domingo, 31 de março de 2024

«31/03/2024» CONOSABA DO PORTO 'DESEJA UMA FELIZ PÁSCOA' A TODOS OS LEITORES E VISITANTES

 

QUE É A PÁSCOA? QUAL É O SIGNIFICADO DA PÁSCOA? 

Páscoa é a celebração da morte e ressurreição de Jesus, o acontecimento mais importante para todos os cristãos. É celebrada todos os anos num domingo, entre 22 de Março e 23 de Abril.

O significado da Páscoa
Páscoa vem da palavra hebraica pesah e significa passagem. Para os cristãos é a passagem de Jesus da morte para a vida, trazendo salvação para todos que crêem nele (João 5:24). Quando morreu e ressuscitou, Jesus pagou o preço do pecado e nos deu uma nova oportunidade para ter um relacionamento pessoal com Deus (Romanos 8:1-2). Esse foi o grande objetivo dele ao vir à terra.

A Páscoa tem sido celebrada pelos seguidores de Jesus desde muito cedo na sua História. Hoje, pessoas de todo o mundo se juntam para comemorar essa grande vitória, que mudou suas vidas.
 
Pate Cabral Djob

sábado, 30 de março de 2024

O Primeiro-ministro Rui Duarte Barros entregou este sábado, (30/3) Diploma de Mérito de Cooperação e Desenvolvimento ao representante da empresa China Nacional Fisher Corporation, Sun Zhixiang.

Na presença do ministro da Pesca e Economia Marítima, Mário Mussante, Embaixador da China Guo Ce e dirigentes do ministério, a cerimónia da entre foi antecedida com visita guiada às instalações da câmara de conservação, com a capacidades de arrecadar 600 toneladas de pescados.








Diomaye Faye toma posse como Presidente do Senegal a 2 de Abril


Presidente eleito Bassirou Diomaye Faye à esquerda do Presidente cessante Macky Sall. No meio de ambos está o líder da oposição Ousmane Sonko. Palácio Presidencial, Dacar, Senegal. 28 de Março de 2024. AFP - 

Esta sexta-feira, o opositor Bassirou Diomaye Faye foi proclamado, pelo Conselho Constitucional, como Presidente eleito do Senegal com 54,28% dos votos. A tomada de posse é na próxima terça-feira, o último dia do mandato do Presidente cessante Macky Sall.

O candidato opositor Bassirou Diomaye Faye foi confirmado oficialmente, esta sexta-feira, como o vencedor das eleições presidenciais no Senegal, com 54,28% dos votos. O anúncio foi feito pelo Conselho Constitucional. A tomada de posse será a 2 de Abril, a próxima terça-feira, último dia do mandato do Presidente cessante Macky Sall.

Esta sexta-feira à noite, o Conselho Constitucional confirmou os resultados preliminares e informou que Bassirou Diomaye Faye venceu por ampla margem as eleições de 24 de Março. Em segundo lugar aparece o candidato do poder e ex-primeiro-ministro, Amadou Ba, que obteve 35,79% dos votos e, em terceiro lugar, Aliou Mamadou Dia com 2,8% dos votos.

Bassirou Diomaye Faye e Macky Sall encontraram-se já na quinta-feira, no palácio presidencial, na presença também de Ousmane Sonko, o líder da oposição e apoiante do novo Presidente. Uma reunião registada em várias fotografias que marcam o fim de anos de virulento combate político entre ambas as partes.

Bassirou Diomaye Faye, de 44 anos, passa a ser o mais jovem Presidente do Senegal e representa a primeira vez na história do país em que um candidato da oposição é eleito logo à primeira volta das eleições presidenciais.

Libertado da prisão dez dias antes do escrutínio, juntamente com o mentor Ousmane Sonko, Diomaye Faye apresentou-se durante a campanha como "o candidato da ruptura", mas defendeu a "reconciliação nacional" após três anos de instabilidade, crise política e detenção de centenas de pessoas.

Conosaba/rfi.fr/pt









Em São Tomé e Cabo Verde, Força Aérea Portuguesa vigia o Golfo da Guiné

Um avião da Força Aérea Portuguesa com uma tripulação de 37 militares, com duas mulheres, está a participar até segunda-feira em missões de fiscalização conjunta da Zona Económica Exclusiva de Cabo Verde.

Na tarde de quinta-feira, o P3-C Orion descolou do aeroporto internacional da Praia, capital do arquipélago, para o quarto voo ao abrigo de um tratado entre os dois países que este ano alcança a maioridade (18 anos) e que regula a fiscalização conjunta de Espaços Marítimos sob Soberania ou Jurisdição da República de Cabo Verde, assinado em 16 de setembro de 2006.

