O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, instou hoje os juízes do país a afastarem-se dos partidos políticos para que possam restabelecer a credibilidade do setor judicial, que disse ser mal visto pelos cidadãos.
Umaro Sissoco Embaló falava na abertura do ano judicial 2023/2024, que presidiu, perante juízes, procurador-geral da República, presidente do Supremo Tribunal de Justiça e elementos da comunidade internacional.
"Um juiz não pode ter lado. Peço aos juízes para se afastarem dos partidos políticos. O mais grave ainda é ver juiz com a camisola de um partido político. O juiz é uma pessoa de bem", afirmou Sissoco Embaló.
O Presidente guineense desafiou os juízes a "recuperarem a credibilidade" do setor que, disse, passa pela "retoma da confiança que os cidadãos perderam na justiça".
Umaro Sissoco Embaló defendeu que existem melhorias, mas que o setor ainda carece de ações e mudanças para voltar a ganhar a confiança dos cidadãos, dando o exemplo de o país contar apenas com a Polícia Judiciária em Bissau.
"Como é que é possível dizer que temos uma Polícia Judiciária só na capital?", questionou Embaló, considerando ser uma tarefa imediata instalar aquela polícia no interior do país.
Dirigindo-se ao procurador-geral da República, Edmundo Mendes, o Presidente guineense instou-o a ser "mais rigoroso" com as pessoas que serão chamadas para integrar o Governo a seguir às eleições legislativas de 04 de junho.
"Quero dizer ao procurador-geral da República que vamos a eleições, todos os membros do Governo que irei dar posse, terão de apresentar, antes, a sua declaração de bens", adiantou Umaro Sissoco Embaló.
O Presidente guineense referiu ainda que "só na Guiné-Bissau é que uma pessoa faz política sem sequer ter casa própria".
"Noutras partes do mundo não se pode ser ministro sem ter casa e carro próprios", enfatizou Sissoco Embaló.
Olhando para a situação geral do país, o Presidente guineense considerou que a Guiné-Bissau "recuperou a credibilidade externa", graças, frisou, à diplomacia, mas também ao combate à corrupção que tem levado a cabo.
"Hoje estamos bem, graças ao combate à corrupção. O narcotráfico nem falo disso, porque só os guineenses é que falam disso. Isso é cinema, porque um bom filho da Guiné-Bissau não fala desse assunto. Um bom filho da terra não fala mal da sua terra", vincou Embaló.
O Presidente desafiou todos os intervenientes do setor da justiça a redobrar os esforços, "com a consciência de que a atual geração de dirigentes do país não pode falhar" e que todos estão sujeitos a responder perante a justiça, se um dia cometerem algum crime.
"A começar por mim mesmo, enquanto Presidente. Saber que no dia que errar, terei de responder, quando deixar de ser Presidente", sublinhou Sissoco Embaló.
Conosaba/Lusa
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