terça-feira, 15 de abril de 2025

Tribunal guineense autoriza trasladação do corpo de brasileiro condenado por tráfico



Um tribunal da Guiné-Bissau autorizou a transladação para o Brasil do corpo do brasileiro que tinha sido condenado a 17 anos de prisão por tráfico de droga, disse hoje um dos advogados de defesa.

De acordo com o advogado, mesmo com a autorização do Tribunal da Relação, a 07 de abril, o corpo de Marlos Alberto Balcaçar ainda continua na morgue do Simão Mendes, principal hospital da Guiné-Bissau, onde morreu em 03 de março.

A defesa entregou ao tribunal a cópia da certidão de óbito emitida pelos serviços de identificação civil, registo e notariado do Ministério da Justiça, mas até hoje o mesmo Ministério não emitiu a ordem para a libertação do corpo, disse a mesma fonte.

"Sendo a morte uma das causas de extinção da responsabilidade criminal (...) e do procedimento criminal em curso concernente ao arguido Marlos Alberto Balcaçar", o corpo deste pode ser transferido para o seu país de origem, explicou o advogado.

A família de Marlos Balcaçar assume pagar a transferência do corpo já que, disse ainda o advogado, as autoridades de Bissau e de Brasília "não se mostram abertas para pagar as despesas".

"Brasil alega que nao existe nenhum acordo com a Guiné-Bissau", enfatizou o advogado, que pede às autoridades judiciais da Guiné-Bissau a devolução de um telemóvel do falecido que ainda continua na posse do tribunal que o julgou e condenou em 06 de janeiro, juntamente com outros quatro arguidos (dois mexicanos, um colombiano e um equatoriano).

Estes viajaram do México até ao aeroporto internacional Osvaldo Vieira, em Bissau, em 07 de setembro do ano passado, a bordo de um jato com cerca de 2,6 toneladas de droga.

Os arguidos disseram em tribunal que a droga se destinava ao Mali e que o avião só aterrou em Bissau, numa situação de emergência, por falta de combustível.

O tribunal condenou-os pelos crimes de "tráfico de substâncias estupefacientes agravado e utilização ilícita de uma aeronave", confiscada a favor do Estado guineense.

Por se encontrar doente e internado, Marlos Balcaçar não assistiu ao julgamento e morreu em 03 de março.

Conosaba/Lusa 

Nota de Esclarecimento em Resposta às Declarações de Ativistas do PAIGC sobre Sr. Braima Camará


Tem causado estranheza a recente onda de críticas dirigidas ao líder do MADEM-G15, Braima Camará, por parte de alguns ativistas ligados ao PAIGC, unicamente pelo fato de ter promovido um processo de reconciliação interna no seio do nosso partido, o Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15).

Cumpre esclarecer que o cidadão Braima Camará não integra o atual governo. Ao contrário, os principais dirigentes do PAIGC — partido que atualmente lidera o executivo — ocupam posições de destaque na governação. São, portanto, corresponsáveis pela condução do governo que, contraditoriamente, classificam como "ilegal".

O Silêncio das lideranças do PAIGC
É também oportuno recordar que o atual Primeiro-Ministro, Rui Duarte de Barros, dirigente de topo do PAIGC e cabeça de lista nas últimas eleições, assumiu o cargo em circunstâncias que geraram controvérsia inclusive dentro do próprio partido.

O PAIGC, que frequentemente reivindica a legalidade e a ética na vida pública, optou por um silêncio absoluto diante da nomeação de um governo que sucedeu à demissão do anterior executivo — tido por muitos como legítimo — e que está envolvido em graves denúncias de desvio de recursos públicos no montante de 6 bilhões de FCFA.

Reafirmamos que o silêncio institucional, nesses casos, não pode ser interpretado como neutralidade. Trata-se, antes, de um sinal de conivência.

O povo da Guiné-Bissau merece lideranças com coragem, firmeza e coerência — não dirigentes que escolhem o silêncio quando a sua voz é mais necessária.

Eleições no STJ: DEPUTADO SANDJI FATI PRESIDE A COMISSÃO ELEITORAL


Foto/arquivo
O Conselho Superior da Magistratura Judicial marcou para o dia 16 de maio do ano em curso, as eleições do Presidente e do Vice-Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do Conselho Superior da Magistratura Judicial.

A decisão foi tomada na reunião extraordinária daquele órgão, através da deliberação n°1/2025, datada de 10 de abril, na qual pode ler-se que foi registado o pedido de Jubilação do Venerando Juiz Conselheiro António Lima André, pelo limite de idade, sem prejuízo de se manter em funções para a gestão de assuntos correntes, até à tomada de posse do novo presidente eleito.

