Os agentes do ministério do Interior e da Ordem Pública, através do Departamento de Informação da Polícia de Investigação Criminal, detiveram na sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024, 41 cidadãos da nacionalidade camaronesa com passaportes da Guiné-Bissau.
A detenção de 41 cidadãos dos Camarões ocorreu nos bairros de Hafia, de São Paulo e de Granja de Pessube, entre os quais 16 mulheres cuja entrada foi facilitada por três funcionários do Ministério do Interior, no âmbito de uma rede instalada no país.
A informação foi transmitida pelo ministro do Interior e da Ordem Pública, Botche Candé, depois da visita aos cidadãos camaroneses detidos nas instalações da Segunda-Esquadra em Bissau.
Botche Candé disse aos jornalistas que qualquer rede de falsificação de documentos e de outra natureza que coloca em causa a boa imagem da Guiné-Bissau será desmantelada pelos agentes do ministério e responsabilizarão judicialmente todos os autores envolvidos nessa prática.
O Ministro do Interior e da Ordem Pública assegurou que, enquanto responsável do ministério, tem a obrigação de visitar os estrangeiros detidos, mesmo tendo estes cometido crimes, para saber em que condições estão a viver na prisão e ter provas sobre a informação que recebeu do seu gabinete e dos agentes de investigação criminal daquela instituição, porque “não pode acreditar apenas no que está nos documentos”.
“Não posso acreditar que estrangeiros viajaram para a Guiné-Bissau nestas condições, sem conhecer Bafatá, Cacheu, Gabú e Tombali, porém obtiveram documentos, nomeadamente o bilhete de identidade, o registo criminal, a certidão narrativa e o passaporte em um único dia, isso não é normal”, criticou, para de seguida denunciar que a rede foi instalada há vários anos no país.
“Quase todos os ministros que passaram no ministério do interior assinaram vários documentos desta natureza, através de facilidades dos funcionários da migração e fronteiras que desempenharam um papel muito mau”, sublinhou.
Informou que qualquer funcionário do ministério do interior envolvido na rede de atribuição ou falsificação de documentos será responsabilizado duramente para saber que agiu mal, traiu a confiança dos responsáveis daquele ministério e colocou a imagem do país em causa.
“O mais caricato de tudo, um dos agentes envolvidos na rede entregou a sua pistola ao responsável dos camaroneses para a sua segurança pessoal, isto é um crime”, frisou.
Botche Candé disse não acreditar se existisse funcionários pagos pelo Estado envolvidos neste tipo de rede de preparação de documentos para estrangeiros, mudando nomes originais destes cidadãos para nomes tipicamente guineenses.
“Os autores serão castigados conforme a lei para que ninguém volte a praticar o mesmo ato”, afirmou.
Por seu lado, o diretor do Departamento de Informação de Polícia de Investigação Criminal do ministério do interior, António Marcos José Correia, disse que a operação foi na passada sexta-feira e culminou no domingo, tendo sido apreendidos 41 cidadãos da nacionalidade camaronesa que estavam divididos em três bairros da capital Bissau, Hafia, São Paulo e Granja de Pessubé.
O responsável informou que o processo de investigação durou um mês, trabalhando de forma calma e serena e na passada sexta-feira conseguiram aprendê-los.
Revelou que em dezembro de 2023 aquela corporação realizou um trabalho idêntico que culminou com a apreensão de cidadãos de nacionalidades do Bangladesh.
“Vamos continuar a trabalhar para desmantelar todas as redes que põem em causa a imagem do país”, garantiu.
Foto: A.A
Conosaba/odemocratagb
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