As missões realizadas este fim de semana em Cabo Verde são as últimas de um percurso que começou há quase um mês, no âmbito da “Africa Maritime Law Enforcement Partnership” (AMLEP).

A aeronave P3-C Orion da Força Aérea Portuguesa partiu, no dia 04 de março, da Base Aérea de Beja para 30 dias de missão e cerca de 100 horas de voo, que começaram em São Tomé e Príncipe.

Sobre as águas de Cabo Verde já cumpriu 50 horas e conta fazer mais 30 até final, na segunda-feira.

“O intuito geral de Portugal nestas cooperações bilaterais e com entidades internacionais é contribuir para a estabilidade no Golfo da Guiné”, no caso, através da vigilância nas áreas marítimas de São Tomé e Príncipe e Cabo Verde, refere o major Bruno Silveira, que lidera o destacamento.

O Golfo da Guiné é uma vasta área do oceano Atlântico, que acompanha a reentrância da costa africana que vai da Costa do Marfim (a noroeste) até ao Gabão (a sudeste) e onde há um registo regular de casos de pirataria e atividades ilegais.

Portugal junta-se ao esforço internacional para “garantir a livre circulação e prevenir tráficos ilegais”, explica Bruno Silveira, no interior da aeronave, ao verificar as operações tanto na cabine de pilotagem (‘cockpit’), como nos postos de observação.

Durante o voo, membros da esquadra observam monitores com imagens de câmaras de vídeo que vasculham o mar, enquanto outros mostram sinais detetados por sensores.

Há ainda outros elementos que observam a zona marítima diretamente com binóculos.

Por alguns momentos, as imagens e a informação nos monitores centram-se num barco: este último voo do dia está focado em embarcações de pesca.

“Esta aeronave recolhe informação que transmite às autoridades cabo-verdianas”, que depois avaliam se há alguma ameaça às atividades marítimas ou sinal de ilegalidade, explica.

“Estamos ao serviço das autoridades: quando detetamos algo que seja de interesse, reportamos”, explica Bruno Silveira.

A autonomia do P3-C Orion tem permitido realizar voos contínuos de seis a oito horas sobre as águas do arquipélago, garantindo a cobertura de toda a zona económica exclusiva em cada voo.

O balanço da vigilância só será revelado depois de terminadas as missões, na segunda-feira, com o regresso da esquadra 601 a Beja agendado para terça-feira.

Conosaba/Lusa

PR angolano felicita Bassirou Faye acreditando em nova dinâmica nas relações com Senegal


O Presidente angolano felicitou hoje o Presidente eleito do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, considerando que a sua vitória eleitoral vem confirmar a justeza dos ideais de justiça social e de patriotismo, acreditando em nova dinâmica nas relações bilaterais.

João Lourenço, em mensagem hoje enviada ao Presidente senegalês, endereça vivas e calorosas felicitações pela vitória de Faye nas eleições presidenciais de 24 de março, referindo que esta vem confirmar a justeza dos ideais de justiça social, de patriotismo, defendidos no seu projeto político.

O chefe de Estado angolano diz igualmente estar convencido de que, junto com o seu homólogo senegalês, será imprimida uma nova dinâmica nas relações entre Luanda e Dacar, no sentido de afirmação da soberania e da defesa dos interesses de ambos os povos.

Deseja ainda sucessos e manifesta "a mais alta e fraterna consideração" a Bassirou Diomaye Faye.

A eleição de Faye, que completou 44 anos na passada segunda-feira e nunca ocupou qualquer cargo eletivo à escala nacional, está a ser descrita como um terramoto político, sendo esta a primeira vez, em 12 eleições presidenciais por sufrágio universal, que um candidato da oposição vence à primeira volta.

As eleições foram acompanhadas com atenção no estrangeiro, uma vez que o Senegal é considerado um dos países mais estáveis de uma África Ocidental abalada por golpes de Estado.

Eleições no Senegal

O Conselho Constitucional confirmou os resultados preliminares anunciados pela Comissão Eleitoral Nacional Autónoma (CENA) no termo da primeira volta das eleições presidenciais de 24 de Março corrente.

Em segundo ficou o candidato da coligação no poder e ex-primeiro-ministro, Amadou Ba, que obteve 35,79% dos votos e, em terceiro lugar, Aliou Mamadou Dia com 2,8% dos votos.

Bassirou Diomaye Faye e Macky Sall encontraram-se já na quinta-feira, no Palácio Presidencial, na presença também de Ousmane Sonko, o líder da oposição e apoiante do novo Presidente, pondo fim a anos de virulento combate político.