Os membros do Conselho Superior da Magistratura Judicial indicaram o jurista e deputado do Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), Sandji Fati, como presidente da Comissão Eleitoral para a realização das Eleições do Presidente e do Vice-Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do Conselho Superior da Magistratura Judicial.

Fati, que ocupou vários cargos ministeriais no país, vai ser coajuvada por Mirza Laura Bamba Akiss Bamba, Secretária da Comissão, Laniela Tavares Lima, primeira Escrutinadora e Humilhano Alves Cardoso, Segundo Escrutinador.

Refira-se que o então presidente do Supremo Tribunal de Justiça, José Pedro Sambu, renunciou no dia 6 de novembro ao cargo para o qual foi eleito em dezembro de 2021, justificando não ter mais condições para continuar, por um grupo de homens armados das Forças de Defesa e Segurança lhe ter impedido, sem um mandado judicial, de sair da sua casa no dia 3 para ir ao serviço.

Desde o dia 6 de novembro de 2023 que o juiz Conselheiro Lima António André, então Vice-Presidente do STJ, exerce as funções do Presidente do STJ, depois deste ter presidido, “a revelia” no dia 19 de outubro de 2023, a uma reunião do Conselho Superior da Magistratura Judicial em que ordenou a suspensão de funções do José Pedro Sambu.

Por: Tiago Seide
Conosaba/odemocratagb

PR guineense anuncia taxa aduaneira de 10% na importação dos Estados Unidos


Bissau, 14 abr 2025 (Lusa) – O presidente guineense, Umaro Sisssoco Embalo, anunciou hoje que o país vai assumir “o princípio de reciprocidade” e fixar também uma tarifa aduaneira de 10% aos produtos importados dos Estados Unidos de América com quem admite “conversar depois”.

“Já disse que não existem Estados pequenos, existem países pequenos”, observou Umaro Sissoco Embaló, à margem de uma visita às obras de construção de um “novo hospital de referência”, em Bissau, financiado pelos Emirados Árabes Unidos.

A administração do presidente norte-americano, Donald Trump fixou uma taxa de 10% aos produtos provenientes da Guiné-Bissau, uma medida que Umaro Sissoco Embalo considera normal.

“Nós também vamos fixar-lhes as tarifas. É vice-versa (…). Trump é presidente dos Estados Unidos, Umaro Sissoco Embaló é presidente da Guiné-Bissau”, defendeu Embalo.

Na comitiva presidencial que visitou as obras do futuro novo hospital, se encontrava o ministro da Economia, Soares Sambu, a quem Umaro Sissoco Embalo pediu que identificasse os produtos importados dos Estados Unidos para serem taxados em 10%.

“Depois conversamos”, disse Umaro Sissoco Embalo e lembrou ter dado a mesma resposta quando os Estados Unidos sancionaram o país, em 2023, alegando falhas no combate ao tráfico de seres humanos.

“É como quando nos sancionaram, nós também produzimos um decreto e sancionar os Estados Unidos. Simples. Depois conversamos, entendemos que foi um erro (da parte dos Estados Unidos) e nós também retiramos as nossas sanções (contra eles), tudo isso sempre numa dinâmica de que não existe Estado pequeno”, sublinhou o presidente guineense.

No passado dia 18 de março e à saída de uma audiência com Sissoco Embalo, em Bissau, o embaixador norte-americano para o Senegal e Guiné-Bissau, Michael Raynor desmentiu que o seu país tenha imposto alguma sanção à Guiné-Bissau.

“Quero agradecer a oportunidade de esclarecer que nunca houve sanções impostas à Guiné-Bissau sobre o tráfico de pessoas ou outras quaisquer”, afirmou Raynor para acrescentar que “houve sim restrições nas relações e parcerias”.

O diplomata norte-americano observou que as restrições foram levantadas em 2024 devido aos esforços no combate ao tráfico de pessoas, fazendo com que a Guiné-Bissau fosse retirada da categoria menor nessa luta.

MOVIMENTOS DE CIDADÃOS AFRICANOS APELAM A CEDEAO E A UNIÃO AFRICANA PARA QUE SE MOBILIZEM CONTRA “A DERIVA AUTORITÁRIA” NA GUINÉ-BISSAU


Os movimentos de cidadãos africanos, os ativistas e os atores da sociedade civil da Guiné-Bissau, Senegal, Gâmbia, Gana e Nigéria, apelam à CEDEAO, à União Africana e à opinião pública africana e internacional para que se mobilizem contra a deriva autoritária na Guiné-Bissau, lembrando que, desde a eleição de Umaro Sissoco Embaló como Presidente da República, a Guiné-Bissau tem registado uma instabilidade política e institucional persistente.

