O vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Edmar Nhaga, denunciou hoje "um quadro negro" no setor da saúde pública do país assolado por uma greve geral que já vai na sua quarta vaga.
O dirigente da Liga procedia ao balanço de três dias da greve geral, convocada pela Frente Social que junta sindicatos da saúde e da educação, que "tem causado sofrimento ao povo" perante hospitais e centros de saúde "já de si, sem capacidade de resposta".
Edmar Nhaga afirmou que o "quadro negro" do sistema de saúde guineense "é visível" no principal centro médico do país, o Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau.
"O Hospital Nacional Simão Mendes, praticamente, funciona sem aparelho de ecografia. A máquina que lá existe não consegue tirar imagens nítidas por estar partida num lado. O hospital não tem neste momento filmes para 'raio x', não tem reagentes de análises ao sangue, o laboratório está fechado e não há bolsas de sangue", para doentes que necessitem, disse Nhaga.
O dirigente da Liga Guineense dos Direitos Humanos denuncia ainda o facto de os serviços da pediatria esstarem a meio gás" e questiona o não funcionamento de uma fábrica de produção de oxigénio financiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A única fábrica de produção de oxigénio que funciona no Hospital Nacional Simão Mendes é aquela gerida por um privado e que vende o produto aos utentes, disse Edmar Nhaga.
O vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos disse ainda que "a situação piora" quando a maioria dos profissionais do Simão Mendes entra em greve, sem garantir os serviços mínimos no hospital.
"A lei diz que a urgência não pode estar de greve, neste momento só lá está um médico que até é um ortopédico. A maternidade está com falta de pessoal. As grávidas estão a ser mandadas de volta para casa", observou o dirigente da Liga dos Direitos Humanos.
Edmar Nhaga defende que os sindicatos da saúde têm o direito de recorrer à greve uma vez que, disse, as suas reivindicações não são atendidas pelo Governo, mas exorta-os a cumprirem com a lei no que diz respeito à obrigatoriedade de prestar serviços mínimos.
A greve iniciada na segunda-feira, e que hoje termina, provocou, segundo fonte médica do Hospital Simão Mendes, dois óbitos por falta de assistência.
A paralisação visa exigir do Governo o pagamento de 12 meses de salários a profissionais dos dois setores, a efetivação de técnicos de saúde e professores contratados que ainda não foram colocados de forma efetiva na lista de servidores do Estado.
O protesto também é uma forma de pressionar o Governo a pagar vários subsídios aos professores e técnicos de saúde, a criação e introdução de um novo currículo para escolas públicas, bem como a melhoria de condições laborais nos dois setores.
A Frente Social quer ainda que o Governo acabe com as "nomeações políticas" de diretores nas escolas e centros de saúde.
Esta é a quarta vaga de greve geral nos dois setores desde o início do ano.
Conosaba/Lusa
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