De 44 anos, Bassirou Diomaye Faye passa a ser o mais jovem Presidente do Senegal e representa a primeira vez na história do país que um candidato da oposição é eleito logo à primeira volta das eleições presidenciais.

Libertado da prisão 10 dias antes do escrutínio, juntamente com o seu mentor Ousmane Sonko, Diomaye Faye apresentou-se durante a campanha como "o candidato da ruptura", mas defendeu a "reconciliação nacional".

Sete milhões de senegaleses foram chamados às urnas, no dia 24 deste mês, para escolher o novo Presidente, numa eleição em que os seus maiores protagonistas não foram a votos.

Entre os 16 homens e uma mulher inscritos no boletim de voto, os dois favoritos (Bassirou Diomaye Faye e Amadou Ba) foram escolhas pessoais de duas individualidades políticas excluídas do escrutínio, designadamente, o Presidente cessante, Macky Sall, e o líder da oposição, Ousmane Sonko.

Bassirou Diomaye Faye concorreu pela coligação no poder, Benno Bokk Yakaar (BBY, Unidos pela Esperança, em wolof), liderada pelo partido do Presidente Macky Sall, .seu principal adversário que prontamente reconheceu a sua vitória.

Na sua primeira aparição pública, desde que o anúncio da sua vitória, prometeu que o seu país continuaria a ser "o aliado seguro e fiável" de qualquer parceiro estrangeiro "que se empenhe numa cooperação virtuosa, respeitosa e mutuamente produtiva".

O Senegal é um país da África Ocidental com cerca de 18 milhões de habitantes.

Conosaba/angola24horas

Guiné-Bissau: Filme "Ressonância em Espiral” apresentado em Paris



“Ressonância em Espiral” foi rodado na aldeia de Malafo na Guiné-Bissau, o filme é da autoria de Filipa César e Marinho de Pina. A longa metragem foi apresentada esta quinta-feira, 28 de Março, em Paris, no festival Cinéma do Réel, um certame dedicado ao documentário.

RFI: “Ressonância em Espiral” acompanha momentos da vida diária da população da aldeia de Malafo, na Guiné Bissau, onde se está a construir um projecto colectivo. A mediateca 'Abotcha', em balanta significa 'no chão', arquiva documentos históricos que se vêem e ouvem ao longo do documentário. De onde surgiu a ideia de acompanhar a construção deste projecto?

O filme é menos sobre a construção, mas sobre as construtoras e sobre as mulheres porque vamos dizer que a terra é uma mulher. O feminino é o centro do filme, o nascimento, o útero de onde vem tudo. As ideias nascem de algum sítio ou o projecto-sonho nasce de algum sítio. Ali está centrado também essa ideia do tempo e da circularidade, a espiraldade. Tentámos explorar essa ideia no filme, a par de outros processos também que acontecem na vida diária e que afectam a vida das pessoas, da comunidade, do mundo de uma certa forma porque as intempéries que o ser humano enfrenta podem ser diferentes, dependendo do sítio e contexto, mas acabam por convergir sempre para aquele mesmo ponto de desestabilizar as relações humanas. É um dos aspetos do filme como sonhar para contrariar a entropia?

Porquê este filme e este projeto, como é que surge esta ideia de tudo acontecer nesta aldeia guineense?

O filme é só uma parcela e representa só uma ínfima parte disto. O trabalho que temos feito em Malafo, eu costumo dizer, é resultado de encontros, de convergências e de coincidências. É a história, por exemplo, Amílcar Cabral organizou a luta armada, lutou para libertar a Guiné-Bissau. Já que em Portugal se celebram 50 anos de 25 de Abril, a luta organizada por Amílcar Cabral influenciou bastante a Revolução de Abril, ou seja, não aconteceria a Revolução de Abril, não fosse a luta de Amílcar Cabral.

Amílcar Cabral começou a sua luta há muito tempo em 59 começou a luta armada, mas já tinha começado antes. Sana Na N'Hada foi parar à luta por diversas razões e ele foi estudar cinema a Cuba, através de Amílcar Cabral. Ele filmou e foi um dos pioneiros do cinema guineense, ele e outros três companheiros. Sana Na N'Hada começou a filmar e a criar a ideia de sonoteca, de gravar esses materiais e de ter esses arquivos. Ali, naquele espaço, houve uma senhor que teve a ideia de criar uma escola para a sua aldeia.

