O ministro das Finanças da Guiné-Bissau, João Fadiá, admitiu hoje a possibilidade de diminuir alguns impostos para fazer face ao aumento dos preços que se verifica no país.
"Há de facto o risco de que os preços de bens de primeira necessidade e combustível aumentem, há essa tendência e inclusive prevê-se que em 2023 poderá afetar o crescimento", afirmou o ministro, quando questionado pela Lusa sobre o impacto do aumento dos preços e o acesso da população aos bens de primeira necessidade.
João Fadiá explicou que o Governo abordou o assunto na última reunião do Conselho de Ministros e que "algumas medidas estão a ser tomadas para minimizar o efeito".
"Terá o seu custo naturalmente, ou seja, o Estado poderá diminuir as imposições fiscais sobre os produtos, bem como prestar apoios à população de uma maneira ou de outra", afirmou o ministro, recordando que o Governo já distribui por duas vezes produtos de primeira necessidade à população.
"Essas ações não são descartáveis", acrescentou.
João Fadiá falava na conferência de imprensa conjunta com a missão do Fundo Monetário Internacional (FMI), que termina na quarta-feira a terceira avaliação ao programa de referência que acordou com o país em julho de 2021 e consultas ao abrigo do artigo IV, que não eram feitas há cinco anos.
O FMI estimou hoje que o crescimento económico na Guiné-Bissau em 2021 tenha acelerado para 5%, mas que as perspetivas para 2022 são "mais incertas" devido a aumento de preços provocado pela guerra na Ucrânia.
O primeiro-ministro guineense, Nuno Gomes Nabiam, referiu na semana passada que o Governo está atento "às consequências que podem advir da particular conjuntura internacional, como a guerra na Ucrânia e outros aspetos ligados ao comércio internacional".
Segundo o primeiro-ministro, o Governo tudo "irá fazer para atenuar a subida dos preços, tanto dos combustíveis, assim como vai tomar um conjunto de medidas para regular os preços dos principais produtos de primeira necessidade.
O presidente da Associação dos Consumidores de Bens e Serviços da Guiné-Bissau, Bambo Sanhá, já alertou que um eventual aumento dos preços dos combustíveis no país pode causar um "caos social", depois de os aumentos dos preços dos bens de primeira necessidade.
Desde o início da pandemia da covid-19, que os preços dos bens alimentares têm vindo a aumentar na Guiné-Bissau, nomeadamente peixe, carne, fruta, vegetais, pão, óleo, açúcar, farinha e arroz, que é a base alimentar dos guineenses.
A Guiné-Bissau importa quase tudo e está dependente das variações dos preços praticados nos mercados mundiais, que têm aumentado devido à crise energética e à recente guerra na Ucrânia.
Conosaba/Lusa
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