Na alocução, a primeira desde a rebelião iniciada e abortada no mesmo dia, Vladimir Putin regozijou-se de ter «evitado um banho de sangue».
O Presidente russo afirmou que rapidamente deu “instruções” que levaram o seu tempo a chegar aos líderes da rebelião em que “dava uma oportunidade àqueles que cometeram um erro” de se redimirem.
Ao abordar os rebeldes, o chefe de Estado voltou a qualificá-los de “traidores”, garantindo que qualquer “rebelião” teria sido reprimida. Por isso deixou três hipóteses aos guerrilheiros Wagner: juntar-se às forças armadas russas, seguir o chefe Yevgeny Prigozhin para a Bielorrússia ou regressar a casa.
Apesar destas ameaças, informações recolhidas pela RFI frisam que o Grupo Wagner tem um campo de treinos na Bielorrússia, a 70 quilómetros da Ucrânia, e que os centros de recrutamento na Rússia também estão abertos.
Por fim, Vladimir Putin voltou a atacar o Ocidente e os ucranianos assegurando que esses esperavam por uma “luta fratricida”.
Yevgeny Prigozhin não queria o poder
O líder do Grupo Wagner também falou e afirmou que o objectivo da rebelião era permitir a continuidade do grupo paramilitar, que estava ameaçado de extinção, e não foi de conquistar o poder à força.
No entanto Yevgeny Prigozhin até admitiu que a rebelião foi positiva para os russos mostrando os defeitos da segurança nacional, visto que o Grupo Wagner percorreu 780 quilómetros sem resistência, conseguindo bloquear aeroportos e forças militares locais sem problemas, assegurando ainda que, se tivesse ido até ao fim, essa operação teria sido um sucesso em menos de 24 horas, o que é preocupante para o poder russo.
Numa alusão política, Yevgeny Prigozhin frisou que as suas tropas foram apoiadas e aplaudidas pelas comunidades locais, algo já desmentido pelo próprio Vladimir Putin, isto apesar do grupo paramilitar ter sido obrigado a abater helicópteros russos que atacaram as suas tropas.
Por fim, o líder do Grupo Wagner congratulou-se com a intervenção do Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, que segundo ele vai permitir a sobrevivência do grupo paramilitar. Nesta terça-feira, segundo informações recolhidas pela RFI, dois aviões chegaram a Minsk, capital do país, numa altura em que o Presidente do país admitiu que o grupo paramilitar foi mal gerido e afirmou que as forças armadas bielorrussas estavam preparadas para ajudar as autoridades russas se necessário.
Rebelião sem efeito
As autoridades russas anunciaram nesta terça-feira, 27 de Junho, que as acusações contra o Grupo Wagner foram retiradas, visto que todos os participantes na rebelião “puseram termo às acções que visavam directamente a prática de um crime”.
Yevgeny Prigozhin, líder do Grupo Wagner. © REUTERS - ALEXANDER ERMOCHENKO
Texto por:Marco Martins
Conosaba/.rfi.fr/pt
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