O Bastonário da Ordem dos Jornalistas, António Nhaga, alerta que o jornalismo na Guiné-Bissau, está a caminho de desaparecer, isto devido à falta de ética e de coesão interna.
António Nhaga falava hoje, em entrevista à Rádio Sol Mansi na sequência de dois comunicados com conteúdo contraditórios, sendo um do Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social da Guiné-Bissau e outro de Confederação Nacional das Organizações de Imprensa, sobre a agressão verbal acompanhado de insultos, que a imprensa tem sofrido por parte do chefe de estado, incidente que aconteceu no último sábado, quando Sissoco Embaló regressava do estrangeiro.
Nhaga diz que a crise que se vive na imprensa nacional, demonstra que a escola do jornalismo não está a caminhar num bom rumo, pondo assim em causa o papel dos jornalistas.
“A crise que se vive é pronunciamento do desaparecimento do jornalismo porque de fato se a crise iniciar, poderá desaparecer, neste caso prova que não há jornalista na Guiné-Bissau mas há um grupo de pessoas onde não há solidariedade, coesão própria. Outra prova é que a escola de jornalismo não foi longe”, alertou o Bastonário de Jornalistas.
O Bastonário disse ainda que a imprensa não está contra o chefe de estado, mas, não obstante, lembra ao presidente da República que a imprensa guineense é a imagem do país, e é quem leva a imagem do país para o mundo fora.
“De fato, a situação que nos conduz a este cenário não é situação favorável por isso, entendo que as pessoas estão a pensar que os jornalistas estão contra o presidente não é isso, mas o presidente deve saber que a imprensa é imagem do país”, sublinhou António Nhaga.
António Nhaga disse ainda que é preciso que um presidente, na qualidade de primeiro magistrado de uma Nação, não deve entrar em desavenças com os homens de imprensa, porque caso contrário estará a colocar em causa a sua própria imagem.
“Se o presidente da República pretende trabalhar a sua geração de concreto para ser um imaginário coletivo para o desenvolvimento da Guiné-Bissau, deve trabalhar com a imprensa porque a imprensa pode levar este imaginário para frente, não um grupo das pessoas”, salientou o Bastonário António Nhaga.
Esta semana, o Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social da Guiné-Bissau, SINJOTECS, exortou as direções dos órgãos de comunicação social a declararem boicote às atividades do Presidente da República.
O pedido do sindicato está expresso numa nota de repúdio contra as sistemáticas declarações do Presidente da República, que tem várias vezes lançado palavras ofensivas contra os profissionais de comunicação social, facto que a organização revela um “desrespeito e consideração” ao valioso serviço público da imprensa.
Enquanto isso, horas depois, a Confederação Nacional das Organizações de Imprensa, entende que requerer boicote ao Palácio da República é uma apreciação desfocada, inédita, completamente absurda, e nunca ensaiada ou feita na história do jornalismo guineense, mesmo no tempo da ditadura do partido único.
Por: Marcelino Iambi/radiosolmansi com Conosaba do Porto
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