França admite reconhecer Estado palestiniano em Junho. (ilustração) AP - Yoan Valat
Gaza – O Presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou esta quarta-feira, 9 de Abril, que a França pode reconhecer o Estado palestiniano já em Junho, durante uma conferência que vai co-presidir com a Arábia Saudita nas Nações Unidas, em Nova Iorque. Até o momento, 148 dos 193 países membros das Nações Unidas reconhecem oficialmente o Estado da Palestina.
Em entrevista à televisão pública France 5, Emmanuel Macron admitiu que a França poderá reconhecer o Estado da Palestina já em Junho, num gesto que pode abalar os alicerces da política externa europeia e conduzir outros países a tomar a mesma decisão.
A declaração foi feita no regresso de uma visita ao Egipto, onde, nos primeiros momentos, Emmanuel Macron evitou comprometer-se. Ao segundo dia, em El-Arish, e com o cenário dramático em Gaza como pano de fundo, o Presidente francês mudou de tom. A ofensiva militar israelita, relançada após o fim da trégua a 18 de Março, matou em três semanas 1.400 pessoas, segundo dados do ministério da Saúde do Hamas. A crise humanitária agrava-se e Paris reagiu perante a urgência.
"Devemos caminhar para o reconhecimento [do Estado palestiniano] e é assim que avançaremos nos próximos meses", declarou Emmanuel Macron, lembrando que a França vai co-presidir uma conferência internacional, em Junho, ao lado da Arábia Saudita, nas Nações Unidas, em Nova Iorque. Segundo o Presidente francês, este passo deve integrar uma “dinâmica colectiva” que reforce não só a viabilidade de dois Estados - Israel e palestiniana- mas também leve países árabes tradicionalmente solidários com a causa palestiniana a reconhecerem Israel.
Desta forma, Emmanuel Macron quer liderar um movimento coordenado no processo de paz. E insiste que a decisão não responde a pressões externas, nem a agendas eleitorais, mas a uma convicção de que a diplomacia precisa, agora mais do que nunca, de sinais claros.
Se a França reconhecer o Estado palestiniano será o primeiro membro do G7 a fazê-lo. As grandes potências continuam paralisadas entre receios estratégicos e compromissos históricos. Até agora, 148 dos 193 países membros das Nações Unidas reconhecem oficialmente o Estado da Palestina.
O ministra de Estado dos Negócios Estrangeiros palestiniano, Varsen Aghabekian Shahin, saudou o anuncio de Emmanuel Macron como “um passo na direcção certa”, alinhado com a defesa dos direitos do povo palestiniano e com a necessidade de uma solução política credível.
Do lado israelita, a reacção foi diferente. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, classificou o eventual reconhecimento como “uma recompensa ao terror”, argumentando que tal gesto reforçaria o Hamas - grupo considerado terrorista por Israel, EUA, UE e outros países ocidentais.
No entanto, para Emmanuel Macron, o reconhecimento da Palestina pode ser o contrário: uma forma de isolar os que negam o direito de Israel existir, como o Irão, e reforçar uma arquictetura de segurança regional mais estável e equilibrada.
Por: Lígia ANJOS
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