O presidente do coletivo de funcionários públicos, Serifo Mané, revelou na quarta-feira, 01 de março de 2023, que mais de três mil funcionários públicos da Guiné-Bissau têm os salários bloqueados há mais de seis meses, na sequência do último recenseamento dos servidores públicos feito pelo governo.
Em conferência de imprensa realizada na sede da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné- Central Sindical (UNTG – CS), Serifo Mané criticou a forma como os processos de reclamação estão a ser geridos pelos ministérios da Função Pública e das Finanças.
“O que está a acontecer connosco não é um bloqueio de salários, mas sim uma burla. Não recebemos os nossos salários há mais de 6 meses. Essa atitude demonstra a insensibilidade do governo em relação às questões de funcionários recenseados, mas que não recebem os respetivos ordenados”, afirmou, tendo acusado o executivo de estar a incentivar a pobreza no país e que este não pensa no desenvolvimento.
A maioria destes funcionários públicos têm dependentes menores que estudam. Devido a esta situação, os pais já não podem pagar os estudos dos nossos filhos, pagar a renda das suas casas.
“Sobre a renda, muitos dos nossos colegas foram expulsos das casas onde moravam. Depois da realização do recenseamento dos funcionários públicos, não sei se se lembram, o ministro da função pública disse-nos que o governo pagou os salários tendo como saldo cerca de 500 milhões de francos CFA. Que nos paguem e vejam se vão ter esse saldo. Portanto, vamos responsabilizar o Ministro da função pública e das finanças pela situação em que nos encontramos ” acusou.
Serifo Mané disse esperar que o executivo consiga desbloquear os salários, o mais tardar até sexta-feira, 3 de março, caso contrário, avisa o responsável, o coletivo vai realizar um “motim popular” para bloquear todas as artérias de Bissau, alertando que não vão admitir que sejam humilhados na praça pública.
“Estamos dispostos a morrer, como morreram pessoas no dia 3 de agosto [1959]. Vamos aguardar a decisão do governo que se vai reunir em conselho de ministros. Espero que a nossa situação esteja no centro das atenções e que venham, expressamente no comunicado do Conselho de Ministros, orientações para a resolução da nossa situação”, disse, denunciando que há falta de coordenação entre o ministro da função pública, Cirilo Mama Saliu Baldé, e o das finanças, Ilídio Vieira Te.
Por isso, Serifo Mané exigiu a demissão destes ministros por supostamente não terem conseguido cumprir cabalmente as suas funções de organizar a administração pública.
Lembrou que muitos funcionários do ministério do Interior estão também há mais de 6 meses sem salários, daí que espera que, em caso da realização de motim popular, estes agentes não impeçam a sua realização, porque “a manifestação que vamos fazer é para o bem de todos os funcionários, que há mais de 6 meses, não recebam os seus salários”.
“Neste momento, o nosso processo voltou atrás. Os responsáveis dos recursos humanos de diferentes ministérios enviaram o processo para função pública e esta por sua vez enviou-os para as Finanças, mas o ministro das finanças fez voltar todo o processo para função pública”, explicou Serifo Mané.
Por: Tiago Seide
Foto: TS
Conosaba/odemocratagb
Sem comentários:
Enviar um comentário