha de 2024, nomeadamente "melhor controlo do contrabando para o Senegal" como garantias de que a de 2025 "vai correr bem".

Dados do Governo guineense, em épocas anteriores, apontam que cerca de 90 mil toneladas da castanha do país são contrabandeadas para países vizinhos, nomeadamente para o Senegal, Gâmbia e Guiné-Conacri.

Ultimamente, o Governo guineense tem reforçado a vigilância nas fronteiras terrestres e marítimas que passam pela presença constante de elementos da Guarda Nacional nos postos de passagens entre os dois países e o confisco do caju apreendido em contrabando.

Orlando Viegas assinalou que o reforço da vigilância nas fronteiras com o Senegal, por exemplo, motivou o aumento de receitas do Estado derivadas da campanha de comercialização do caju em 2024.

O secretário-geral da Câmara do Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços, Saliu Bá, felicitou o Governo pelas medidas que têm sido tomadas para "favorecer um melhor clima de negócio do caju", mas destacou também ser necessário melhor controlo dos operadores sazonais.

Para este responsável do setor privado guineense, ao contrário de operadores residentes no país, os sazonais (compradores de ocasião) acabam por não cumprir com as obrigações fiscais.

Saliu Bá encorajou todos os intervenientes na fileira do caju a continuarem com as ações que possam favorecer o produto, que, disse, mereceu a elevação da Guiné-Bissau como o segundo maior produtor em África, a seguir à Costa do Marfim.

Conosaba/Lusa

Presidente da Guiné-Bissau marca eleições gerais para 23 de novembro






O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, marcou hoje para 23 de novembro eleições gerais, presidenciais e legislativas.

O chefe de Estado assinou hoje o decreto presidencial que fixa a data das eleições.

Sissoco Embaló tinha anunciado 30 de novembro, mas teve que ajustar a data ao período previsto na lei eleitoral, como explicou o próprio à Lusa.

O Presidente guineense fez o anúncio da data das eleições numa reunião com as forças políticas, que convocou para hoje.

Na reunião não estiveram presentes representantes da Plataforma Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka), a maioria deposta do Governo pelo Presidente, com a dissolução da Assembleia Nacional em dezembro de 2023.

Conosaba/Lusa

Guiné-Bissau: Umaro Sissoco Embaló “já não é Presidente da República"

Domingos Simões Pereira na RFI a 6 de Março de 2025. © rfi/Miguel Martins

Umaro Sissoco Embaló “já não é Presidente da República, no dia 27 de Fevereiro de 2025 chegou ao fim o seu mandato.” A afirmação é de Domingos Simões Pereira que acrescenta que quem deveria liderar o país até à realização de novas eleições, “é o presidente da Assembleia [Nacional Popular]”. O Presidente da ANP, deposto por Umaro Sissoco Embaló, defende que para se ultrapassar este impasse, “a Comissão Permanente da ANP devia tomar a iniciativa deste processo”. Confira aqui a entrevista.

RFI: Domingos Simões Pereira, é ex-presidente deposto da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau e presidente do PAIGC, na oposição no actual cenário político em Bissau.

Este fim de semana, na madrugada de 01 de Março, a missão da CEDEAO presente em Bissau saiu do país na sequência de ameaças de expulsão proferidas pelo Presidente Umaro Sissoco Embaló. Esta missão de alto nível da CEDEAO tinha como objectivo apoiar os actores políticos do país a encontrarem um consenso político para a realização de eleições inclusivas e pacíficas em 2025.

Qual é a posição do PAIGC em relação a esta expulsão?

Domingos Simões Pereira: Antes de mais agradecer o convite, mas corrigir que na nossa percepção e de acordo com a nossa Constituição da República, pode evocar-se a dissolução do Parlamento, mas o Presidente do Parlamento mantém-se em funções até à eleição de novos parlamentares. Eu não fui designado por ninguém, fui eleito pelos meus pares que saíram das últimas eleições legislativas. Portanto, a minha coligação [PAI-Terra Ranka] ganhou as eleições legislativas com maioria absoluta e em resultado disso, na primeira sessão, fui eleito Presidente da Assembleia Nacional Popular.