Em comunicado feito em Dakar, no Senegal, com a data de 14 de abril de 2025, o grupo recorda que a residência de Bubacar Turé em Bissau foi invadida por um grupo de seis agentes de segurança.

“Estes entraram em casa sem mandado de busca e sem o consentimento da família, alegando que procuravam o Presidente da LGDH por razões ainda desconhecidas. A busca foi sistemática, incluindo as casas de banho, mergulhando a família, em particular as crianças, num profundo estado de pânico. Este ato faz parte de uma série de ataques do regime autoritário de Bissau contra defensores dos direitos humanos e vozes dissidentes” lê-se na declaração conjunta, sublinhando que se trata de uma clara tentativa de silenciar aqueles que denunciam as inúmeras violações dos direitos humanos no país.

Os movimentos de cidadãos africanos, os ativistas e os atores da sociedade civil denunciam “com veemência” esta perseguição e responsabilizam o

Regime do Presidente Umaro Sissoco Embaló pela vida, integridade física e segurança de Bubacar Turé, que tem sido vítima de repetidas intimidações, particularmente desde as suas revelações sobre graves violações no sistema nacional de saúde, envolvendo mortes suspeitas de pacientes no hospital nacional Simão Mendes.

“Cabe ao Ministério Público abrir um inquérito sério sobre estas alegações. Em vez disso, o regime optou pela repressão e pelo terror, enviando as forças de segurança para invadir a casa de um importante ator da sociedade civil. Este último ataque tem por objetivo silenciar as vozes críticas que denunciam a destruição progressiva das instituições democráticas no país. Ocorre também num contexto em que a democracia está a ser impedida neste país de resistência” insistiram.

O grupo fez várias referências, nomeadamente a marcação das eleições legislativas e presidenciais para 23 de novembro, contrariamente à data original de 30 de novembro, a dissolução da ANP, a demissão do governo e a nomeação do executivo “da iniciativa presidencial” e a invasão por homens armados do Supremo Tribunal de Justiça, obrigando à substituição do “presidente legal” deste órgão pelo seu vice-presidente.

Recordou ainda da expulsão, na noite de 1 de março, da missão de facilitação da
CEDEAO – que deveria reunir-se com todas as partes interessadas -ilustra a “recusa do Presidente Embaló em dialogar e constitui uma violação flagrante do Protocolo Adicional da CEDEAO sobre Democracia e Boa Governação”.

“A liberdade de manifestação foi completamente violada na Guiné-Bissau. Em 18 de maio de 2024, uma manifestação pacífica convocada pela Frente Popular foi brutalmente reprimida e cerca de 93 pessoas, entre as quais 14 mulheres e 2 jornalistas, foram detidas e torturadas, incluindo o coordenador do movimento. A liberdade de expressão também sofreu um declínio preocupante” lê-se no comunicado consultado pelo O Democrática, argumentando que, de acordo com o relatório de 2024 dos Repórteres sem Fronteiras, a Guiné-Bissau caiu para o 92° lugar no índice mundial de liberdade de imprensa, em comparação com o 78° lugar em 2023.

“Esta degradação deve-se principalmente à pressão política exercida sobre os jornalistas. Em 20 de novembro de 2024, Carabulai Cassama (Capital FM) e Turé da Silva (Rádio Sol Mansi) foram violentamente agredidos pela polícia” recordou o grupo, reafirmando a sua solidariedade e apoio incondicional aos ativistas pró-democracia na Guiné-Bissau.

“O seu empenhamento na defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais é admirável e crucial num contexto de crescente repressão” finalizou o grupo.

Por: Tiago Seide
Conosaba/odemocratagb

Tratamento de hemodiálise: FRENTE SOCIAL PEDE INVESTIGAÇÃO RESPONSÁVEL E IMPARCIAL PARA CLARIFICAR A DENÚNCIA DA LGDH


A Frente Social, uma organização sindical que congrega a SINDEPROF, a FRENAPROFE, o SINETSA e o SINQUASS, pede uma investigação imparcial que poderá trazer aos guineenses a verdade em relação a denúncia feita pelo presidente de Liga Guineense dos Direitos Humano (LGDH), Bubacar Turé, assim como outras denúncias feitas como contrabando de medicamentos e venda ilegal de medicamentos no sentido de imputar a responsabilidade sobre quem é responsável.

O pedido foi feito esta segunda-feira, 14 de abril de 2025, pelo porta-voz da Frente Social, Yoio João Correia, em conferência de imprensa que teve como objetivo manifestar as suas preocupações em relação às denúncias feitas pelo presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos em como os pacientes submetidos ao tratamento de Hemodiálise estariam todos mortos.