Eu fui ver um filme da Filipa e Sana a Berlim e acabei por me cruzar com eles. Também tinha uma ideia de criar uma biblioteca na minha aldeia. São muitos sonhos similares que acabaram por convergir neste trabalho. Como esta escola em Malafo nasceu depois de 74, eles tinham a escola e a escola foi construída pela comunidade e é gerida pela comunidade. Eles queriam uma biblioteca e nós queríamos fazer uma mediateca, então foi o casamento perfeito. Há convergências de intenções e de vontades e são várias histórias que se convergem no mesmo ponto e várias histórias que tencionam olhar para o depois, cada um à sua maneira, mas numa ideia de comungar tudo. E isso é que temos estado a trabalhar lá, como o Sana fala no filme de concertação, dos métodos de concertação: Não tomar uma decisão sozinho, mas tomar em conjunto e tentar beneficiar o máximo das pessoas, tomando essa decisão sem criar rupturas na comunidade e na estrutura social comunitária.

O que o Sana diz é que não interessa implementar uma novidade pela novidade em si, mas implementar alguma coisa que seja uma escolha e uma vontade de quem vive nesta aldeia?

Sim, é mesmo por aí. Por exemplo, nós temos concertações de espaços diferentes. Quando trabalhamos juntos eu, a Filipa, o Sana, o Sulejmani e o Braima discutimos primeiro a nossa visão e o que desejamos e o que temos para levar para lá. Eles também discutem o que têm, o que querem e depois primeiro fazemos uma reunião para verificar as possibilidades. O que nós pensamos, se é possível, o que eles pensam se é possível. Também costumamos fazer uma coisa que é sessão de sonhos em que todos atiram para a parede, o bar, o que quiser.

E que sonhos são esses?

Por exemplo, a primeira sessão de sonhos que fizemos tinha um miúdo, com os seus 20, que queria prédios enormes, estradas alcatroadas e coisas assim do género. Aquelas pontes que se vêem nos filmes americanos e tinha uma senhora que queria mais árvores, mais palmeiras. Ela aparece no filme mesmo na horta. Ela queria mais palmeiras porque as palmeiras andam a desaparecer e naquela aldeia as palmeiras fazem mais sentido do que os prédios. As palmeiras fazem mais falta do que prédios. Depois dessa sessão de sonhos, plantámos mais de 270 árvores, mas ainda não construímos nenhum prédio alto. Temos a mediateca, mas o padrão do sonho é diferente.

No filme, dizem, a dada altura, 'Faz falta haver mais árvores' e que 'Ao longo dos últimos 50 anos se têm cortado árvores porque elas sujam as ruas'?

Sim, é que temos andado a cortar muitas árvores na Guiné, indiscriminadamente, porque a cidade está a expandir-se na Guiné-Bissau, particularmente, a cidade está a expandir-se descontroladamente. Então corta-se tudo, cortam as árvores, não criam áreas específicas de verde para plantar casas e as árvores que estavam na rua andam a ser cortadas. Ultimamente, andaram a cortar mangas nas ruas de Bissau. Se é porque sujam não sei. Desde 2011 houve cortes de madeira indiscriminadas, madeira a ser enviada para a China para não sei onde. Florestas inteiras derrubadas e com árvores que levam 40, 50 anos a terem toda a sua magnificência estabelecida. Na obra que fizemos também cortámos três árvores para fazer a madeira para casa, mas a população tem uma forma de identificar árvores porque o solo é muito duro, algumas não fixam raízes profundamente e eles identificam as árvores mais periclitantes que podem cair com o vento e cortam essas para construir. Entretanto, vamos plantar mais para compensar aquelas que cortámos. Então temos estado a plantar cada vez mais, a ver se daqui a 50 anos possamos dizer "Olha lá, cortámos três, mas...

"Plantámos 500"?

Yes!

No filme ouvem-se gravações de Amilcar Cabral bem como da antiga combatente do PAIGC, Carmen Pereira, que falam sobre a questão do feminismo. A questão do feminismo e do sonho de igualdade entre homens e mulheres era um dos sonhos de Amílcar Cabral. No filme, vemos mulheres a ouvir estas gravações de há mais de 50 anos, Vêmo-las a falar com grande convicção; a dizer o quanto elas trabalham, são elas quase que sustentam aquele país e que fazem andar a Guiné-Bissau para a frente. O que é que resta deste sonho de igualdade, existe igualdade?

Não, o sonho continua por realizar. O que está diferente é que cada vez mais mulheres sabem que esse sonho é preciso construir e que todos temos que ter parte nisso, tanto homens como mulheres. É triste ver e ouvir a senhora falar porque depois de 50 anos a situação não melhorou em nada. O que ela diz e repete é o que o Cabral fala também na sua gravação e a Carmen Pereira; a situação não melhorou. As mulheres têm que trabalhar ainda o dobro para conseguir metade do que os homens fazem e muitas vezes os homens nem trabalham. São as mulheres que sustentam a economia real da Guiné-Bissau e não estou a falar dessa economia de mercado que só certos iluminados conhecem, que é jogar na banca e não sei quantas, mas aquela que põe pão na mesa, que põe as crianças na escola, que põe o país a existir, ainda são as mulheres que fazem essa economia.