Em relação à questão que coloca sobre a CEDEAO, que é uma questão muito pertinente, penso que antes de responder a essa questão da missão, é importante enquadrar. É importante contextualizar a relevância da CEDEAO. Digo isso porque não só é a questão da pertença a esse espaço comunitário, mas o papel que a CEDEAO teve em todo o processo. É preciso lembrar que em 2019, na sequência das últimas eleições presidenciais, havia um contencioso eleitoral. Um contencioso eleitoral que tinha duas posições diametralmente opostas: a da CNE que anunciou os resultados, e do Supremo Tribunal de Justiça, que tinha dificuldades em aceitar esses resultados, porque - só por uma questão de memória das pessoas - quando o Supremo Tribunal de Justiça pediu à Comissão Nacional de Eleições para apresentar a acta síntese de apuramento dos resultados, a resposta foi que a Comissão Nacional se tinha esquecido de fazer esse apuramento.

Foi nessa altura que a CEDEAO entrou em cena com um comunicado da Comissão da CEDEAO, no qual reconhecia o Umaro Sissoco Embaló como vencedor das eleições.

A mesma organização que agora voltou ao país com o objectivo de encontrar um consenso político para a realização de novas eleições. Essa missão de alto nível da CEDEAO acabou por sair no fim-de-semana passado de Bissau, precisamente na sequência de ameaças de expulsão proferidas pelo Presidente.

Qual é a posição do PAIGC em relação a esta ameaça?

Tenho quase vontade de dizer que a CEDEAO está a experimentar o veneno que nós temos vindo a consumir este tempo todo. Desde que se instalou no poder, Umaro Sissoco Embaló sentiu que já não precisava da CEDEAO e não precisando da CEDEAO, toca a confrontá-los.

Eu fiz o enquadramento inicial porque é importante as pessoas perceberem que nós não estamos a exigir um posicionamento claro da CEDEAO, só por uma questão de nós pertencermos, mas por a CEDEAO ter tido o papel que teve em todo o processo.

Em todo o caso, desde sábado até agora, depois da saída da missão, a CEDEAO está em silêncio. É esperado um comunicado oficial e final sobre esta situação, que até agora não foi feito.

Eu estou de acordo que esse silêncio começa a ser demasiado ruidoso. Penso que se a CEDEAO não se pronuncia e se não se posiciona de forma muito clara, sustenta a posição daqueles que dizem que começa a ser uma entidade irrelevante.

Carlos Pinto Pereira, actual Ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, que foi seu advogado também, acusa a delegação da CEDEAO de ter “vilipendiado na praça pública” o nome do país, sublinhando que o executivo guineense “está inteiramente ao lado da posição do Presidente” e acrescenta que a Guiné-Bissau “aguarda da parte da CEDEAO uma retratação pública”.

A CEDEAO ao se ter desviado do roteiro inicial não atentou efectivamente contra o estado de direito? Tem, uma missão destas tem o poder de acrescentar reuniões?

Em condições normais, aquilo que nós pedimos, aquilo que nós defendemos, é que as instâncias internacionais existem no sentido de reforçar e não substituir os órgãos da nossa soberania. A questão é que a CEDEAO, já há algum tempo, reconhece que nós não estamos num quadro normal - por isso é que eu fiz o enquadramento inicial - e tem tido esse papel durante todo esse tempo.

Uma das primeiras posições que Umaro Sissoco Embaló assumiu, foi a de pedir a retirada da força que a CEDEAO tinha instalado na Guiné-Bissau, invocando que as nossas Forças Armadas eram suficientes para garantir a nossa soberania. Pouco tempo depois, fabricou o 01 de Fevereiro [de 2022], para justificar o regresso da CEDEAO, da força militar da CEDEAO. Só que desta vez não com a missão de estabilizar os outros órgãos de soberania, mas de garantir segurança a ele, garantindo a sua segurança para ele poder atacar os demais.

Portanto, com isso, o que é que eu pretendo dizer? É óbvio que a CEDEAO não deveria ter esse tipo de papel, mas teve-o na instalação de Umaro Sissoco Embaló enquanto Presidente da República. E é por isso que a CEDEAO tem a responsabilidade de acompanhar esse processo e garantir que há uma transição.

A nossa Constituição, conjugada com a nossa lei eleitoral, estabelece um calendário. É muito claro ao definir que o último dia do mandato do então Presidente da República devia ser o primeiro dia do novo Presidente eleito, o que significa que, por via dessa interpretação, se consegue estabelecer um calendário.

Umaro Sissoco Embaló no exercício da sua função enquanto Presidente da República, devia ter convocado eleições e permitido a realização de eleições para que no dia 27 de Fevereiro de 2025 nós estivéssemos a inaugurar o novo presidente.

