O presidente da Associação de Intermediários da Guiné-Bissau, Lassana Sambú revelou esta sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024, que durante a campanha da comercialização da castanha de caju do ano 2023, 165 mil toneladas da castanha de cajú do país foram registadas na báscula de Ziguinchor, região de Casamança, no sul do Senegal foram castanhas que saíram clandestinamente por via desta fronteira terrestre.
“O Estado deve reforçar as medidas de segurança nas fronteiras e aplicar o sistema da sub-região, que vai permitir o escoamento do produto e a entrada de divisas no país de origem”, defendeu o empresário na sua declaração aos jornalistas no final da visita ao armazém da empresa “JMS” para acompanhar o carregamento de camiões que transportam a castanha remanescente de 2022 para o Senegal, depois da autorização oficial das autoridades.
A Guiné-Bissau exportou em 2023, 170 mil toneladas da castanha de cajú que saíram oficialmente dos portos de Bissau, uma quantidade muito inferior ao ano de 2022, embora a previsão fosse de 225 mil toneladas. Neste momento, encontra-se em Bissau, dois a três mil toneladas de castanha de cajú remanescente do ano de 2023.
Sambú criticou duramente a falta de controle da linha de fronteira pelas autoridades e particularmente, da parte das forças de segurança, o que segundo ele, leva a fuga daquele nosso produto considerado estratégico para o país vizinho com perdas pesadas para o Estado.
“Com a base tributária de 900 dólares fixada, a Guiné-Bissau perdeu quase cento e quarenta milhões de dólares que deveriam ter sido partilhados entre os dois países”, lamentou e disse que se essa quantidade tivesse sido embarcada no porto de Bissau, o governo arrecadaria no tesouro público 14 bilhões de Francos CFA.
Revelou ainda que as estatísticas do Senegal de 2023 indicam que aquele país vizinho exportou cento e sessenta e cinco mil toneladas da castanha, afirmando que na verdade a capacidade produtiva do Senegal não ultrapassa cinquenta mil toneladas da castanha de cajú anualmente.
“Quer dizer que o restante é da Guiné-Bissau. A Gâmbia, por exemplo, exportou quase cinquenta mil toneladas, mas a sua capacidade produtiva não ultrapassou as 30 mil toneladas. Houve fuga da castanha via leste das quais não temos dados, sem falar da Guiné-Conacri”, indicou, para de seguida afirmar que se o país fizer cálculos a partir das estatísticas do Senegal e da Gâmbia, concluir-se-á que a Guiné-Bissau perdeu mais de 140 milhões de dólares que poderia partilhar com o banco e quase 16 biliões de Francos CFA que entrariam no cofre de Estado.
Sobre a exportação da castanha de cajú clandestinamente para os países vizinhos que causa a perda de bilhões de fcfa ao executivo, o diretor-geral do Comércio Externo disse aos jornalistas que o governo logo na abertura da campanha de comercialização da castanha de cajú deste ano (2024) irá tomar medidas que envolverão várias entidades estatais através de uma comissão interministerial e sobretudo, envolvendo elementos das forças de segurança para ajudar no controle da fronteira.
Lassa Fati reconheceu que no ano passado houve muita fuga da castanha de cajú pela via terrestre e sobretudo para o Senegal. Acrescentou que a fuga da castanha para os países vizinhos deve-se à situação que o país estava enfrentar depois das eleições legislativas e a mudança do governo.
“Estamos a trabalhar neste momento para que este ano não passem 5 ou 10 por cento da castanha que pode ter passado pelas fronteiras”, disse, reconhecendo, “não é um processo fácil, porque envolve vários meios e entidades, mas será uma das medidas fortes que o governo pretende tomar para pôr cobro à situação”.
Questionado sobre a preparação da campanha de 2024, disse que é possível contar, nesta campanha de comercialização da castanha de cajú, com uma parte de empresários chineses, tendo avançado que a Câmara do Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços da Guiné-Bissau, rubricou recentemente um acordo para a compra de 50 mil toneladas da castanha de cajú pelos empresários chineses.
Enfatizou que os empresários chineses pediram às autoridades guineenses o certificado fito sanitário que está a ser tratado neste momento pelo ministério da agricultura, tendo assegurado que “se conseguirem ter tudo em mãos, é possível ter nesta campanha de 2024 empresários chineses na compra da nossa castanha”.
Fati explicou que para além dos empresários da China Popular, existem outros parceiros ou grupos de empresários de diferentes países interessados na castanha de cajú da Guiné-Bissau, nomeadamente os indianos que já tinham visitado o país e que manifestaram interesse em comprar 30 a 40 mil toneladas.
Sublinhou que os interesses manifestados pelos grupos de empresários de diferentes países na castanha de cajú guineense darão uma certa dinâmica e concorrência em termos da comercialização deste produto estratégico do país.
Revelou a realização na próxima semana de uma reunião ministerial para afinar a estrutura do custo, na qual levarão em conta o preço que será praticado a nível da sub-região e no mercado internacional, afirmando, neste particular, que “já temos 70 ou 80 por cento na posse daquilo que é informação para definir melhor a campanha de cajú 2024”.
Por: Assana Sambú
Conosaba/odemocratagb
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