O
risco é um elemento que existe em todas as actividades da nossa vida.
A actividade bancária, pela sua natureza
específica, implica a exposição da instituição a diversos tipos de riscos.
No contexto bancário, entende-se por
risco a probabilidade de perda, ou seja, o risco pode ser tudo o que impacte no
valor de capital da instituição, podendo ser oriundo de eventos esperados ou
não, razão pela qual o Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) introduziu
no seu quadro regulatório em janeiro 2018 em todo o sistema bancário da União
dois tipos de riscos (Operacional e de Mercado). As autoridades internacionais
lançaram um vasto programa de iniciativas regulatórias abrangendo matérias de
natureza prudencial, contabilística e económica, com vista a reforçar a
capacidade dos bancos absorverem choques em ciclos económicos adversos, melhorar
os seus mecanismos de controlo interno, em particular os relacionados com a
gestão do risco, aumentar a transparência e a qualidadade da informação divulgada,
bem como tornar mais justa e prudente a relação com o cliente.
Globalmente, estas novas regras terão
impacto positivo na resiliência das instituições bancárias, ao contribuirem
para o reforço das almofadas de capital e para a melhoria dos processos de
gestão.
Gerir um banco é constantemente gerir
riscos: o risco de mercado (risco de taxa de juro e risco cambial), o risco de
liquidez, o risco de crédito, o risco operacional, o risco reputacional… A
permanente inclusão dos departamentos de risco, vulgo ‘’risk office’’ e dos
departamentos de ‘’compliance’’ nas estruturas organizacionais dos bancos vem provar
a importância deste tema.
Na Guiné Bissau, nenhum banco dispõe ainda
deste serviço segundo as auscultações feitas nas cinco estruturas (ORABANK, BAO,
BDU, ECOBANK, BANCO ATLANTIQUE). Tudo indica que o ORABANK, instituição onde
trabalho, irá criar um serviço de risco de mercado em janeiro de 2019.
Assumir riscos é importante na atividade
dos serviços financeiros e os riscos de índole operacional são uma consequência
do exercício da atividade. O objetivo de um Banco é alcançar um equilíbrio
entre risco e retorno esperado.
O risco de mercado é, dentre todos os
diferentes riscos que incidem sobre o investimento, o mais percetível aos olhos
do investidor, razão pela qual vai ser muito interessante para o nosso mercado
esta mudança.
O risco de mercado pode ser originado
por diversos eventos:
ü -Mudanças políticas
significativas
ü -Vulnerabilidade
a ataques terroristas
ü - Início de uma guerra
ü - Desastres
naturais
São situações que podem impactar todo o
mercado.
A Guiné-Bissau é um país essencialmente
instável em termos políticos e militares, é um país vulnerável a ataques
terroristas e ao branqueamento de capitais devido à fragilidade do nosso Estado,
significando que todas as características supracitadas encaixam no nosso perfil.
Por isso, temos que inverter este cenário para podermos ter um mercado atrativo
para os investidores.
Somando a isto um panorama de um setor
empresarial muito fragmentado e dependente de financiamento bancário, torna-se
evidente e urgente profissionalizar a gestão de risco do mercado. Neste
ambiente, uma gestão profissionalizada reduz a incerteza e, portanto, limita
significativamente as perdas potenciais.
Os agentes económicos, as famílias, as
empresas, o Estado, todos têm um papel fundamental na economia e no controlo do
risco de mercado. Quando qualquer um destes atores económicos passa por
dificuldades, o risco de contágio aos outros é elevado. Os indicadores
económicos têm revelado um clima desfavorável e temos dados suficientes para
sermos cautelosos quanto ao risco de mercado.
O facto da economia guineense ser
excessivamente dependente da castanha de cajú representa um risco de mercado
enorme. Uma economia altamente dependente de uma única commodity deve ser
urgentemente reorientada para evitar os efeitos nefastos da vulnerabilidade da
volatilidade desta matéria-prima.
Temos uma outra perspetiva que são as
decisões de política monetária dos Estados Unidos, cuja subida das taxas de
juros prejudica os mercados emergentes. Por outro lado, sempre que ocorre uma
alteração ao nível da reserva federal norte americana, os bancos da zona euro também
são afetados com taxas de juros negativas, e isto preocupa-nos porque a Europa
é o nosso mercado privilegiado, com quem mantemos relações comerciais
permanentes, e também pelo facto a nossa moeda (FCFA) ter uma paridade fixa com
o EURO: 1euro=655,957 FCFA.
Apenas
uma contribuição enquanto bancário.
Mestre
Aliu Soares Cassamá
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