Perceber que mesmo durante uma luta colonial, onde supostamente o inimigo era o colonialista, Cabral sabia que não... sabia que tínhamos um sistema opressor do patriarcado, que também devia ser destruído junto com o sistema colonialista e mesmo tendo ali os seus companheiros, a maior parte eram homens, boa parte ainda defendia esse sistema que continua a existir porque depois da luta não se fez muito para mudar. Ele falava com os seus companheiros porque sabia a mentalidade que tinha e que era preciso lutar para estabelecer essa igualdade.

Como é que se pode chegar a uma igualdade?

Primeiro, acho que precisamos de ter consciência enquanto homem dos nossos privilégios e de como, ao tentar manter os nossos privilégios, estamos a criar opressão. Porque os privilégios só existem quando faltam direitos a outras pessoas. De outra forma não seriam privilégios, seria o normal. Temos que saber abrir mão dos nossos privilégios. O Cabral falava do suicídio da classe. Dizia que as pessoas que podiam dirigir o país depois da independência seria a pequena burguesia porque conhecem o aparelho. Entretanto, se não suicidassem a sua classe e trabalhassem para o povo, iam ser só os novos colonialistas vestidos com outra cor e foi o que aconteceu porque a burguesia tomou o poder e manteve todo o sistema colonialista a acontecer. Trocámos a bandeira, tirámos a de Portugal, erguemos uma Guiné-Bissau, trocámos o nome do país, mas o sistema continua a ser o mesmo. É preciso suicidar a classe, suicidar os privilégios e tentar ser mais comunitarialista possível.

Há uma parte em que vocês retomam naquela espécie de pântano, em que estão mergulhados em várias posições e falam de humanismo, de humildade e dessa questão de suicídio de uma classe.

'Acotcha' significa no chão, a filosofia de trabalharmos nesse espaço é uma ideia de horizontalização dos saberes. É descer para o chão, porque muitas vezes o problema é pensar que determinados saberes são melhores do que outros, quando é muito necessário entender sempre os contextos e os tempos. Estávamos ali a discutir a questão de precisávamos de ser humildes e escolhemos aquele lugar porque na lama e brincarmos que é o útero da terra. Estamos ali no útero e sentimo-nos confortáveis para discutir questões muito, muito pesadas.

Confortáveis, mas também existe ali um desconforto nalgumas posições.

Sim, definitivamente, porque mesmo o nosso trabalho não é linear e não é fácil, é cheio de contradições. Mesmo cheio dessas contradições temos que criar um espaço seguro. Mas criar um espaço seguro não é também só deitar ali... É desconfortável também.

Existe um espaço seguro?
Não sei, mas queremos crer que em determinados momentos conseguimos esses espaços seguros e os espaços moldam-se também, mas o facto de conseguirmos, em determinada altura esse espaço seguro, usarmos a segurança que o espaço provém para falarmos de alguma coisa ou para dirigirmo-nos a alguma questão. Por exemplo, durante aquela apresentação em que ouvimos o Cabral a falar e que aquela senhora falou, estavam muitos homens, alguns homens, não muitos porque geralmente não participam na coisa das mulheres. Estavam alguns homens ali, mas as mulheres sentiram se à vontade para falar disso e alguns homens sentiram-se incomodados e foram-se embora.

 Naquele instante conseguimos um espaço seguro e, por exemplo, o espaço que temos também ali que construímos, na mediateca é muito usado pelas crianças; uma prática que aprendemos agora e que fazemos muitas vezes são sessões de dormir, sessões de sono depois do almoço porque tinha um miúdo que ia sempre lá depois do almoço fazer uma sesta. Então começámos a fazer a sesta com ele. Nessa parte das mulheres chegámos a fazer uma sessão porque elas trabalham o tempo todo. Foi assim 40 minutos só deitadas a dormir e dormiram profundamente...

Isso fez também no documentário...

No documentário vê-se algumas assim relaxadas, a dormir, porque no documentário a forma como está montada parece que estava a ouvir Amílcar Cabral. Algumas ouviram e adormeceram, mas foi mesmo assim uma música lenta, suave, todo mundo a dormir.

A primeira pergunta tinha a ver com a construção do tempo, mas talvez terá sido mais a questão de desconstruir o tempo e desconstruir estigmas sociais?