Essa data é a data que defende a oposição. O Presidente defende que o seu mandato termina a 04 de Setembro. Na Guiné-Bissau, a Constituição e a lei eleitoral são passíveis de interpretações consoante a conveniência.

Não, não são. É de gente com défice de cultura democrática, de gente que tenta distrair a atenção das pessoas e vai evocando este tipo de argumentos que não têm qualquer tipo de sentido. Porque é que é dia 4 de Setembro?

Porque coincide com a data em que o Supremo Tribunal de Justiça encerrou o contencioso que se seguiu às eleições presidenciais de 2019.

Como é que fica a interpretação de que o início do seu mandato começa com a sua prestação de juramento? Ele prestou juramento no dia 27 de Fevereiro de 2020 e no dia 28 de Fevereiro de 2020 começou a tomar medidas, uma das quais a demissão do Governo e nomeação do novo Governo.

Como é que ficamos com o conjunto de actos que ele praticou entre Fevereiro de 2020 e Setembro de 2020?

Mas, em todo o caso, neste momento, o dia 27 de Fevereiro é passado, portanto, a data defendida pela oposição para termo de mandato já passou, faz parte do passado. O Presidente fala em eleições em Novembro. Portanto, uma das partes vai ter que ceder.

Sim. Estamos perante mais um golpe institucional. Estamos perante mais um golpe. A contradição é tão flagrante que mesmo que considerássemos a data que ele próprio escolheu - o dia 04 de Setembro - a questão é: faz-se eleições antes do fim do mandato ou depois do fim do mandato?

Se ele próprio escolheu o dia 04 de Setembro como último dia do seu mandato, a lógica não seria marcar eleições para que o novo Presidente eleito tomasse posse no dia 04 de Setembro. Mas ele - Umaro Sissoco Embaló - diz Novembro. Porque é que é Novembro?

Surpreendeu-o o anúncio do Sissoco Embaló, na segunda-feira, quando chegou a Bissau de dizer que se recandidatava nas eleições de Novembro. - eleições gerais, portanto, presidenciais e legislativas. Ele, que avançou ainda que terá uma vitória garantida à primeira volta, surpreendeu-o este anúncio?

Não, penso que não me surpreendeu a mim nem a nenhum guineense. Nós tivemos cinco anos muito difíceis. O povo guineense foi obrigado a aceitar uma imposição que lhe foi feita, porque o povo guineense não votou em Umaro Sissoco Embaló em 2019. Mas perante toda a pressão internacional e a conjuntura que se vivia, o povo guineense resignou-se a aceitar. E nós contribuímos em pedir ao povo guineense que fizesse essa concessão. E foram cinco anos muito difíceis.

Houve alguma conivência por parte da oposição, tendo em conta as acções do Presidente Umaro Sissoco Embaló?

Depende do que está a chamar de oposição. Nós somos muitas vezes rotulados de oposição, mas nós somos aquela oposição que ganha todas as eleições. É uma oposição muito especial.

Nós nunca estivemos coniventes com Umaro Sissoco Embaló. Simplesmente, confrontados com a tal situação do Covid que era evocada pela CEDEAO e pelo conjunto de propostas que foram colocadas à mesa, entendemos que era favorável encontrar um entendimento, um compromisso. Desde o primeiro dia do estabelecimento deste compromisso que nunca foi respeitado e é esse o quadro.

O Presidente do país avançou que vai convocar os partidos para consultas antes de produzir o decreto de fixação das eleições gerais. A Presidência anunciou ter convocado para esta sexta-feira o PAIGC para audiências. Vai comparecer? O PAIGC vai comparecer a esta reunião?

Primeiro, é preciso deixar bem claro que o cidadão Umaro Sissoco Embaló não é Presidente da República. Foi Presidente da República e assumiu a posse no dia 27 de Fevereiro de 2020 e no dia 27 de Fevereiro de 2025, chegou ao fim o seu mandato.

Mas não deve continuar o mandato até novas eleições? Quem é que vai liderar o país?

Não, isso não existe em nenhuma Constituição, sobretudo de sistema semipresidencial. Isso existe para governos, os governos aguardam até a nomeação de novos governos. Existe para a Assembleia da República, os deputados aguentam-se até a eleição dos novos deputados não existe para Presidente da República. A Constituição da República deixa muito claro quais são os mecanismos para substituição perante o seu impedimento, seja temporário, seja definitivo, como é neste caso.

