Crianças guineenses estão longe de verem os seus direitos respeitados e valorizados. Há crianças de menos de 5 anos nas ruas a trabalhar e a pedir esmolas e a maioria nunca celebrou o dia internacional das crianças.
Uma boa parte não sabe e nem alguma vez na vida teve a oportunidade de comemorar o 1 de Junho que é o dia dedicado para uma reflexão sobre os cuidados aos menores
No país não é segredo para alguém que os direitos das crianças continuam a ser violados e negados, ainda continuam crianças pedintes nas ruas, o fenómeno das crianças talibés continua a aumentar aos olhos de quem tem a responsabilidade de punir o ato.
Só neste ano foram várias denúncias de crianças violentadas e uma foi morta recentemente à facada pelo próprio pai e o caso ainda está na justiça. No entanto, este vem juntando a mais casos de crianças que sofrem caladas e as vezes sem oportunidade ou medo de denunciar.
Neste dia internacional das crianças, a Rádio Sol Mansi (RSM) saiu às ruas e ouviu as crianças pedintes de esmola e principalmente as talibés ouvimos algumas crianças de apenas 6 anos de idade.
Elas contaram à RSM que são obrigadas a pedir esmola para comer, vivem longe dos país e, são obrigadas dormir em péssimas condições pelos mestres, na maioria das vezes de estomago vazio.
Em caso de doenças, estas crianças dizem que são tratadas com plantas naturais e raízes de árvores. Elas nunca foram levadas ao hospital ou atendidas por médicos especialistas.
“O meu mestre me proíbe de ir à escola mas, quero ir à escola como os meus colegas. Fico triste ao ver outras crianças com mochilas nas costas e quando brincam no recreio mas, o meu mestre me proíbe de ir á escola e me obriga a pedir esmola. Ele nem nos leva ao hospital e nos trata com algumas plantam”, disseram 3 crianças entrevistadas pela RSM que estavam descalças com roupas sujas e rasgadas.
“Quero que me ajudem a ir à escola. O nosso mestre nos obrigada a pedir esmola e comemos de acordo com o que conseguimos mas as vezes dormimos de estoma vazio. Dormimos no chão e as vezes o mestre nos obrigada a dormir sem um lençol. Vivo aqui sem os meus pais e estes meus colegas são os meus irmãos. Estou disposto a ir à escola se um dia conseguir quem vai cuidar de mim”, disseram mais quatro crianças que disseram que não conhecem o sentido do dia internacional das crianças e nem nunca tiveram a oportunidade de comemorar esta data.
Este fenómeno das crianças talibés não é de hoje e várias medidas foram anunciadas mas, o fato continua a crescer cada vez mais e principalmente na zona leste, onde se vê crianças descalçadas, com roupas sujas e rasgadas.
Em entrevista à RSM, no quadro deste dia, o presidente do Parlamento Nacional Infantil (PNI), Leone Dias, disse que a situação das crianças guineenses é preocupante e hoje deve ser uma data de reflexão sobre as políticas que vão de acordo com a carta internacional das crianças.
“Queremos que as crianças guineenses se sintam valorizados como as dos países mais desenvolvidos. Queremos que sejam dadas a proteção, a educação e à saúde para todas as crianças guineenses”, exorta.
A Guiné-Bissau ratificou a Convenção dos Direitos das Crianças a 18 de Abril de 1990 e a Carta Africana a 17 de Outubro de 2007.
Na Guiné-Bissau, as crianças são submetidas a excisão feminina, apesar de ser um fato castigado pela lei, mesmo assim, segundo informação, são excisadas as crianças de até 07 dias de vida.
Os espaços de lazer são quase inexistentes, os poucos que existem não são bem cuidados e apropriados para as crianças.
O Parlamento Nacional Infantil quer que o Estado da Guiné-Bissau faça os esforços para que a saúde chegue á todas as crianças guineenses.
“É grave quando a população percorre vários quilómetros a procura de um centro de saúde ou hospital. Várias crianças morrem durante o parto e várias gravidas morrem no parto só porque existem distâncias enormes dos centros de saúde das comunidades”, lamenta.
O objetivo da ONU para a celebração, hoje, do dia 01 de Junho é promover e buscar bem-estar, saúde e educação das crianças. Neste dia, os estados são desafiados a pensar em políticas que vão ao favor das cartas e convenções dos direitos das crianças.
Por: Elisangila Raisa Silva dos Santos/radiosolmansi com Conosaba do Porto
Imagem: Internet
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