Bissau,31 Out 18 (ANG) - O Presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira(DSP), em entrevista à RFI em Português, disse ser um “completo absurdo” começar o recenseamento eleitoral de novo conforme exigências de muitos partidos políticos.
Respondendo a pergunta se é possível anular o processo de recenseamento, o líder do PAIGC começou por considerar que esses partidos não se prepararam.
“Isso é um completo absurdo. Sempre disse desde o início que os partidos não se prepararam. São partidos que estão habituados a fazerem uma co-relação entre a sua disponibilidade financeira, a sua capacidade de controlar o acto eleitoral e aquilo que eles esperam ser os resultados.Basta não sentirem esse controlo absoluto da situação, para acharem que as condições não estão reunidas”, disse.
Domingos Simões Pereira considera preocupante a situação de letargia vigente no país há três anos e sustenta que há uma grande diferençaa entre fazer eleições este ano e fazê-las em 2019.
“Temos uma economia que está completamente estagnada. Há uma grande diferença em realizar eleições em 2018 e fazer eleições em 2019, desde logo porque todos os países, normalmente, começam o seu ano fiscal em Janeiro.Quando um país como a Guiné-Bissau, que depende fortemente do apoio internacional e da cooperação internacional, faz as suas eleições em Janeiro tem que compreender que a capacidade de interlocução com os seus principais parceiros fica comprometida.
Pedido para explicar os atrasos no processo de recenseamento, Simões Pereira
disse que o atraso verificado, é, em muitos casos, deliberados e cita exemplos: “quando nós falamos do início do recenseamento, os kits ficaram retidos na Nigéria por mais de um mês. Os próprios técnicos que se deslocaram à Nigéria e que constataram que os kits existiam e que deviam ir para a Guiné-Bissau sentiram-se frustrados e voltaram para a Guiné.
Simões Pereira ainda enumerou várias outras situações que vão de exigências a actos:
“Tivemos partidos, particularmente um partido, o PRS, a exigir recenseamento de raiz, através de métodos biométricos, concessão do cartão no acto de recenseamento. Só se podia começar a recensear quando chegassem todos os kits, por isso é que se começou a falar dos kits.
De outra forma, podia-se começar o recenseamento e depois fazer a impressão conforme as outras alternativas que tinham sido propostas. Gastou-se aí mais de um mês. E, no final, nós estamos a assistir a muitas iniciativas no sentido de bloquear o processo. Eu penso que foi noticiado, dirigentes do PRS que se deslocam às messas de recenseamento para bloquear essa situação”, disse.
Conosaba/ANG/RFI