O estado avançado de degradação da estrada que dá acesso aos setores de Cacine e Bedanda, na região de Tombali, no sul da Guiné-Bissau, dificulta as trocas comerciais naquela zona, principalmente os serviços sociais básicos para as populações, como o ensino, saúde, água potável e atividades comerciais concernentes a movimentação de produtos alimentares.
A deterioração de estradas em terra batida daquelas zonas e que limitam a movimentação dos transportes públicos, obriga as poucas viaturas que circulam por lá a praticar preços muito altos para o transporte de pessoas e cargas, fato que complica ainda mais a vida dos populares daqueles setores que enfrentam outras crises, como seja a fome por causa de má campanha de comercialização da castanha de cajú.
O Democrata constatou que na região de Tombali e concretamente nos setores de Bedanda outrora considerado o celeiro de arroz na Guiné-Bissau e Cacine,que é a zona de maior produção de frutas (bananas, laranjas e cocos) falta quase tudo, desde infraestruturas escolares, professores, postos de saúde e ambulâncias para evacuação de doentes, falta a justiça, faltam centros formações profissionais e regista-se também as cobrança ilícitas feitas pelas autoridades bem como os poucos transportes públicos que circulam aquela zona cobram preços exorbitantes para o escoamento dos produtos.
CRIANÇAS PERCORREM SEIS KM PARA CHEGAREM À ESCOLA NO SETOR DE BEDANDA
As preocupações dos habitantes das aldeias destes setores sobre as dificuldades que enfrentam foram registadas pelorepórter do jornal O Democrata esta quarta-feira, 11 de outubro, que está a acompanhar a visita do presidente da Assembleia Nacional Popular, Domingos Simões Pereira, a província sul, iniciada na segunda-feira, na região de Tombali, de onde saiu para a região de Quínara e depois vai seguir para as ilhas de Bolama/Bijagós.
A deslocação do líder do Parlamento à província sul visa essencialmente auscultar as preocupações das populações e inteirar-se dos reais problemas com que se deparam e que posteriormente serão objeto de debate na próxima sessão parlamentar a realizar-se em novembro.
Ouvido pelo Jornal O Democrata na secção de Guiledje, o representante dos chefes das tabancas do setor de Bedanda, Sene Candé, revelou que as crianças no setor de Bedanda percorrem entre 5 ou 6 quilômetros para ter acesso a escola, o que no seu entender, é a principal razão para o abandono escolar dos alunos.
“Uma pessoa, para se sentir desenvolvida, é quando tem conhecimento, mas para ter conhecimento é preciso ter acesso a educação, mas o setor de Bedanda carece deinfraestruturas escolares, porque existem tabancas onde as crianças andam entre 5 ou 6 quilômetros para chegar à escola”, explicou, salientando que esta situação compromete os estudos das crianças daquele sector.
“Queremos, na presente legislatura, que o executivo use a sua influência para que todas as tabancas que tenham necessidade de ter escolas, que sejam criadas as condições para o cumprimento deste desiderato. Mas outras têm escolas, mas estão com insuficiência em professores. Por isso, se pretendemos o ensino de qualidade é fundamental criar as condições adequadas para os professores”, disse.
Segundo a explicação de Candé, o setor de Bedanda, um dos setores de maior dimensão a nível nacional, funciona sem um centro hospitalar adequado para a população local, principalmente para as grávidas. A unidade hospitalar daquele setor tem apenas uma cama.
Candé, que é quadro do ensino, relatou ainda a existência de fome que a comunidade do setor de Bedanda enfrenta devido às dificuldades dos comerciantes de transportar o arroz de Bissau para aquela localidade, no sul da Guiné-Bissau.
O representante das populações realçou a decisão do executivo em baixar o preço do arroz a nível nacional, mas lamentou o estado avançado de degradação da estrada daquela zona, o que, levou os transportes públicos que circulam naqueles setores a cobrar preços exorbitantes pelo transporte de pessoas e bens e que tem dificultados as atividades de comerciantes na venda do arroz em Bedanda, sobretudo a preços anunciados pelo executivo.
CHUVAS TORRENCIAIS DESTROEM ESCOLAS EM CACINE E ÁGUA SALGAD INUNDAS BOLANHAS
O régulo de Canifaque, Secuna Silla, revelou que as mulheres do setor de Cacine estão com problemas de transportar os seus produtos para comercialização em Bissau, principalmente óleo de palma, devido aos preços exorbitantes praticados para o transporte deste produto.
Silla, transmitiu ao Democrata, que várias escolas públicas do setor estão totalmente destruídas pela chuva nos últimos anos. O régulo falou ainda da destruição das bolanhas pela água salgada, uma vez que comprometeu a produção do arroz.
Em conversa com vários citadinos daqueles setores, garantem que o péssimo estado da estrada desmotiva muitos empresários a investir nas duas localidades, bem como os camponeses, devido às dificuldades que encontram no escoamento dos seus produtos para os principais centros de consumo.
O serviço de transportes é assegurado por moto-taxistas, por terem alguma facilidade para chegar aos setores de Bedanda e Cacine. Esta situação tem provocado que alguns camponeses se recusem a produzir, para evitar prejuízos com a deterioração de produtos.
Sobre a deterioração das estradas e crises sociais registradas nos setores de Cacine e Bedanda, o presidente do Parlamento, Domingos Simões Pereira, reconheceu que o Estado está “ausente” das suas principais “responsabilidades” nas regiões, pois todas as decisões são tomadas pelos seus órgãos centrais, em Bissau.
“A saúde será certamente o que desperta mais atenção sobre a ausência de estado, devido a ineficácia da administração pública, pelo que o presidente do Parlamento, sublinhou que o estado deve conhecer os reais problemas da população para poder procurar soluções que satisfaçam as necessidades dos cidadãos, desempenhando assim o papel da entidade reguladora.”
Por: Alison Cabral
Foto: AC
Conosaba/Conosaba/odemocratagb
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