A nossa sociedade evoluiu de tal forma que é preciso termos instituições capazes de resolver todas as situações para garantir a boa governação, promover o desenvolvimento e o bem-estar das populações que tanto se sacrificaram para que hoje em dia possamos respirar este ar da liberdade.
Criámos instituições, Presidência da República, Parlamento (Assembleia Nacional Popular), Governo e Tribunais para nos conformarmos com aquilo que é conhecido por Estado Moderno. As instituições tradicionais existem, mas com a criação do Estado Moderno passaram a ter um papel secundário, quando na realidade deveriam estar no centro de tudo, para que desta feita se pudesse tirar o maior partido do tradicional e acrescentá-lo ao moderno, por forma a estabelecer um equilíbrio que seja o mais satisfatório e consensual possível.
Mas, dentro dessa arquitetura, existe um vacum, aquela que se pode chamar de “instituição amortecedora” ou simplesmente “IA”, susceptível de contribuir de forma positiva para mediar, senão dirimir todos os conflitos sociais, ou seja acalmar os ânimos a fazer voltar os ânimos exaltados a razão - MEDIADORES, CONSELHEIROS EX OFICIO ou outro nome que se lhe queira dar. Aqueles que, uma vez informados de uma determinada situação anómala, atuam imediata e preventivamente para afastar o perigo ou a ameaça de um eventual conflito social.
Essa instituição é em regra constituída por anciões ou personalidades respeitáveis, “sans reproche”, de comportamento exemplar na sociedade, cujas vozes são ouvidas e os conselhos seguidos. A ausência dessa instituição que deve ter o seu epicentro na capital, Bissau, mas com ramificações em todo o território nacional, tem favorecido o surgimento de desnecessários conflitos que têm levado a que irmãos, aliados, ou simplesmente Guineenses, se virassem as costas em detrimento de um diálogo inclusivo, fraterno a construtivo.
Nessa senda, posso citar os vários rumores que têm veiculados sobre situações incómodas entre este e aquele, entre titulares de órgãos de soberania, entre líderes de formações políticas e até de organizações de carácter religioso.
Sem estar a tomar partido ou fazer um juízo de valor, mas o que é que justifica o afastamento do jornalista Abduramane Turé, um fiel-aliado, uma mente independente e profissionalmente “au top”, que ao longo da sua carreira de jornalista tem servido o seu país e não a pessoas, de forma abnegada, corajosa e patriótica, através da profissão que livremente escolheu?
Será que não existem pessoas que poderiam ter evitado que aquilo que eventualmente possa ter sido o motivo fosse agilizado para se encontrar uma solução mais plausível, e mesmo que o afastamento fosse inevitável, mas fosse de forma mais dignificante?
A ausência dessa intuição tem levado no passado a desentendimentos entre presidentes da república e primeiros ministros, entre governos e parlamentos.
A ausência dessa instituição levou a que os irmãos, troncos da mesma árvore, o líder do PAIGC e o líder do MADEM G15 se tem transformado não simplesmente em adversários políticos, mas mais do que isso.
Porquê?
Son pabia di Tchibatos, tchutchi tchutchi di gente menos capaz, mas que usa esse instrumento de “nafikindade” pá e pudi kibi, porque em situações normais não seriam elegíveis ou admissíveis.
A ausência dessa instituição fez a Guiné-Bissau perder uma das suas melhores oportunidades após as eleições presidenciais e legislativas de 2014 que propulsaram ao poder o ex-PR José Mario Vaz, o PANP Cipriano Cassama e o ex-PM Domingos Simões Pereira.
Uma situação que poderia ter sido de arranque definitivo rumo ao desenvolvimento, pois esses três “pedras di fugon” poderiam realizar o sonho dos Pais Fundadores, porquanto as condições eram mais do que óptimas para se romper com as práticas do passado e relançar a Guiné-Bissau na rampa do progresso e bem-estar para as suas populações.
Como religioso que sou, não posso deixar de repetir que o poder provém de Deus/Allah, e quem dele beneficiar deve ter essa clara consciência e comportar-se de forma a que esse poder não lhe cause cegueira política ou mental, uma vez que é um poder limitado no timing.
Por isso é que o meu convite é de que os titulares dos órgãos públicos se considerem cada vez mais como servidores e não levantem muito os ombros, porque são cidadãos escolhidos dente muitos para em nome dos demais ocuparem esses cargos.
É urgente criar essa instituição, escolhendo na sociedade, e em todas as etnias, pessoas que reúnam condições para ajudarem a Republica a crescer, mas que no desempenho da sua missão não venham a ser como a maior parte dos parlamentos africanos, umas simples caixas de ressonância ao serviço do poder executivo.
É chegado o momento em que todos nós devemos contribuir para a consolidação da nossa jovem democracia, uma vez que é ela que escolhemos livremente como forma de governarmos, na sã competição de ideias e de projetos.
Mais uma vez, no bata sufri pá companheiro!
ABAIXO OS INCENDIÁRIOS/PYROMANES!
ABAIXO OS NAFIKIS!
ABAIXO FISIRWALES! ABAIXO OS INTRIGUISTAS! VIVA GUINENDADI!
Por: Yanick Aerton
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