Ativistas sociais guineenses criticam o comportamento da maioria da população, que se recusa a usar máscaras ou a respeitar o distanciamento nos mercados, potencial foco de contágio pelo novo coronavírus.
Felismina da Silva é uma destacada ativista de uma organização que trabalha no campo de empoderamento das mulheres e que tem tentado sensibilizar os feirantes do Mercado Anti-Coronavirus, criado no bairro de Ajuda, em Bissau, sobre o uso de máscaras e a necessidade de manter distância adequada no ato de compra e venda de produtos.
Durante uma semana de sensibilização, a equipa de jovens enquadrados por Felismina da Silva depara-se com dificuldades que às vezes resultam em confronto verbal.
Segundo Felismina da Silva, “um ativista foi agredido fisicamente por uma feirante que não quis lavar as mãos antes de entrar no mercado”.
“A senhora reagiu mal ao ser informada pelo nosso ativista de que tinha de lavar as mãos. Deu uma bofetada ao nosso ativista”, disse Felismina da Silva, indicando ser um problema fazer ver às feirantes que de cada vez que entram num portão do mercado têm de lavar as mãos.
Outro problema é o uso das máscaras, que a organização de Felismina da Silva entrega às feirantes e aos clientes, todos os dias, mas que no dia a seguir já ninguém usa.
“Quando se pergunta à pessoa pela máscara a resposta é que esqueceu dela em casa ou nem sabe onde a guardou”, disse Felismina da Silva que quer a polícia no mercado para obrigar que quem frequenta o mercado use a máscara.
Mas, o “maior problema” é o respeito pelo distanciamento entre os utilizadores do Mercado Anti-Coronavirus, assinalou Felismina da Silva, frisando que nem as marcas no chão e nem a fixação das bancas de venda de produtos, a um metro de distância, fazem com que haja a separação dos feirantes.
“Nós marcamos que as pessoas devem ficar a um metro de distância uma da outra, mas isso não está a ser respeitado”, disse a ativista, culpando, sobretudo, os clientes de desrespeito àquela regra que, notou, até é relativamente respeitada pelas mulheres vendedeiras.
Felismina da Silva disse que a sua equipa de sensibilização estava a pensar mudar-se para outro mercado de Bissau, mas, dada à resistência em relação ao uso das máscaras, lavagem das mãos e distanciamento pessoal, os animadores vão permanecer no mercado Anti-Coronavirus por tempo indeterminado.
A Guiné-Bissau tem 257 casos da covid-19, com registo de uma morte, e 19 recuperados da doença.
Conosaba/Lusa
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