Agora, mesmo em termos de substituição temporária, o cidadão ou o Presidente - na altura - Umaro Sissoco Embaló, tem tão grande déficit de cultura democrática que quando viajava, não era o presidente da Assembleia Nacional Popular que o substituía. Ele deixava como substituto, inicialmente, o chefe do Governo, o primeiro-ministro e, mais tarde, o ministro do Interior. Tal é a forma arrogante e o desprezo que ele tem em relação à ordem constitucional.

Se Umaro Sissoco Embaló não é ou deixou de ser Presidente da Guiné-Bissau, considerando que o mandato terminou a 27 de Fevereiro, quem deveria estar a assumir esse cargo neste momento?

A Constituição da República é muito clara em relação a isso: é o Presidente da Assembleia e o Presidente da Assembleia sou eu e, portanto, é essa a responsabilidade que eu tenho.

Nós entendemos que, mais do que brigar essa questão, quem deve estar, quem não deve estar - de acordo com a Constituição não há nenhuma dúvida sobre isso - nós fizemos uma proposta que pensamos que podia e deve contribuir para ultrapassarmos esse debate.

Nós entendemos que pode se discutir esta questão, o que não se pode discutir é que a Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular é uma entidade colegial competente e vocacionada para garantir a gestão desse processo de transição e, portanto, nós entendemos - em reunião que foi convocada por mim e em que compareceram os membros da Comissão Permanente - que a Comissão Permanente devia tomar a iniciativa deste processo, convocar as outras forças políticas e mesmo outras entidades da sociedade civil para uma plataforma de diálogo inclusivo a nível nacional, no qual as questões mais prementes seriam debatidas e procurava-se um consenso.

Mas esse diálogo é possível sem Umaro Sissoco Embaló?

Umaro Sissoco Embaló já não é Presidente da República.

Na sua leitura, na leitura do PAIGC e de Domingos Simões Pereira. Na leitura dele, ele continua a ser Presidente da República.

Sim, mas isto não deve ser uma questão de leitura de Domingos Simões Pereira ou leitura dele.

Mas mesmo os próprios analistas se dividem em relação à Guiné-Bissau.

Sim e se convidássemos também se dividiam em relação a qualquer assunto. Agora há factos. Penso que a RFI não tem dificuldades em verificar quando é que Umaro Sissoco Embaló começou a exercer a competência de Presidente da República.

Mas não é a RFI que carimba o início ou o fim de mandatos.

Mas pode constatar.

A questão é: neste momento, como é que se sai deste impasse?

Permitindo que haja um diálogo nacional que nós estamos a propor através da Comissão Permanente. Eu penso que é nesse sentido que a CEDEAO, reconhecendo o papel que teve ao longo de todo esse processo, se apresenta na Guiné-Bissau, propondo um mecanismo de diálogo.

É esse o mecanismo de diálogo que durante estes cinco anos, Umaro Sissoco Embaló enviesou, levando à CEDEAO a sua leitura, a sua interpretação dos factos.

Quando ele dá conta que a CEDEAO, desta vez, está a constatar a verdade daquilo que acontece na Guiné-Bissau, tem que dar ordem de expulsão.

Na Guiné-Bissau, estão reunidas as condições para as eleições, sejam elas na data pedida pela oposição ou na data pedida pelo Presidente?

Há alguma razão porque o legislador exige sempre um período de 60 dias, neste caso, em condições normais, 90 dias para a preparação das eleições. Se nós considerarmos.

Se houver vontade, as eleições podem ser realizadas em Maio?

Com certeza, com certeza. Basta haver vontade e mobilizar-se a sociedade.

Nós podemos ficar aqui a discutir, a evocar leis, doutrinas… O povo guineense está a sofrer, mas está a sofrer terrivelmente. Posso lhe garantir que conheço famílias que têm problemas de garantir uma alimentação diária. As escolas estão fechadas há muito tempo. O nosso sistema de saúde está de rastos. A situação na Guiné-Bissau é catastrófica.

É importante que os nossos parceiros e todos aqueles que nos acompanham deixem de acompanhar a situação da Guiné-Bissau numa perspectiva prosaica. A Guiné-Bissau está sequestrada por um senhor que utilizou mecanismos vários que provavelmente aprendeu noutras latitudes. Sequestrou a Guiné, instrumentalizou instâncias que lhe permitem usar a força e está arrastando o país para um beco sem saída. É preciso parar.