Não há nenhuma verdade para nenhuma comunidade. As comunidades são feitas de pessoas e como disse, nós fizemos essa sessão de sonhos cada um desejava algumas coisas, coisas diferentes. O que fazemos é ir no mais possível, exequível. As verdades são sempre múltiplas, ainda mais quando muitas vontades têm que convergir para criar uma coisa em comum. Mesmo entre nós, a Filipa e o Sana que falámos mais constantemente porque não vivemos na aldeia, temos visões diferentes e temos forma de achar que chegamos lá também diferente. A diferença não é um problema. A diferença nunca foi um problema. É uma força até quando essa diferença consegue comunicar-se, cria uma força muito mais sólida do que pensar, que é diferente.

O problema da humanidade hoje é isso não queremos cá os árabes porque são diferentes e vêm estragar a nossa cultura, como dizem aqui, por exemplo, em francês. Eu até admiro porque eu costumo dizer; os europeus acham que a sua cultura é superior, é a melhor cultura do mundo. Porque é que estão tão com medo de outro que virem destruir essa cultura superior? Se é tão superior assim, provavelmente deviam ficar contentes que os outros venham cá aprender essa cultura superior.

Essa leitura é europeia?
E essa é a questão. E a verdade é que o conhecimento está muito bitolado pela visão europeia. A nossa ideia é fazer horizontalização dos saberes porque muitas vezes as epistemologias são sempre determinadas cá nas universidades europeias, mesmo por africanos. Nós estudamos cá e enchemos a cabeça toda dessa visão e reproduzimos à nossa maneira lá. Então, enquanto continuamos a falar da universidade como se fosse um universo, vemos que quem controla a universidade, a Europa e o Ocidente e vamos continuar a manter a hegemonia do pensamento europeu ou da visão europeia das coisas. Por isso falamos da diversidade, pluridiversidades. Há várias formas de saberes e várias formas de fazer o saber acontecer ou transmitir os saberes.

Marinho Pina também é contador de histórias, vamos acabar esta entrevista com uma história?

Era uma vez um miúdo que estava sempre a correr porque queria acabar uma casa e não parava para fazer mais nada, só corria para ir buscar lenha e buscar paus e buscar água. Precisava de acabar a casa e sempre que ia a algum sítio conhecia novas pessoas.

-Olha, é preciso de pausa: senta-te aqui connosco.
-Não, eu tenho que acabar a minha casa.

Encontrava pessoas, mas não chegava a conhecer pessoas, porque o que lhe interessava era a sua casa. E depois de muito trabalho e de muita correria, conseguiu ter a sua casa finalmente. Era uma casa maravilhosa, mesmo sólida, com tudo o que era necessário, com tudo o que aprendeu de muitas partes e de gente com quem cruzava e com quem não falava, só tirava. Quando acabou a casa, estava sozinho em casa e queria que fossem visitar a casa, mas nunca teve tempo para criar relações e as outras pessoas. Vamos criar um final feliz. [Todos] acabaram por perdoá-lo.

Por: Lígia ANJOS
Conosaba/rfi.fr/pt

UM BILHÃO DE fcfa É O MONTANTE DISPONIBILIZADO PARA A CONSTRUÇÃO DA SEDE DO INSTITUTO TÉCNICO PARA A MODERNIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

O primeiro-ministro apelou hoje a todas as instituições públicas do país e aos seus parceiros a trabalharem de mãos dadas para promover a mutualização e partilha das infraestruturas dos TICs na administração pública.

O chefe do executivo guineense falava durante a cerimónia de lançamento da 1ª pedra para a construção de raiz, da sede do Instituto Técnico para a Modernização Administrativa (ITMA) num dos bairros da capital Bissau.

Rui Duarte Barros, chefe do governo da iniciativa presidencial, aconselha todos os intervenientes que estão a pilotar as iniciativas da integração digital que se mantenha coordenadas com vista a alcançar os resultados satisfatórios.

“ Apelo às diferentes instituições públicas e parceiros do Estado que estão a pilotar as iniciativas de integração do digital na nossa administração pública, a trabalharem de mãos dadas com o ITMA, visando a interconexão e intercomunicação de todas as plataformas digitais do Estado e ligado a um único data Center promovendo a mutualização e partilha das infraestruturas de promoção do Tics na administração pública” disse o Rui Barros.

Presente no ato, o ministro dos Transportes José Carlos Esteves elenca as prioridades do seu pelouro.

“ O governo da Guiné-Bissau elegeu a economia digital como um dos pilares de desenvolvimento, e não podíamos deixar passar este acto perante os parceiros estratégicos a que presente, sem reiterar o nosso compromisso a aceleração do digital na administração pública fortalecendo o caso a saúde a Educação e a inclusão financeira como prioridade” disse o titular da pasta dos transportes José Carlos Esteves.

