sexta-feira, 4 de novembro de 2022

FEDERAÇÕES AMEAÇAM BOICOTAR PRÓXIMA ÉPOCA SE GOVERNO NÃO DISPONIBILIZAR APOIO FINANCEIRO

Mais de 20 Federações Desportivas Nacionais, agrupadas num fórum, ameaçam boicotar a próxima época desportiva nacional em caso de o executivo não disponibilizar os meios financeiros que permitam a realização do plano de atividades submetidos ao Ministério da Juventude, Cultura e dos Desportos.

A informação foi transmitida à secção desportiva do Jornal O Democrata na terça-feira, 01 de novembro, pelo próprio presidente do fórum, Júlio Mamadu Camará, cujo objetivo é analisar as situações internas das diferentes federações desportivas.

“Não estou para revelar as decisões que os presidentes querem tomar e penso que chegará uma altura em que não poderei contornar este cenário. Por isso, posso avançar que as federações desportivas ameaçam boicotar a época desportiva, como forma de exigir do executivo a disponibilização de meios financeiros para que os órgãos possam cumprir as suas obrigações”, disse.

“O mais caricato de tudo é que o governo pede às federações desportivas a entrega do plano da atividade e orçamento e os organismos cumprem os requisitos administrativos e acabam por não receber nada, que é uma situação triste”, explicou.

Segundo a explanação de Mamadu Camará, o executivo rubricou em dezembro de 2021, um contrato com quatro federações, nomeadamente a de Luta, do Atletismo, do Andebol e do Voleibol, no âmbito do plano estratégico para o desenvolvimento do desporto no país, mas até agora não receberam nada.

Preocupado com a situação, Camará diz que é fundamental as partes dialogarem em busca de uma solução plausível, onde o executivo apresentará um pacote financeiro para o setor desportivo, permitindo assim que às federações desenvolvam as ações programadas.

“Preferimos que o executivo nos traga uma proposta, através do qual nos informa do montante disponível para a época desportiva. Mediante esse pacote financeiro, poderemos trabalhar para a realização das nossas atividades, evitando pedir um plano de atividades e orçamento que nunca conseguiu cumprir”, acrescentou.

Durante a entrevista concedida ao Democrata na sua residência oficial em Bissau, Camará revelou que na época passada, o presidente da Federação de Voleibol tirou do próprio bolso cerca de 2 milhões de francos CFA para premiar o campeão e o vice-campeão da prova .

Segundo a explicação do presidente do Fórum das Federações Desportivas, além da Federação de Voleibol, vários dirigentes das outras federações tiram para permitir a realização de competições internas das respetivas modalidades.

Camará, que foi presidente da Federação do Desporto para Deficientes, realçou também o apoio que o Comité Olímpico da Guiné-Bissau tem dado às federações ao longo de anos para desenvolverem as suas atividades, através de um contrato de trabalho.

Segundo explicação de Mamadu Camará, o Fórum das Federações Desportivas teve um encontro recentemente com o ministro dos Desportos, Augusto Gomes, no qual abordaramvários assuntos ligados ao sector, tendo o titular da pasta mostrado abertura para trabalhar com a entidade.

Camará referiu que no encontro no Palácio do Executivo, as partes abordaram o contrato com quatro federações para o desenvolvimento do desporto e a afetação de passaportes de serviço aos presidentes das Federações Desportivas, como acontece nos países da sub-região.

O montante a disponibilizar pelo governo para cada federação para desenvolver este projeto não foi divulgado, mas a secção desportiva do Jornal O Democrata apurou que as federações do Atletismo, Voleibol e Andebol receberão cada 12 milhões de francos CFA e a de Luta livre vai receber 15 milhões.

O Fórum das Federações Desportivas é um espaço criado com o propósito de os organismos concertarem ideiasrelativamente a várias situações que não foram atendidas pelo executivo relativamente ao seu plano de atividade e orçamento.

Recentemente a Federação de Luta da Guiné-Bissau (FLGB), uma das modalidades desportivas com maiores proezas em competições internacionais, lamentou a falta de apoio financeiro das autoridades governativas e queixou-se de ter sido abandonado pelo executivo.

Por: Alison Cabral
Foto: AC
Conosaba/odemocratagb

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