Conflito entre Israel e Irão: "Palestinianos continuam a ser os grandes perdedores" AP - Abdel Kareem Hana
Gaza – A intensificação do conflito entre Israel e o Irão está a desviar a atenção internacional do drama humanitário vivido há quase dois anos na Faixa de Gaza. Segundo o investigador português José Pedro Teixeira Fernandes, “os palestinianos ficam aqui completamente perdidos nesta conflitualidade do Médio Oriente”, sendo mais uma vez os grandes esquecidos nas prioridades geoestratégicas da região.
Para o investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI) e professor do Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo (ISCET), a guerra aberta entre Telavive e Teerão teve como consequência imediata “secundarizar o problema de Gaza”, bem como travar as conversações internacionais que visavam a criação de um Estado palestiniano. "Mais do que o Hamas, os palestinianos são mais uma vez os grandes perdedores”, sublinha o investigador lembrando que o actual confronto entre Israel e o Irão teve como efeito colateral a "secundarização do problema de Gaza" e a suspensão das conversações internacionais que visavam um eventual Estado palestiniano.
Com a guerra a escalar entre Israel e o Irão, o foco regional mudou: “Das prioridades do Médio Oriente, e existindo um conflito militar aberto, ainda por cima envolvendo aqui questões nucleares, o problema de Gaza passa para segundo plano”, reforça José Pedro Teixeira Fernandes.
Nos últimos 20 meses, Gaza está sob bombardeamentos de Israel. Segundo fontes internacionais, mais de 50.000 pessoas foram mortas e 92% dos edifícios residenciais foram destruídos ou gravemente danificados, transformando a Faixa de Gaza numa “prisão a céu aberto”, como descreve a ONU.
A população vive cercada, proibida de sair e em condições de sobrevivência. A fome é generalizada, e o acesso à ajuda humanitária é escasso e perigoso. Nas últimas semanas, vários palestinianos foram mortos enquanto esperavam pela distribuição de alimentos. “A Faixa de Gaza tornou-se o lugar mais faminto do planeta”, acrescentou a ONU.
Mais de um milhão de menores vivem em Gaza, e 658.000 deles não vão à escola desde Outubro de 2023 uma vez que cerca de 90% das escolas e universidades foram bombardeadas ou destruídas.
Por: Lígia ANJOS
Conosaba/rfi.fr/pt
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