Bissau, 10 Abr 23 (ANG) - As populações das zonas de Como e Tombali na Guiné-Bissau estão a abandonar as suas casas devido à escassez de água potável.
Segundo a RFI, a directora-geral dos recursos hídricos da Guiné-Bissau, Fátima Assad Mezé, confirma que no sector de Como “80% dos pontos de água” não funcionam, por falta de "reparações regulares".
A denúncia é do régulo da região de Tombali, sul da Guiné-Bissau, Malam Sambú, que acrescenta que as pessoas estão a consumir água imprópria e lamenta que essas zonas tenham sido abandonadas e isoladas do resto do país pelas autoridades nacionais.
Dados do MICS 6/2019 (Inquérito aos Indicadores Múltiplos da Guiné-Bissau) estimam que a cobertura actual dos serviços básicos de água a nível nacional é de 67%.
Contactada pela RFI, a directora-geral dos recursos hídricos da Guiné-Bissau, Fátima Assad Mezé, confirma as limitações de abastecimento de água nesta região: “é a zona que tem mais fraca cobertura a nível nacional. Não só pelas limitações financeiras, mas também pelo contexto geológico”.
Nas zonas rurais da Guiné-Bissau, as infra-estruturas mais utilizadas para o abastecimento de água são bombas de motricidade humana. Fátima Assad Mezé avança que no sector de Como “80% dos pontos de água” não funcionam, por falta de “reparações regulares”.
Dizem os últimos relatórios que 26% da população mundial não tem acesso à água potável, ou seja dois mil milhões de habitantes. Cerca de 46% dos habitantes do planeta Terra não possuem serviços de saneamento seguros, o equivalente a 3,6 mil milhões de pessoas.
Em todo o mundo, mais de mil crianças menores de cinco anos morrem todos os dias de doenças relacionadas com problemas de água. Pelo menos 500 milhões de pessoas defecam a céu aberto e milhões de meninas e mulheres caminham horas diariamente para conseguir água potável.
Os números são do último relatório da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, divulgado em Março na Conferência da ONU sobre Água, em Nova Iorque.
O mesmo estudo avança, ainda, que até 2050 a falta de água potável deverá atingir até 2,4 mil milhões de pessoas.
A esse propósito, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, sublinhou que 75% dos desastres naturais estão relacionados à água, alertando para “consumo vampírico e uso insustentável” deste recurso.
Conosaba/ANG/RFI
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