Refira-se que para a construção de raiz desta sede do Instituto Técnico para a Modernização Administrativa, foi orçado mais de 1 bilhão de francos cfa.

Por: Turé da Silva/radiosolmansi com Conosaba do Porto

Lançamento do Fórum para a Salvação da Democracia na Guiné-Bissau

Os partidos que até aqui eram aliados do Presidente Umaro Sissoco Embaló criaram o Fórum para a Salvação da Democracia na Guiné-Bissau. A cerimónia da assinatura do acordo de criação do espaço aconteceu ontem numa unidade hoteleira de Bissau, perante apoiantes dos partidos que integram essa nova estrutura.

O Fórum, para já, congrega os partidos Madem G-15, PRS e APU-PDGB. O coordenador geral do Fórum, o líder do Madem G-15, Braima Camará diz que o espaço é aberto para todos os partidos democráticos da Guiné-Bissau. Camará lançou um apelo ao líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, e a Botche Candé, líder do PTG para que se juntem ao Fórum.

O espaço tem como objectivos lutar pela democracia que consideram em perigo na Guiné-Bissau. Na óptica desta plataforma, o parlamento, dissolvido em Dezembro passado pelo Presidente guineense, deve ser reabilitado, o Supremo Tribunal de Justiça deve ter uma nova direcção, eleita pelos juízes, a Comissão Nacional de Eleições deve ser reconstituída.

Mas, o grande objectivo do Fórum é levar as autoridades do país a marcar eleições presidenciais ainda este ano. Discursando ontem na cerimónia de lançamento do Fórum, o presidente interino do PRS, Fernando Dias, insistiu na “obrigatoriedade legal” de as presidenciais serem organizadas até Dezembro deste ano de modo "que o novo Presidente seja empossado em Fevereiro de 2025”.

O Governo e o Presidente Sissoco Embalo entendem que as próximas eleições na Guiné-Bissau devem ser as legislativas também em 2024.

Os partidos do Fórum para a Salvação da Democracia prometem, se for o caso, levar o povo às ruas para -tal como no Senegal- resgatar os valores da democracia. O antigo primeiro-ministro, Nuno Nabiam, líder da APU-PDGB disse mesmo que, se for preciso, até está disposto a dar a própria vida para que a democracia vingue na Guiné-Bissau.

Por: Mussá Baldé
Conosaba/rfi.fr/pt

Nuno Nabian: “COMUNIDADE INTERNACIONAL CONHECE AS PESSOAS QUE VENDEM DROGA (Dambacatam) NA GUINÉ-BISSAU”

O líder da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Nuno Gomes Nabian, afirmou que a comunidade internacional conhece muito bem as pessoas que vendem drogas na Guiné-Bissau, enfatizando que estragaram o nome dos militares em como traficam drogas no país, mas a comunidade internacional sabe realmente quem são estas pessoas que traficam estupefacientes no país, “é muita pena porque não estão a reagir para sancionar os traficantes de droga”.

“Em Bissorã, fiz a denúncia da existência de muita droga no país e as pessoas disseram que iriam levar-me ao tribunal. Fiquei à espera para me levarem ao tribunal para provar a minha denúncia, porque sou um cidadão normal como qualquer outro. Quem não sabe que uma visão desembarcou droga aqui e que a Polícia Judiciária abriu um inquérito sobre este acontecimento? Onde foi parar aquela droga…? Levantaram-se aqui e deram uma semana às autoridades para descobrir a existência ou não de drogas no país.

Eu não acusei o ministério do Interior ou a Presidência da República de vender drogas, mas as pessoas devem lembrar que fui primeiro-ministro durante três anos e seis meses”, disse o político, afirmando que a comunidade internacional conhece muito bem as pessoas que fazem negócios do tráfico de drogas na Guiné-Bissau.

Nabian fez estas afirmações na sua comunicação na cerimónia de assinatura do acordo político para a criação do Fórum para a Salvação da Democracia (FSD), que integra o Movimento para a Alternância Democrática (MADEM G-15) e Aliança “Kumba Lanta”, constituído pelos Partido da Renovação Social e a Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (PRS e APU-PDGB), e que está a ser coordenado por BraimaCamará.

O líder dos apuanos lamenta o fato de a comunidade internacional não tomar a iniciativa de denunciar os traficantes de drogas na Guiné-Bissau e aplicar sanções contra estas pessoas. Acrescentou que, apesar de ter cidadania americana, “eu sou filho da Guiné-Bissau, nasci aqui e vou morrer aqui, portanto não tenho medo da morte, mas é bom que seja a morte natural de deus. Se for marte não marcada por Deus, haverá pessoas que rezem por ti…”.