Perante a situação, o sindicalista pediu aos técnicos de saúde e a população em geral a manterem-se serenos e aguardarem as autoridades competentes a fazerem seus trabalhos ou seja, a fazerem uma investigação responsável para o apuramento de verdades.

Igualmente pediu aos profissionais de saúde no sentido de evitarem qualquer comportamento que poderá por em causa as suas dignidades.

Em relação à perseguição do presidente de Liga, o porta-voz da Frente Social disse que não devia constituir objeto de perseguição a pessoa do Presidente de Liga Bubacar Ture mas sim recorrer aos meios legais de responsabilizar alguém que fez uma determinada comunicação.

Por: Carolina Djeme
Conosaba/odemocratagb

VICE-PRESIDENTE DA LGDH RESPONSABILIZA GOVERNO PELAS PERSEGUIÇÕES E TENTATIVAS DE SEQUESTRO AO BUBACAR TURÉ

A vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Claudina Veigas, responsabilizou esta segunda-feira, 14 de abril de 2025, o governo liderado por Rui Duarte de Barros, pelas perseguições e tentativas de sequestro e espancamento ao presidente da Liga, Bubacar Turé.

Claudina Veigas falava numa conferência de imprensa conjunta realizada na sede daquela organização em Bissau, na qual disse que a direção da Liga Guineense dos Direitos Humanos tem estado a acompanhar com profunda preocupação a onda de perseguições, intimidações e tentativas de prisão abusiva do seu presidente Bubacar Turé, perpetrados por elementos do Departamento de Informação Policial e Investigação Criminal do Ministério do Interior que ocorreram não somente aquando da intromissão indevida e ilegal na sua residência, com forte aparato policial colocado no porto de Bissau.

A responsável daquela organização de defesa dos direitos humanos informou que foi deslocado um contingente da Guarda Nacional e de repressão do regime para patrulhar e inspecionar viaturas que saem de Buba, mobilização a tempo integral de agentes à paisana nas imediações da sua residência, com a única intenção de sequestrar ou eventualmente assassinar o presidente Bubacar Turė.

“Perante este cenário de perseguição desenfreada, a Liga Guineense dos Direitos Humanos condena vigorosamente todas as ameaças contra a integridade do seu presidente e serve-se deste meio para trazer ao conhecimento público nacional e internacional, este ato de afrontosa perseguição a um defensor dos direitos humanos, pura e simplesmente por estar a realizar o seu trabalho, assegurando desde já que não hesitará em responsabilizar diretamente os autores morais e materiais destes atos totalmente inaceitáveis num estado democrático de direito”, sublinhou.

Advertiu que a liberdade de expressão para além de ser um direito fundamental constitucionalmente assegurado à todos os cidadãos, constitui um dos alicerces da democracia e do estado de direito, sendo assim, todas as tentativas de limitar o exercício deste direito fora dos termos previstos na constituição e nas leis, traduzem-se numa afronta aos princípios que enformam o estado de direito. Acrescentando que a liga não encontra nas declarações proferidas pelo seu presidente, quaisquer indícios que apontem o cometimento de crime previsto e punível no ordenamento jurídico guineense, mas se por ventura alguém se sentir ofendido que apresente a competente queixa-crime que aquela organização, através do seu presidente responderá e se defenderá no juízo e fora dele.

“Queremos exortar o Ministério Público, enquanto titular da acção penal e as autoridades judiciários no sentido de enveredarem pela via da legalidade, caso haja a necessidade de qualquer solicitação ou notificação que esta seja dirigida à sede da Liga Guineense dos Direitos Humanos, endereço profissional fixo. Bubacar Turé, pronunciou-se enquanto presidente da liga sobre denuncias recebidas pela entidade por parte de utentes do sistema de saúde que se queixaram de entre outros, venda de medicamentos gratuitos, falta de cuidados nos serviços da maternidade, mortes alegadamente associadas a hemodiálise”, sublinhou.

Por: Aguinaldo Ampa
Conosaba/odemocratagb

Mondlane ameaça com protestos “100 vezes piores” se continuar ”perseguição política”



A 23 de março Mondlane e o Daniel Chapo, presidente já empossado, encontraram-se pela primeira vez, tendo sido assumido o compromisso de cessar a violência no país

O ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane ameaçou esta segunda-feira convocar protestos “100 vezes piores” se a “perseguição política” aos seus apoiantes continuar, um dia após um dos seus aliados ter sido baleado no centro de Moçambique.

