O Governo da Guiné-Bissau lançou hoje um projeto de emergência alimentar para apoiar cerca de 47 mil agricultores nos próximos doze meses, anunciou hoje o coordenador da iniciativa, Luís Besna Ialá, do Ministério da Agricultura guineense.
O Projeto de Apoio de Emergência à Segurança Alimentar (PAUSA) é coordenado pelo governo guineense, financiado pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em cerca de 6,6 milhões de dólares e será executado conjuntamente com o Programa Alimentar Mundial (PAM).
O projeto deverá apoiar diretamente camponeses de todas as regiões da Guiné-Bissau, sendo que cerca de 70% dos beneficiários serão mulheres, principalmente as que se dedicam à horticultura.
O secretário-geral do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Malam Cassamá destacou, no seu discurso em representação do ministro da tutela, que a insegurança alimentar "está a aumentar na Guiné-Bissau", citando um inquérito publicado no passado mês de março.
O responsável assinalou que tal se deve à crise da covid-19, ao conflito no leste europeu, ao baixo preço da castanha de caju - principal produto agrícola e de exportação na Guiné-Bissau - e ao aumento de preços de produtos de primeira necessidade.
O PAUSA "foi montado de forma a acudir os agricultores guineenses como resposta à crise provocada pela pandemia da covid-19 e a guerra na Ucrânia", assinalou Luís Ialá ao justificar a importância do projeto hoje lançado em Bissau.
O coordenador do PAUSA assinalou que o projeto deveria ter sido implementado entre 2022 e 2023, mas os atrasos na assinatura dos documentos motivaram a que só agora esteja a ser iniciado.
De concreto, o projeto irá fornecer sementes, fertilizantes e equipamentos agrícolas aos beneficiários, uma tarefa que o presidente da Associação Nacional dos Agricultores da Guiné-Bissau (ANAG), Jaime Boles, teme que possa ser tardia tendo em conta a proximidade da época das chuvas, oficialmente a partir do mês de maio.
"Sabemos que estamos a correr contra o tempo", enfatizou o coordenador do PAUSA, mas salientou que o comité de seguimento já tem em mãos as informações sobre as empresas fornecedoras de equipamentos e entidades que vendem as sementes agrícolas.
Luis Ialá referiu ser intenção do projeto adquirir as sementes, fertilizantes e equipamentos necessários para o projeto na Guiné-Bissau.
Presidente do Comité de Seguimento e antigo ministro da Agricultura guineense, Rui Nené Djata disse que o "projeto está bem desenhado e vai correr bem".
À preocupação dos presentes em como as sementes poderiam ser disponibilizadas fora de tempo para serem utilizadas ainda na próxima campanha agrícola, Nenê Djata afirmou que "se for o caso serão empregues na próxima safra".
Isabel Almeida, da organização não-governamental Alternag, que também trabalha com os camponeses, exortou para a necessidade de se alinhar o calendário do projeto com o dos agricultores guineenses bem como o perfil de pessoas que "realmente devem beneficiar" do projeto.
Vários responsáveis de ONG que trabalham com os camponeses apelaram para que o projeto seja estendido para lá dos 12 meses que consideram "curto para as necessidades".
Conosaba/Lusa
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