“Quando se trata da Guiné-Bissau temos que estar dispostos a estar na frente e mesmo se for para morrermos. No Senegal morreram mais de 30 pessoas, mas conseguiram a liberdade. Temos que erguer os pés neste país para fazer funcionar a democracia, porque não devemos permitir que nos enganem ou intimidem-nos com as forças militarizadas, não…”, exortou.

“Ouvimos as pessoas a inventar que existe uma tentativa de golpe de Estado, mas quem tem o interesse de fazer o golpe hoje na Guiné? É através das urnas que vamos tirar do poder qualquer pessoa que queira trazer problemas para este país, porque os guineenses já estão cansados de ouvir mentiras e de intrigas”, disse, exortando que é bom que as pessoas compreendam que ninguém quer golpe neste país e nem violência.

“Quando há tentativa de golpe diz-se que é Domingos Simões Pereira, que quer fazer o golpe de Estado. Foi isso que nos contaram e até falaram da existência de provas, mas eu defendo que, se houver provas, que as pessoas sejam levadas à justiça. E pessoas foram detidas por tentativa de golpe. A acusação saiu de Domingos Simões Pereira e seguiu para acusar Nuno Nabian de querer fazer o golpe, porque fui crítico ao Chefe de Estado. E depois disseram que Nuno e Braimareuniram-se em Portugal e que os serviços secretosportugueses disseram que foi ali que orquestraram o golpe. Mais tarde, disseram que o Nuno já não faz parte, mas que foi o Braima quem quis fazer o golpe de Estado”, disse, assegurando que agora as mesmas pessoas estão a acusar Mário Fambe e Fernando Dias, de quererem fazer o golpe de Estado.

Criticou a detenção de pessoas suspeitas de tentativa de golpe de Estado por dois anos sem que sejam levadas à justiça, acrescentando que os detidos devem ser julgados e se se provar que estiveram por detrás da tentativa do golpe, que sejam punidas de acordo com a lei.

“A detenção dessas pessoas ultrapassou todos os limites. As pessoas acusadas de tentativa de golpe são: Domingos Simões Pereira, Braima Camará, Mário Fambé, Fernando Dias, Nuno Nabian ou Brigadeiro-General Bauté, dequerem fazer o golpe. Mas afinal quem quer fazer o golpe!? Por isso, perguntamos se são verdade essas tentativas de golpe de Estado ou são assuntos orquestrados?”, questionou, advertindo que não admite que seja associado com a violência e que não vai permitir faltas de respeito.

Nabian assegurou que não é violento e que deseja sempre que haja paz na Guiné, porque mesmo havendo diferença política, que não se enveredem por insultos nas redes sociais como se tem verificado nos últimos tempos. Enfatizou, neste particular, que a Guiné tem petróleo, ouro e fosfato que podem ser explorados para desenvolver o país.

“ANDRÉ LIMA, PERGUNTA AO JOSÉ PEDRO SAMBÚ O QUE TERÁ ACONTECIDO COM ELE”

Sobre a situação do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Nabian aproveitou a ocasião para chamar atenção do presidente em exercício daquele órgão judicial, lembrando que ele e André Lima, atravessaram neves em Kiev (Ucrânia, antiga URSS) para ir à escola.

“Lima foi um brilhante estudante e conhece muito bem o direito, mas quero chamar-lhe atenção e, sobretudo, perguntar ao José Pedro Sambú, o que realmente terá acontecido com ele. Tenho a certeza que a mesma coisa que aconteceu com o José Pedro Sambú, acontecerá também com André Lima, porque Lima foi a escola e sabe exatamente como funciona o direito”, alertou o político.

O antigo chefe do governo assegurou que não é segredo para ninguém que a democracia hoje está embaixo de água e que há uma confusão total na Guiné-Bissau, frisando que não se pode jamais pensar em destruir um partido político com intrigas e calúnias como se assiste hoje no MADEM, PRS, afirmando que todos os problemas deparam-se com crises internas por causa dos infiltrados.

“A dissolução do Parlamento é da responsabilidade do Presidente da República. Dissemos que é inconstitucional”, disse, alertando que o país está numa situação difícil, sem a legitimidades dos órgãos competentes para realizar o processo eleitoral, desde a Assembleia Nacional Popular, a Comissão Nacional de Eleições e o Supremo Tribunal de Justiça.

Nuno Gomes Nabian ressaltou que o país não pode ficar sem o funcionamento do Parlamento e “muito menos ter Supremo Tribunal e a Comissão Nacional de Eleição caducados”, realçando que é preciso trabalhar para que estas instituições voltem a funcionar plenamente.

Por: Assana Sambú
Conosaba/odemocratagb.