“Queremos avisar o presidente, que foi colocado [na presidência] pela Unidade de Intervenção Rápida [polícia], que esta é a ultima chance que tem (…). A próxima vítima que eles tentarem fazer, nós vamos acionar o `Turbo V24 ultra´ [terminologia usada pelo político para classificar diferentes fases de protestos] (…). Estamos à espera de mais um ferido ou um morto. Aquilo que viram até hoje vai ser 100 vezes pior”, declarou Mondlane perante milhares de simpatizantes num comício em Quelimane, na província da Zambézia, centro de Moçambique.

Em causa está o facto de ter sido baleado, no domingo, Joel Amaral, músico apoiante de Mondlane e autor de temas que mobilizaram simpatizantes nas campanhas eleitorais para as autárquicas (2023) e depois para as presidenciais (2024).

Amaral, que está agora sob “cuidados intensivos e evoluir bem”, foi alvejado por desconhecidos no bairro Cualane 2.º, na cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia.

“A lesão simplesmente esteve ao nível do couro cabeludo. Ele foi dirigido ao bloco operatório onde foi feita uma limpeza exaustiva, profunda e não foi encontrada nenhuma presença de bala”, disse hoje Palmira Nascimento, porta-voz do Hospital central de Quelimane, onde a vítima está internada,

Para Mondlane, trata-se mais um caso de “intolerância política”.

“Da nossa organização, tiraram a vida de um total de 47 coordenadores nossos, apresentamos queixa à Procuradoria e até agora a justiça não foi feita”, declarou o político.

Mondlane, que rejeita os resultados das eleições de 09 de outubro, liderou, nos últimos cinco meses, a pior contestação aos resultados eleitorais que o país conheceu desde as primeiras eleições multipartidárias (1994), com protestos em que cerca de 390 pessoas perderam a vida em confrontos com a polícia, segundo dados de organizações da sociedade civil, degenerando, igualmente, em saques e destruição de empresas e infraestruturas públicas.

O Governo moçambicano confirmou anteriormente, pelo menos, 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

Contudo, a 23 de março, Mondlane e o Daniel Chapo, presidente já empossado, encontraram-se pela primeira vez e foi assumido o compromisso de cessar a violência no país.

“Eu fui obrigado a ir apertar a mão ao Presidente que foi colocado pela Comissão Nacional de Eleições e pelo Conselho Constitucional porque me garantiram que a perseguição, as mortes e os sequestros iriam parar. Mas, com o que aconteceu com o Joel Amaral, eles estão a cumprir?”, questionou o político.

Logo após as eleições gerais de 2024, o assessor jurídico de Venâncio Mondlane, o conhecido advogado Elvino Dias, e o mandatário do Podemos, Paulo Cuambe, partido que apoiava a sua candidatura presidencial, foram baleados mortalmente na noite de 18 de outubro, numa emboscada à viatura em que seguiam no centro de Maputo, com tiros de metralhadora, num crime que provocou a comoção na sociedade moçambicana e que continua por esclarecer.

O presidente moçambicano reagiu ao mais recente caso, o de Joel Amaral, classificando o ato como uma "afronta à democracia” e pedindo uma “investigação cabal”.

"Recebemos, com profunda preocupação, a notícia do baleamento do músico e político Joel Amaral. Este ato de violência gratuita não é apenas um ataque contra um cidadão que contribui com o seu saber e dedicação ao nosso país, mas também uma afronta à democracia e aos princípios do Estado de direito, que todos devemos proteger", afirmou o chefe de Estado, em comunicado.

Agência Lusa

No contexto atual de busca por reconciliação interna no partido MADEM-G15, os Quadros Técnicos do MADEM-G15 (QAUDEM) podem assumir um papel fundamental na reconstrução da unidade e fortalecimento institucional. Aqui está uma proposta de plano estratégico que o QAUDEM pode seguir:

Abel Djassi Primeiro

Plano Estratégico do QAUDEM – MADEM-G15 (Fase de Reconciliação)

1. Diagnóstico Interno e Escuta Ativa
Realização de encontros locais e regionais para ouvir as bases e quadros do partido.
Levantamento de conflitos e divergências internas, identificando causas e lideranças envolvidas.
Mapeamento de competências técnicas e políticas entre os quadros disponíveis.
2. Reforço da Comunicação e Confiança
Criação de um canal interno de comunicação transparente (ex. boletim interno ou grupo digital).
Mediação de diálogos diretos entre alas em conflito, promovendo o respeito mútuo e a cultura de paz.
Lançamento da Campanha “Unidos pelo Futuro”, incentivando reconciliação pública entre membros.
3. Reorganização Estrutural e Inclusiva
Revisão das estruturas locais do partido para garantir representatividade equilibrada.
Inclusão de jovens e mulheres quadros técnicos nos núcleos decisórios.
Promoção de formações técnicas e políticas periódicas para capacitar os membros.
4. Reposicionamento Político Nacional
Elaboração de um documento de visão estratégica nacional do MADEM-G15 com a contribuição dos técnicos.
Alinhamento com a liderança política para construir uma imagem renovada e coesa.
Estabelecimento de parcerias com órgãos da sociedade civil, juventude e instituições religiosas, promovendo imagem de reconciliação e progresso.
5. Preparação para o Futuro Eleitoral
Criação de uma plataforma de monitoramento político e eleitoral, alimentada por dados e análises técnicas.
Fortalecimento das bases nos círculos eleitorais estratégicos.
Produção de uma agenda de políticas públicas, baseadas em evidências, para propor soluções concretas aos problemas do país.