Como é que se justifica que, com esta contestação interna, com este imbróglio com a CEDEAO, Umaro Sissoco Embaló continua com o apoio do Governo e com os tapetes vermelhos estendidos por este mundo fora. Acabou de chegar da Rússia, Azerbaijão, Hungria. Esteve aqui em Paris. Há um anúncio também de uma deslocação aos Estados Unidos.

Para a comunidade internacional é indiferente à situação política interna do país?

Parece. Se fizermos essa leitura, é exactamente aquilo que transparece, porque é completamente contraditório.

Como é que olha para as relações especificamente entre Umaro Sissoco Embaló e Emmanuel Macron [Presidente de França]?

Alguma coisa não bate certo. Eu não tenho elementos suficientes para poder identificar exactamente o que é que está mal. Mas algo está terrivelmente mal. Penso que um país como a França é conhecido por outros valores. Temos a tendência de olhar para países como a França, Inglaterra e outros e dizer que a democracia liberal tem nesses países o seu fundamento.

Mas há talvez uma explicação que teria a ver com alguma dificuldade que a França de repente começou a ter na nossa sub-região. Umaro Sissoco Embaló, sendo um oportunista político exímio, terá identificado isso, terá percebido que a França está a passar por um período de alguma dificuldade em relação a alguns países e apressou-se a se posicionar como um potencial salvador dos interesses da França naquela sub-região. Mas isto não justifica tudo. Eu penso que a França é uma grande potência, tem não só competência, mas tem obrigação de ter mais informação.

Mas falta informação ou fecha os olhos a essa informação?

Não tenho como aceder. Só posso considerar que ou é uma terrível falta de informação ou é um desprezo para aquilo que nós representamos enquanto povo e enquanto nação.

A Guiné-Bissau deve receber este ano a presidência da CPLP e, consequentemente, a cimeira do bloco. Há condições para a realização desta cimeira em Bissau e a realizar-se, não é mais uma vez, a validação do modus operandi do Umaro Sissoco Embaló?

Absolutamente. É da responsabilidade dos Estados-membros da CPLP avaliarem se querem realmente ser presididos por um presidente fora do seu mandato. O mandato de Umaro Sissoco Embaló terminou no dia 27 de Fevereiro de 2025.

Se a Comunidade de Países de Língua Portuguesa se sente honrada por ser presidida por um presidente que não realiza eleições dentro dos prazos constitucionalmente estabelecidos, compete à nossa organização decidir.

Deve a Guiné-Bissau ponderar manter-se na CEDEAO?

Este não é o momento para se discutir isso. Eu penso que todos os Estados-membros da CEDEAO deviam, a meu ver, em vez de ficarem por esta divisão entre quem acha que devem manter-se e quem acha que devem sair, deviam perceber que algumas das questões que esses países, agora tratados como países do Sahel, colocam, a comunidade dos países na CEDEAO também colocam essas questões: a questão da moeda do franco CFA, da paridade com o euro, as próprias relações com França e com outros países do Ocidente… são questões que os cidadãos da CEDEAO colocam. Portanto, devia-se abrir uma plataforma de diálogo e que pudesse enquadrar.

A CEDEAO tem perdido muito espaço, tem perdido muito fôlego. É preciso ser capaz de permitir uma reavaliação dos mecanismos. Eu sei que muito daquilo que é a nossa integração regional se inspira do formato europeu, mas o formato europeu levou 80 e tal anos a se construir e, portanto, nós devemos encontrar outros mecanismos que compensem a falta de consolidação de alguns princípios que ainda lá não estão presentes.

Vai voltar a candidatar-se à Presidência da Guiné-Bissau?

Eu sou o presidente do maior partido político da Guiné-Bissau, o partido histórico que é o PAIGC. Eu sou o presidente da coligação PAI-Terra Ranka que ganhou as últimas eleições com uma maioria absoluta. Se o meu partido e a minha coligação mantiverem a sua escolha em mim, eu estou disponível e estou pronto.

O militante do PAIGC Domingos Simões Pereira tem vontade em assumir esta candidatura?

A maior motivação que eu tenho para a minha vida é servir à Guiné-Bissau. E perante isso, estou disposto a tudo isso.

É um sim?

É um sim. É um sim redondo e sem qualquer tipo de hesitação.

Conosaba/rfi.fr/pt