Centenas de pessoas estão retidas no arquipélago de São Tomé e Príncipe, após a suspensão de voos da companhia aérea portuguesa TAP, disseram à Lusa fontes do setor do turismo
Ovoo da TAP, que deveria ter partido na quinta-feira, estava cheio, e o voo da transportadora aérea são-tomense, STP Airways, previsto para este sábado, também tem todos os lugares ocupados, adiantaram as mesmas fontes.
Contactada pela agência Lusa, a embaixada portuguesa na capital são-tomense não avançou quantos cidadãos portugueses se encontram nestas condições, adiantando apenas que está a ser feito esse levantamento.
Entre os cidadãos que pretendem regressar a Portugal consta Miguel Yeep, voluntário da organização não-governamental portuguesa Helpo, que trabalha no país em projetos ligados à saúde e educação.
Por causa do novo coronavírus e das medidas impostas pelo Governo, esta ONG decidiu reduzir os seus trabalhos no país.
“Antecipadamente nós decidimos diminuir a nossa intervenção no terreno, ou seja, estamos a fazer uma auto-quarentena, diminuindo o contacto com as pessoas com as quais trabalhamos no terreno”, explicou Miguel Yeep.
Por causa disso pretende regressar a Portugal e para junto da sua família.
“Tenho os meus filhos em Portugal, tenho uma filha que nasceu há dias. Com esta situação toda em Portugal, estou apreensivo, e como pai, quero voltar”, disse.
O cidadão português afirmou concordar com as medidas tomadas pelas autoridades de São Tomé, mas lamentou a “falta de apoio” por parte da TAP.
O cidadão português afirmou concordar com as medidas tomadas pelas autoridades de São Tomé, mas lamentou a “falta de apoio” por parte da TAP.
“Tinha voo para quinta-feira [ontem] ligaram-me na quarta-feira a dizer que já não havia, mas não me deram nenhuma indicação. Soube depois pelas redes sociais que suspenderam os voos para São Tomé até fim de abril”, descreveu.
Indignado, Miguel Yeep lamentou também o que considerou um “aproveitamento de valor” que as companhias aéreas que operam em São Tomé estão a fazer da situação provocada pela covid-19.
“Os voos ficaram caros de repente e acho que numa situação dessas de emergência e de indefinição de tudo, se calhar há um bocado de aproveitamento em termos do valor dos voos”, lamentou, descrevendo que a TAP está a cobrar mil euros para um bilhete de ida para Lisboa, enquanto o custo da viagem pela STP Airways ronda os 900 euros.
Num hotel do grupo português Pestana, na capital são-tomense, um grupo de 37 turistas, incluindo portugueses, aguardavam um voo entre hoje e sábado para deixarem o país, disse hoje à Lusa fonte hoteleira.
“Entre estes turistas encontram-se portugueses, britânicos, franceses e sul-africanos que esperam por um voo fretado para deixarem o hotel”, disse a fonte, adiantando que “ainda não existe precisão do horário de chegada deste voo”.
“Eles estão todos expectantes”, referiu.
Para se evitar a entrada no país e uma eventual propagação do novo coronavírus, responsável pela doença covid-19, o Governo são-tomense adotou um conjunto de medidas que entram em vigor a partir das 18:00 de hoje, incluindo a proibição de cidadãos estrangeiros de entrarem em São Tomé e Príncipe e a obrigatoriedade de nacionais e estrangeiros residentes que regressem ao país cumprirem uma quarentena.
Outra medida é a proibição de aterragem de voos ‘charter’ nos aeroportos das ilhas de São Tomé e do Príncipe e a acostagem de navios de cruzeiro.
A TAP anunciou esta quinta-feira que vai reduzir a sua operação a partir de segunda-feira e até 19 de abril, período durante o qual apenas prevê cumprir 15 dos cerca de 90 destinos que operava, revelou a empresa.
Conosaba/Lusa
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