Gabão: Brice Clotaire Oligui Nguema eleito Presidente com 90,35% dos votos

Brice Clotaire Oligui Nguema foi eleito Presidente do Gabão com 90,35% dos votos. © RFI

Brice Clotaire Oligui Nguema foi eleito Presidente do Gabão com 90,35% dos votos segundo os resultados provisórios divulgados pelo Ministério do Interior.

Há um ano e meio, Brice Clotaire Oligui Nguema liderou o golpe que depôs Ali Bongo Ondimba e assumiu a presidência interina.

19 meses após o golpe de Estado, Brice Clotaire Oligui Nguema, de 50 anos, foi eleito Presidente do Gabão com mais de 90% dos votos. O agora Presidente gabonês foi eleito por sete anos.

No segundo lugar destas eleições ficou Alain-Claude Bilie-By-Nze, antigo primeiro-ministro de Ali Bong, com 3;02%, enquanto os outros seis candidatos não ultrapassaram 1% dos votos.

A taxa de participação fixou-se nos 70,4% segundo os resultados divulgados neste domingo. Recorde-se que 920 mil eleitores podiam votar nestas eleições Presidenciais.

Votação sem problemas

O sábado 12 de Abril foi declarado feriado e os transportes públicos eram gratuitos para as pessoas irem votar para as eleições Presidenciais.

As filas de espera foram bem visíveis em vários pontos do país, sempre num clima calmo apesar dos minutos de espera antes das pessoas votarem.

De notar ainda que a campanha eleitoral durou apenas 13 dias.

Depois das denúncias de maus tratos: GOVERNO ANUNCIA A EMISSÃO DE PASSAPORTES AOS CIDADÃOS GUINEENSES NA DIÁSPORA


O diretor-geral das Comunidades, Luís Mendes, anunciou na terça-feira 08 de abril de 2025, que já foram dadas as orientações para a emissão de passaportes para todos os cidadãos guineenses na diáspora, África e Europa, tendo tranquilizado a comunidade guineense na Líbia que nos últimos tempos, tem manifestado preocupação em relação à falta de documentos de que a situação que têm denunciado será ultrapassada.

Em entrevista à Rádio Popular e ao jornal O Democrata para anunciar as medidas das autoridades nacionais face à situação dos guineenses na Líbia e na Mauritânia, Luís Mendes afirmou que uma equipa do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional já se encontra neste momento numa cidade da Gâmbia e tudo indica que, num horizonte temporal muito curto, estará na Líbia para atender as necessidades da comunidade guineense neste país magrebino.

“Temos acompanhado atentamente as preocupações e as mensagens de apelo deixadas pelas comunidades guineenses na Líbia e na Mauritânia. Quero encorajá-los e dizer-lhes que a situação está a normalizar-se aos poucos. Neste momento, temos uma equipa de emissão de passaportes que se encontra na Gâmbia. Depois da Gâmbia, a delegação seguirá a viagem para a Mauritânia, onde o demissionário Secretário de Estado esteve em visita de uma semana e manteve vários encontros com a comunidade guineense”, anunciou.

Segundo Luís Mendes, depois da Gâmbia, a missão regressa a Bissau para preparar nova deslocação à Trípoli, Líbia, Congo e outros países onde os emigrantes guineenses apresentam os mesmos problemas, por ter havido já orientações expressas do governo, com a anuência do Presidente da República, para emitir documentos a todos os cidadãos, ou seja, a todas as comunidades emigradas guineenses na diáspora, tanto na Europa quanto na África, antes das eleições simultâneas(presidenciais e legislativas antecipadas).

LUÍS MENDES RECONHECE A SITUAÇÃO CRÍTICA DOS EMIGRANTES GUINEENSE NA LÍBIA E PEDE CALMA

Embora reconheça que os emigrantes guineenses na Líbia estejam numa situação de aflição, Luís Mendes pediu calma aos concidadãos guineenses nesse país e que aguardem as diligências das autoridades nacionais, tendo afirmando que a promessa feita pelo chefe de Estado em 2024 relativamente a resolução dos problemas que estão a enfrentar está a ser seguida pelas autoridades guineenses

Os emigrantes guineenses na Líbia criticaram a passividade do governo guineense no concernente ao subsídio de reintegração da Organização Internacional de Migração (OIM) a que os imigrantes deportados têm direito.

