quarta-feira, 24 de março de 2021

AUMENTO DE CAPITAL DO FMI DEVE IR PARA VACINAS E BANCOS MULTILATERAIS


A secretária-executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para África defendeu hoje que a nova alocação de Direitos Especiais de Saque (DES) podiam ser usados para novos programas do FMI, compra de vacinas ou para bancos multilaterais.

"O que estamos a defender é que a alocação de 500 a 650 mil milhões de DES, que se convertem em 460 a 550 mil milhões de dólares [386 a 462 mil milhões de euros], podiam ser parcialmente colocados à disposição dos países africanos, seja através de um aumento da dotação do Fundo contra a Pobreza e Crescimento, ou para aceder ao mercado de forma mais barata ou para comprar as vacinas todas de que o continente precisa, além de permitir que bancos multilaterais possam ter acesso às verbas", disse Vera Songwe.

Durante a conferência de imprensa no final da 53.ª reunião dos ministérios das Finanças africanos, que decorreu desde terça-feira a partir de Adis Abeba, Vera Songwe explicou que o grande pedido do continente é "aumentar o acesso a liquidez" para estes países.

"Os DES são alocados em função da quota, portanto não recebemos muito, o que pedimos é um empréstimo dos SDR das economias avançadas, que, só considerando o G7 mais a China, recebem 250 mil milhões de dólares [210 mil milhões de euros]", vincou a responsável.

"Estes países já deram um enorme estímulo orçamental à suas economias, e não precisam de ter acesso imediato ao DES, por isso o que pedimos é que estes DES sejam postos à disposição das finanças, seja através do Fundo de alívio da pobreza do FMI, libertando mais recursos para os países menos desenvolvidos, e o segundo pedido é que os DES sejam usados para aceder ao mercado de forma mais rápida e melhor", acrescentou.

A responsável lembrou que 40% do financiamento africano vem dos mercados financeiros, através de emissões de dívida soberana e de empréstimos dos bancos comerciais.

"Ir ao mercado traz um custo muito elevado, muitos países desenvolvidos financiam-se a taxas negativas, mas o Benim, por exemplo, paga quase 7% para ir ao mercado, e nós precisamos de taxas mais baixas", salientou.

Na sessão de perguntas e respostas, Vera Songwe disse ainda que a alocação de DES podia ser usada também "para comprar as vacinas todas de que África precisa, já que o Covax fornece 27% das vacinas, mas é preciso vacinar 70% para ter imunidade de grupo, e o custo das vacinas representa 15 a 30% do PIB de algumas economias".

Por último, na argumentação sobre a transmissão dos DES, a responsável apontou ainda que era importante que alguns bancos multilaterais pudessem ter acesso à nova alocação de fundos, apontando o exemplo do Banco Africano de Desenvolvimento e do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank).

radiosolmansi com Conosaba do Porto

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