Os funcionários dos setores da Educação e Saúde guineenses iniciaram hoje uma greve geral de cinco dias para reivindicar o pagamento de salários em atraso e outras exigências, disse à Lusa o sindicalista Yoyo João Correia.
Porta-voz da Frente Social, constituída por quatro sindicatos, dois da saúde e outros tantos dos da educação, João Correia assinalou que "não resta outra alternativa aos funcionários" que não seja paralisar os serviços.
"Tentámos de tudo com o Governo, mas não querem alcançar um acordo connosco. Lamentavelmente hoje iniciámos mais uma greve nos dois setores", disse Correia, no meio de uma reunião de concertação de posições na sede da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG, central sindical).
O porta-voz da Frente Social disse à Lusa que antes da greve os sindicatos promoveram conferências de imprensa, emitiram comunicados e ainda realizaram uma manifestação pública nas ruas de Bissau, mas "sem sucesso".
"O Governo não quis saber", observou Yoyo João Correia.
Entre outros pontos, a Frente Comum exige o pagamento de sete meses de salários aos professores, mais de um ano aos funcionários da Saúde, subsídios de vela e de isolamento (pessoas colocadas em localidades de difícil acesso), garantias de segurança no trabalho, legislação que proteja os funcionários dos dois setores em caso de doença e a aplicação do Estatuto da Carreira Docente.
Ainda é exigida ao Governo a efetivação de todos os professores e técnicos do setor da Saúde contratados nos últimos anos, mas que agora são considerados como ilegais na Função Pública.
O porta-voz da Frente Social confirmou que os hospitais e centros de saúde só estão a prestar os serviços mínimos e que nas escolas a lei não prevê que assim seja. ´
João Correia defendeu, contudo, que os serviços mínimos nos hospitais e centros de saúde não serão suficientes pelo número de pacientes que procuram assistência médica, com o acentuar da época das chuvas.
A Lusa constatou que dezenas de pessoas estavam nos corredores de vários serviços do Simão Mendes à espera de serem atendidas. Os técnicos que se encontravam naquele que é o maior hospital da Guiné-Bissau explicaram que só estavam a atender "casos graves".
As aulas deveriam iniciar-se hoje nas escolas públicas da Guiné-Bissau.
O sindicalista comentou a possibilidade de o Governo colocar no Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau, médicos nigerianos, que se encontram no país no âmbito de um acordo de cooperação entre os dois Estados, salientando que aqueles não vão conseguir dar as respostas.
"Isso seria simplesmente uma forma de fuga às responsabilidades governativas, mas também esses técnicos nigerianos são insuficientes e ainda mais não conhecem o nosso sistema. Estão mais habituados a trabalhar com máquinas avançadas", defendeu Yoyo João da Silva.
O sindicalista afirmou que os técnicos "de fora têm grandes dificuldades" para trabalhar nos hospitais guineenses.
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