Em reação, o diretor-geral das Comunidades admitiu ter trocado correspondências com a OIM, no âmbito das interações de rotina e esclareceu que o dinheiro não é entregue aos emigrantes deportados mediante um projeto e uma fatura para justificar as despesas ou como pretendem utilizar o dinheiro, não em mãos.

“Às vezes são aconselhados a trabalharem em grupos de dois ou três elementos para terem mais rendimentos. Temos um exemplo concreto de um dos deportados que tem uma oficina de serralharia no Bairro d’Ajuda. Os orçamentos não são os mesmos. Por exemplo, se um retornado de 2025 falhar ou não conseguir ter acesso a esse fundo de reintegração, significa que no próximo orçamento pode não ser a mesma fatia”, esclareceu, para de seguida afirmar que talvez os guineenses não tenham beneficiado desse privilégio, devido à demora do próprio processo.

Luís Mendes disse ter recebido, este ano, 2025, uma correspondência da OIM assinada pelo seu coordenador residente a informá-lo que a verba tinha sido cortada pelo governo dos Estados Unidos da América e disse que apenas soube dessa situação quando pediu a assistência da OIM para repatriar os guineenses que se encontram no Congo numa situação de irregularidade, por ser uma entidade que dá apoio em colaboração com o governo ao departamento dos emigrantes e “ foi assim que aconteceu na Líbia, na Tunísia, no Níger e em vários outros países”.

De acordo com o diretor-geral das Comunidades, neste momento há registos de várias situações relacionadas com os emigrantes guineenses no Congo, no Côte-d´Ivoir, no Paquistão, na Rússia e que a direção-geral das comunidades, enviou uma correspondência a solicitar fundos de apoio, mas a OIM informou que foi cortado pelos Estados Unidos da América que o dotava de meios, na sequência das medidas adotas pela administração Trump.

COMUNIDADE GUINEENSE NA LÍBIA QUER A EMISSÃO DE DOCUMENTOS COM A MÁXIMA URGÊNCIA

O presidente da Comunidade guineense na Líbia, Ussumane Sané, exigiu das autoridades a emissão, com máxima urgência, de documentos aos guineenses na Líbia e criticou o que considerou a “passividade” do governo guineense em relação ao subsídio de reintegração da Organização Internacional de Migração a que os imigrantes deportados têm direito que, segundo o diretor-geral das Comunidades, foi cortado pelos Estados Unidos da América.

Ussumane Sané recordou que o subsídio é um fundo internacional, não do tesouro público guineense e que todos os emigrantes do mundo beneficiam dele para a sua reintegração, razão pela qual o assunto tinha que ser esclarecido aos emigrantes, por não se tratar de uma situação de apenas de 2025, mas de há vários anos.

Segundo Ussumane Sané, um dos maiores problemas que enfrentam na Líbia prende-se com a falta de documentos.

“Quando o presidente esteve de visita à Líbia a 26 de fevereiro de 2024, prometeu-nos que enviaria uma equipa para resolver os problemas relacionados com a documentação, mas até ao momento não vimos nenhum sinal. Se se tratasse de um deputado ou um membro do governo, diríamos que talvez tivesse esquecido, mas o Presidente da República…”

Ussumane Sané, que lida com os imigrantes neste país desde 1992, revelou que as atuais autoridades senegalesas, depois de assumirem as rédeas de governação, desencadearam uma operação à Líbia e num espaço de apenas um mês emitiram passaportes e outros documentos a todos os imigrantes senegaleses na Líbia.

Lamentou, neste particular, que tenham recebido promessas da primeira figura do país há um ano sem que tenha feito algo para resolver a sua situação e revelou ter visitado uma prisão nova de sete compartimentos em Trípoli, Líbia, onde estão detidos três guineenses, um da região de Gabú e dois de Oio.

“Estão numa situação deplorável. Tenho feito diligências e acredito que as minhas relações com o diretor deste centro podem influenciar a sua libertação, mas não posso retornar uma pessoa que não quer voltar para o seu país, porque arcará com as futuras consequências, caso cometam outras infrações, sou eu”, lamentou, para de seguida descrever a situação de um dos detidos, Siradjo Baldé, região de Gabú, detido a caminho de Trípoli há mais de 4 meses, como a mais crítica situação, por estar incontactável como resto da família, não tem contacto e ele [Ussumane Sané] nem sequer conhece ninguém com quem possa estabelecer contactos a partir de Bissau para identificar a sua família.

