O embaixador da Guiné-Bissau em Cabo Verde pediu hoje o apoio do Presidente cabo-verdiano ao processo de integração dos trabalhadores guineenses no país e revelou que a visita do Presidente Sissoco Embaló ao arquipélago já está a ser preparada.
Em declarações aos jornalistas após ter sido recebido em audiência, na Praia, pelo Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, o embaixador M´Bala Fernandes revelou ter transmitido uma mensagem do Presidente guineense, abordando as recentes eleições legislativas em Cabo Verde e a "concertação política" no plano internacional assumida entre os dois países.
"Falamos dos preparativos da visita provável do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló a Cabo Verde (...) A partir de agora vai ser tratado a nível institucional pelos dois ministérios dos Negócios Estrangeiros", afirmou M`Bala Fernandes.
Perspetivou que essa deslocação, que acontece após a visita que Jorge Carlos Fonseca realizou à Guiné-Bissau em janeiro último, a primeira de um chefe de Estado cabo-verdiano, acontecerá até setembro, face à realização de eleições presidenciais em Cabo Verde em 17 de outubro, às quais já não concorre o atual Presidente, que cumpre o segundo e último mandato, sendo ainda condicionada pela realização da cimeira de Luanda da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
"Estamos a tentar ver o que é possível, face às agendas dos dois Presidentes", disse o embaixador, sem concretizar datas para a visita de Umaro Sissoco Embaló a Cabo Verde, mas prometendo que será uma realidade.
"A visita vai acontecer, mas o mais importante é a nossa concertação política ao nível de CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] e da CPLP, principalmente nesta contenda agora do Mali", disse.
A Embaixada da Guiné-Bissau em Cabo Verde estimou este ano que perto de 10.000 guineenses vivem e trabalham em Cabo Verde, mais de metade em situação irregular ou sem documentos, apesar das tentativas para legalização, em 2011 (só para guineenses) e 2015 (geral).
"Temos que ver o que é que falhou antes de avançar para uma próxima legalização, caso o Governo entenda que deve ser feito", admitiu o embaixador, após a reunião de hoje.
Contudo, reconheceu que o Governo guineense tem de trabalhar para emitir os passaportes destes imigrantes a tempo, contando ainda com a disponibilidade dos guineenses o processo de legalização.
"Espero que possamos ultrapassar várias questões para podermos ter uma integração inclusiva e programada das nossas comunidades aqui. Embora, continuo o dizer, não têm documentação, mas sentem socialmente integrados em Cabo Verde, não temos os problemas que as outras comunidades têm, nem de criminalidade nem de outras variáveis que possam estar a levar-nos à exclusão", afirmou.
M´Bala Fernandes, que está em fim de missão em Cabo Verde, acrescentou que aproveitou a reunião de hoje com o chefe de Estado para "falar da preocupação" da comunidade guineense e das perspetivas criadas pelo novo ministério da Inclusão Social cabo-verdiano, no Governo que iniciou funções após as eleições legislativas de 18 de abril, pedindo que seja mantida a atenção à "inclusão de todos" os trabalhadores imigrantes no arquipélago.
"Pedimos ao senhor Presidente da República que continue a fazer a sua magistratura de influência junto do Governo, que tem feito um trabalho, neste momento de pandemia, não excluindo os guineenses", disse ainda.
Conosaba/Lusa
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