“Deixou na Guiné-Bissau duas esposas e seis filhos. Neste momento, está incomunicável. Se tivesse alguma documentação teria facilitado as diligências e talvez encontrássemos meio caminho para tirá-lo da prisão e aconselhá-lo a voltar para o país, mas sem documentos todos estamos cegos e cada um está por conta própria, Deus dará”, lamentou em voz crítica à situação que enfrentam.

Aconselhou, neste sentido, os emigrantes retornados a recolherem directamente para as suas aldeias e começar a traçar outros horizontes com menos riscos.

EMIGRANTES GUINEENSES NA MAURITÂNIA DENUNCIAM DETENÇÕES E DEPORTAÇÕES ILEGAIS
Na sequência de falta de documentos e de informações sobre a situação dos emigrantes guineenses, tem havido várias denúncias relativamente à situação desumana que enfrentam na diáspora, sobretudo na diáspora africana. Por exemplo, os guineenses na Mauritânia têm denunciado, nos últimos tempos, detenções e deportações ilegais.

Os emigrantes guineenses na Mauritânia queixam-se de estar a ser vítimas de detenções e deportações nos últimos dias, por alegada falta de documentação, denunciaram hoje à Lusa dois membros da comunidade guineense naquele país.

Aladje Tcham e Augusta da Silva disseram à Lusa, em entrevista telefónica, que os emigrantes guineenses na Mauritânia “receiam sair de casa” e que muitos deixaram de ir trabalhar ou mandar os filhos para a escola, “com medo de serem deportados”.

Tcham é um conhecido membro da associação dos emigrantes guineenses na Mauritânia e nos últimos dias tem sido o elo daqueles que foram deportados para países como o Senegal ou o Mali.

As autoridades mauritanas justificam a operação com alegada falta de documentação em dia, nomeadamente o Cartão de Residência, referiu Aladje Tcham.

“A polícia da Mauritânia apanha qualquer emigrante na rua e pede-lhe esse Cartão de Residência. Se a pessoa não tiver, é imediatamente detida e levada para a fronteira do Senegal ou do Mali, deportada”, afirmou Aladje Tcham.

A maioria de guineenses do sexo masculino emigrantes na Mauritânia trabalha na construção civil, mas nas últimas três semanas, quase ninguém tem ido trabalhar, explicou Tcham, corroborado por Augusta da Silva.

Tcham destacou que 90% dos emigrantes guineenses na Mauritânia estão com passaporte fora de prazo de validade, o que dificulta na obtenção do Cartão de Residência, cujo processo agora envolve “muita burocracia”.

“O Cartão de Residência antigamente era feito com 50 mil francos CFA [76 euros], mas era só levar o passaporte ou bilhete de identidade, mas agora pedem o passaporte válido, a seguir pedem o visto de entrada na Mauritânia, depois pedem o certificado de casamento, depois pedem a fatura da eletricidade, a seguir pedem ainda fatura das telecomunicações”, contou Tcham.

Se o emigrante apresentar toda esta documentação, as autoridades da Mauritânia pedem-lhe que traga dois cidadãos nacionais que possam comprovar que vive e trabalha legalmente no país, reforçou Tcham.

“Caso contrário, a pessoa é imediatamente detida e deportada”, enfatizou. Aladje Tcham apelou às autoridades guineenses para mandarem uma equipa de técnicos para a renovação dos passaportes dos emigrantes na Mauritânia, “como fazem nos outros países”.

Fonte da secretaria de Estado das Comunidades, na tutela do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, disse à Lusa que o secretário de Estado, Nelson Pereira, deslocou-se, na terça-feira, à Mauritânia para se inteirar da situação.

Aladje Tcham disse ter sido informado pela embaixada do país da chegada do responsável político guineense, mas lamentou que aquele se encontre primeiro com as autoridades mauritanas quando antes, devia encontrar-secom os emigrantes.

“Assim ele não vai saber de concreto o que estamos a passar aqui”, considerou.

A maioria das mulheres guineenses emigrantes na Mauritânia são lavadeiras, cozinheiras ou empregadas domésticas.

Augusta da Silva, lavadeira, disse à Lusa que muitas mulheres foram apanhadas no mercado e levadas para parte incerta.

“Apanham as mulheres até no mercado, levam-nas para a polícia e de lá não se sabe para onde”, lamentou Augusta da Silva, que vive e trabalha na Mauritânia há um ano.

Augusta da Silva deixou um apelo ao Governo guineense: “Pedimos ao nosso Estado que mande para cá a máquina de tirar passaporte, porque não temos como ir até à Guiné para tirar o passaporte”.

Por: Filomeno Sambú
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